30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

aqueles el<strong>em</strong>entos cuja aquisição é necessária para realizar a performance principal.<br />

Os segundos são os objetos com que se entra <strong>em</strong> conjunção ou disjunção na<br />

performance principal”. 63<br />

No que se refere ao texto <strong>em</strong> estudo, po<strong>de</strong>-se afirmar que o valor inscrito no<br />

objeto concreto Europa é o <strong>da</strong> /<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>elhança/, enquanto que h<strong>em</strong>isfério sul<br />

concretiza o objeto-valor /i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>/. Com relação aos objetos mo<strong>da</strong>is, l<strong>em</strong>bra-se<br />

que estes já foram <strong>de</strong>scritos paralelamente à analise <strong>da</strong> sintaxe do nível narrativo.<br />

Viu-se <strong>de</strong> que modo os programas narrativos <strong>de</strong> uso colocaram <strong>em</strong> jogo<br />

valores mo<strong>da</strong>is relativos à aquisição <strong>de</strong> competência. É o sobrenatural que investe<br />

os sujeitos do /po<strong>de</strong>r fazer/ a transformação. No caso <strong>da</strong> península, trata-se do<br />

po<strong>de</strong>r afastar-se do continente europeu, do qual a Ibéria sente-se cultural e<br />

economicamente aparta<strong>da</strong>. Quanto às personagens, esse /po<strong>de</strong>r fazer/ diz respeito<br />

a mu<strong>da</strong>nças radicais na rotina <strong>de</strong> suas vi<strong>da</strong>s. A partir <strong>da</strong> ruptura, os sujeitos passam<br />

então a ser mo<strong>da</strong>lizados pelo /<strong>de</strong>ver fazer/ a performance, isto é, buscar um novo<br />

modo <strong>de</strong> ser no mundo, sob o risco <strong>de</strong> sucumbir às estruturas psíquicas, sociais e<br />

econômicas cristaliza<strong>da</strong>s. Manipulado pelo espírito <strong>de</strong> aventura, esse /<strong>de</strong>ver fazer/<br />

vai tornar-se um /querer fazer/ a <strong>reconstrução</strong> <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> ibérica, individual e<br />

coletiva, a partir do reencontro <strong>de</strong> Portugal e Espanha com seu passado r<strong>em</strong>oto, isto<br />

é, com sua vocação navegadora.<br />

2.5 Sintaxe discursiva<br />

No nível <strong>da</strong> sintaxe discursiva são estu<strong>da</strong>dos basicamente dois aspectos do<br />

texto: aqueles referentes às projeções <strong>da</strong> instância <strong>da</strong> enunciação no enunciado, isto<br />

é, relativos à produção, e os que diz<strong>em</strong> respeito às relações entre enunciador e<br />

enunciatário, que dão conta do processo <strong>de</strong> comunicação.<br />

Segundo Benveniste, “é na linguag<strong>em</strong> e pela linguag<strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong> se<br />

constitui como sujeito” 64 . Por conseqüência, a enunciação é o lugar <strong>de</strong> instauração<br />

63<br />

FIORIN, <strong>José</strong> Luiz. El<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> análise do discurso. 3.ed., São Paulo, Contexto, 1992,<br />

p. 28.<br />

64<br />

BENVENISTE, Émile. Probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> lingüística geral. Trad. Maria <strong>da</strong> Glória Novak e Luiz<br />

Neri. São Paulo, Nacional / EDUSP, 1976, p. 286.<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!