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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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português e espanhol para por<strong>em</strong> a cobro à situação, como se nas<br />

mãos <strong>de</strong>les estivesse o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> realizar tal <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato, como se ser<br />

governo numa península à <strong>de</strong>riva fosse o mesmo que conduzir Dois<br />

Cavalos. 316<br />

Mas a estas os governos ibéricos vão respon<strong>de</strong>r com to<strong>da</strong> a altivez, como se<br />

po<strong>de</strong> notar no trecho abaixo. Repare-se que a afirmação <strong>da</strong> separação ocorre<br />

simultaneamente à negação <strong>da</strong> união com a Europa, “a que já não pertenc<strong>em</strong>os” 317 .<br />

Qu<strong>em</strong> fala é o primeiro-ministro português:<br />

[...] compete-nos, como governo legítimo e constitucional que<br />

somos, rejeitar energicamente as pressões e as ingerências <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a<br />

ord<strong>em</strong> e <strong>de</strong> qualquer proveniência, proclamando à face do mundo que<br />

apenas nos <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong>os guiar pelo interesse nacional e, <strong>de</strong> modo mais<br />

amplo, dos povos e países <strong>da</strong> península, afirmação que posso aqui fazer<br />

solen<strong>em</strong>ente e com inteira segurança, uma vez que os governos <strong>de</strong><br />

Portugal e Espanha têm trabalhado conjuntamente. 318<br />

As possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> conjunção vão-se manifestar aos<br />

poucos na narrativa, <strong>de</strong> acordo com a movimentação <strong>de</strong>sgoverna<strong>da</strong> <strong>da</strong> península<br />

pelo Oceano Atlântico. Quando esta se encontra <strong>em</strong> rota <strong>de</strong> colisão com os Açores,<br />

e entre a população vive-se o pânico generalizado, o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Portugal apela<br />

para a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional. A Europa e os Estados Unidos apressam-se <strong>em</strong><br />

oferecer auxílio. Na América do Norte iniciam-se especulações a respeito do <strong>de</strong>stino<br />

<strong>da</strong> península. Imaginam-se vários tipos <strong>de</strong> final para a aventura a que Espanha e<br />

Portugal estão envolvidos. Para ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les, preparam-se formas diferentes <strong>de</strong><br />

exercer influência e <strong>de</strong> obter benefícios econômicos.<br />

Uma vez que a península <strong>de</strong>svia <strong>da</strong>s ilhas dos Açores e “navega” <strong>em</strong> direção<br />

aos Estados Unidos e ao Canadá, estes países <strong>em</strong> conjunto i<strong>de</strong>alizam a constituição<br />

<strong>de</strong> uma nova comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional, <strong>da</strong> qual Portugal e Espanha seriam<br />

convi<strong>da</strong>dos a participar, observando-se evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente algumas restrições.<br />

316 Ibid<strong>em</strong>, p. 158.<br />

317 Ibid<strong>em</strong>, p. 160.<br />

318 Ibid<strong>em</strong>, p. 161.

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