30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

dialogasse com outra pessoa. O resultado é a expressão mais intensa <strong>da</strong> divisão<br />

interna <strong>da</strong> personag<strong>em</strong>.<br />

Quando as neutralizações <strong>de</strong> oposições ocorr<strong>em</strong> na categoria <strong>de</strong> espaço,<br />

t<strong>em</strong>-se a <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> espacial:<br />

[...] Passaram por uma al<strong>de</strong>ia <strong>em</strong> ruínas chama<strong>da</strong> Fuente Nueva,<br />

se fonte aqui houve envelheceu e secou. 91<br />

No trecho acima, há inicialmente uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> espacial enunciva que<br />

instala um lá (uma al<strong>de</strong>ia) no enunciado. Na referência que se faz a esse mesmo<br />

lugar, verifica<strong>da</strong> logo <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, por meio do uso <strong>da</strong> marca referencial aqui, que diz<br />

respeito ao espaço enunciativo, há uma <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> espacial enunciativa que<br />

neutraliza a oposição categórica lá / aqui. O efeito que se obtém por meio <strong>de</strong>ste<br />

recurso é o <strong>de</strong> aproximação do local <strong>de</strong>scrito e, conseqüent<strong>em</strong>ente, <strong>da</strong> cena<br />

narra<strong>da</strong>, tanto do enunciador quanto do enunciatário<br />

Já a <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> t<strong>em</strong>poral refere-se a neutralizações efetua<strong>da</strong>s na categoria<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, como ocorre no fragmento abaixo:<br />

Ain<strong>da</strong> não clareava quando Joaquim Sassa se levantou [...] Na<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> pratea<strong>da</strong> do olival os troncos começavam a tornar-se visíveis,<br />

havia já [naquele momento] no ar um bafo húmido e impreciso, como se a<br />

manhã estivesse saindo dum poço <strong>de</strong> água nevoenta, e agora cantou um<br />

pássaro, ou foi ilusão auditiva, n<strong>em</strong> as calhandras cantam tão cedo. 92<br />

O que se nota é um <strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>po pretérito já instalado no enunciado,<br />

por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> t<strong>em</strong>poral enunciva. Em segui<strong>da</strong>, esse mesmo t<strong>em</strong>po<br />

enuncivo é referencializado por meio do termo enunciativo agora. Essa suspensão<br />

<strong>da</strong> oposição entre t<strong>em</strong>po enuncivo e t<strong>em</strong>po enunciativo, opera<strong>da</strong> pela <strong>em</strong>breag<strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>poral enunciativa, presentifica para o leitor a cena narra<strong>da</strong>.<br />

91 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p.81.<br />

92 Ibid<strong>em</strong>, p. 62.<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!