A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...
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cin<strong>em</strong>a (Os pássaros e Lassie), à mitologia, à História <strong>de</strong> Portugal e Espanha, a<br />
fatos bíblicos, à linguag<strong>em</strong> popular, que merec<strong>em</strong> estudo específico.<br />
5º) O autor implícito<br />
Referent<strong>em</strong>ente à imag<strong>em</strong> que se po<strong>de</strong> ter do autor implícito, é possível<br />
captar <strong>em</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> a voz <strong>de</strong> um enunciador que clama por justiça social.<br />
A mesma voz é reconheci<strong>da</strong> <strong>em</strong> outras obras <strong>de</strong> <strong>José</strong> Saramago e também nos<br />
artigos e contos escritos pelo autor para jornais e revistas.<br />
6º) Voz e focalização<br />
O narrador instalado no romance é heterodiegético na maior parte <strong>da</strong><br />
narrativa, mas há momentos <strong>em</strong> que, por meio dos recursos <strong>de</strong> <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> e <strong>de</strong><br />
focalização, cria o efeito <strong>de</strong> instalar-se no texto, como se narrasse <strong>de</strong> uma posição<br />
homodiegética. De modo contrário, afasta-se do foco narrativo <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />
situações, abdicando <strong>de</strong> sua própria onisciência. Outro recurso que utiliza é o <strong>de</strong><br />
instalar no texto um hipotético observador interno e narrar a partir <strong>da</strong> perspectiva<br />
<strong>de</strong>ste.<br />
Além <strong>de</strong> narrar a história e <strong>de</strong> estabelecer uma comunicação com o leitor, o<br />
narrador <strong>de</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> indica fontes <strong>de</strong> suas informações, avalia e julga os<br />
fatos narrados. Além disso, organiza a narrativa <strong>de</strong> modo a:<br />
a) criar relações <strong>de</strong> causa e efeito entre os acontecimentos;<br />
b) expressar a sincronici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s ações;<br />
c) contornar os obstáculos <strong>da</strong> lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> t<strong>em</strong>poral;<br />
d) negar informações antes do momento que julga apropriado;<br />
e) antecipar informações sobre fatos a ser<strong>em</strong> relatados posteriormente.<br />
7º) Os modos <strong>de</strong> citação<br />
As citações <strong>em</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> ocorr<strong>em</strong> na maioria <strong>da</strong> vezes <strong>em</strong> discurso<br />
direto. Porém, o leitor t<strong>em</strong> a impressão <strong>de</strong> que o discurso do narrador avança sobre<br />
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