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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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[...] numa povoação do sul <strong>da</strong> Espanha, um hom<strong>em</strong> [...] partiu <strong>da</strong><br />

sua casa para ir à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Grana<strong>da</strong>, dizer aos senhores <strong>da</strong> televisão que<br />

há mais <strong>de</strong> oito dias sentia a terra tr<strong>em</strong>er (p.29). 73<br />

Nota-se, primeiramente, que uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> espacial enunciva estabelece o<br />

ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> “um hom<strong>em</strong>” (que <strong>em</strong> segui<strong>da</strong> saber-se-á tratar-se <strong>de</strong><br />

Pedro Orce), personag<strong>em</strong> esta que, por sua vez, é instaura<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>breag<strong>em</strong> actancial enunciva. Em segui<strong>da</strong> há outra <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> espacial enunciva<br />

que instaura o local para on<strong>de</strong> a personag<strong>em</strong> se locomove e on<strong>de</strong> seu ato <strong>de</strong> dizer<br />

irá se <strong>de</strong>senrolar. No conteúdo <strong>da</strong> fala <strong>da</strong> personag<strong>em</strong>, reporta<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong><br />

discurso indireto, informa-se a ocorrência durativa no t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado fato, a<br />

partir <strong>de</strong> um marco t<strong>em</strong>poral pretérito instituído no romance: o momento <strong>em</strong> que<br />

surgiram os primeiros sinais <strong>de</strong> rompimento dos Pireneus.<br />

personag<strong>em</strong>:<br />

Vejam-se agora os trechos que marcam a entra<strong>da</strong> <strong>em</strong> cena <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

73<br />

A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 29.<br />

74<br />

Ibid<strong>em</strong>, p. 7.<br />

75<br />

Ibid<strong>em</strong>, p. 11.<br />

Quando Joana Car<strong>da</strong> riscou o chão com a vara <strong>de</strong> negrilho, todos<br />

os cães <strong>de</strong> Cerbère começaram a ladrar lançando <strong>em</strong> pânico e terror os<br />

habitantes, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os t<strong>em</strong>pos mais antigos se acreditava que, ladrando<br />

ali animais caninos que s<strong>em</strong>pre tinham sido mudos, estaria o mundo<br />

universal próximo <strong>de</strong> extinguir-se. 74<br />

[...] nesta praia do norte [<strong>de</strong> Portugal] Joaquim Sassa segura uma<br />

<strong>pedra</strong>, tão pesa<strong>da</strong> que já as mãos lhe cansam [...] atirou a <strong>pedra</strong>, contava<br />

que ela caísse distante poucos passos [...] mas [...] a <strong>pedra</strong> subiu ao ar,<br />

<strong>de</strong>sceu e bateu na água <strong>de</strong> chapa, com o choque tornou a subir, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong><br />

voo ou salto, e outra vez baixou, e subiu, enfim afundou-se ao largo [...]<br />

Como foi isto, pensou perplexo Joaquim Sassa, como foi que eu, <strong>de</strong> tão<br />

poucas forças naturais, lancei tão longe <strong>pedra</strong> tão pesa<strong>da</strong>. 75<br />

Diria Pedro Orce, se tanto ousasse, que a causa <strong>de</strong> tr<strong>em</strong>er a terra<br />

foi ter batido com os pés no chão quando se levantou <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira, forte<br />

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