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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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Os pronomes pessoais oblíquos, <strong>em</strong> suas variantes átonas e tônicas, tanto no<br />

singular como no plural exprim<strong>em</strong> a pessoa <strong>em</strong> função <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>ento. Tome-se<br />

um ex<strong>em</strong>plo:<br />

[...] Uma pessoa habitua-se a tudo, os povos ain<strong>da</strong> com mais<br />

facili<strong>da</strong><strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z, afinal é como se agora viajáss<strong>em</strong>os num imenso<br />

barco, tão gran<strong>de</strong> que até seria possível viver nele o resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> s<strong>em</strong> lhe<br />

ver proa ou popa, barco não era a península quando ain<strong>da</strong> estava agarra<strong>da</strong><br />

à Europa e já muita era a gente que <strong>de</strong> terra só conhecia aquela <strong>em</strong> que<br />

nascera, digam-me então, por favor, on<strong>de</strong> está a diferença. 133<br />

Além <strong>de</strong> incluir-se na situação narrativa por meio do uso do nós exclusivo<br />

(viajáss<strong>em</strong>os), o narrador reforça a marca <strong>da</strong> enunciação por meio do pronome<br />

obliquo me. Como ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> pronome oblíquo no plural, <strong>de</strong>staca-se o trecho<br />

abaixo. Repare-se como o narrador está presente nos acontecimentos narrados:<br />

[...] Mas <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s casas as luzes já estão acesas, ouv<strong>em</strong>-se<br />

vozes calmas, <strong>de</strong> gente cansa<strong>da</strong>, um choro discreto no berço, <strong>em</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

os povos são inconscientes, lançam-nos numa janga<strong>da</strong> ao mar e<br />

continuam a tratar <strong>da</strong>s vi<strong>da</strong>s como se estivess<strong>em</strong> numa terra firme para<br />

todo o s<strong>em</strong>pre (p.57). 134<br />

Os pronomes possessivos adjetivos são uma variante morfológica dos<br />

pronomes pessoais, quando estes são interpretados como possuidores <strong>de</strong> algo;<br />

expressam, portanto, uma relação <strong>de</strong> apropriação entre uma pessoa (o possuidor) e<br />

um objeto (o possuído). Quando o possessivo acompanha substantivo concreto,<br />

significa posse, como expressa o discurso direto representativo do pensamento <strong>de</strong><br />

Maria Guavaira a respeito <strong>de</strong> seu encontro com Joaquim Sassa:<br />

133 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 132.<br />

134 Ibid<strong>em</strong>, p. 57.<br />

[...] e o Cão veio não se sabe don<strong>de</strong> juntar estas pessoas, E mais<br />

que aos outros me juntou a ti, puxei o fio e vieste até à minha porta, até à<br />

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