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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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enunciação enuncia<strong>da</strong> que fornece os el<strong>em</strong>entos necessários para que se possa<br />

melhor apreen<strong>de</strong>r a carga <strong>de</strong> significação resultante <strong>da</strong> forma <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

actante do discurso, carga esta que se configura como uni<strong>da</strong><strong>de</strong> constitutiva do todo<br />

<strong>de</strong> significação que é o texto.<br />

Os mecanismos <strong>de</strong> instauração <strong>da</strong>s categorias <strong>de</strong> pessoa, espaço e t<strong>em</strong>po no<br />

enunciado são dois: a <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> e a <strong>em</strong>breag<strong>em</strong>.<br />

Debreag<strong>em</strong> é a operação pela qual a instância <strong>da</strong> enunciação disjunge e<br />

projeta fora <strong>de</strong> si, no ato <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e com vistas à manifestação, certos termos<br />

ligados à sua estrutura <strong>de</strong> base, para assim constituir o enunciado-discurso. 69<br />

Tendo <strong>em</strong> vista que a enunciação é o lugar do “eu-aqui-agora”, isto é, a instância <strong>em</strong><br />

que as categorias <strong>de</strong> pessoa, espaço e t<strong>em</strong>po encontram-se <strong>em</strong> estado <strong>de</strong><br />

sincretismo, há uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> actancial, uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> espacial e uma<br />

<strong>de</strong>breag<strong>em</strong> t<strong>em</strong>poral.<br />

Como nenhum eu, aqui, ou agora inscritos no enunciado são <strong>de</strong> fato a<br />

pessoa, o espaço e o t<strong>em</strong>po <strong>da</strong> enunciação, que ficam s<strong>em</strong>pre implícitos e<br />

pressupostos, a <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> consiste, num primeiro momento, <strong>em</strong> disjungir do<br />

sujeito, do espaço e do t<strong>em</strong>po <strong>da</strong> enunciação e <strong>em</strong> projetar no enunciado um não-<br />

eu, um não-aqui e um não-agora.<br />

Há dois tipos b<strong>em</strong> distintos <strong>de</strong> <strong>de</strong>breag<strong>em</strong>: a <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa e a<br />

<strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciva.<br />

A <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa é aquela por meio <strong>da</strong> qual se instalam no enunciado<br />

os actantes <strong>da</strong> enunciação (eu / tu), o espaço <strong>da</strong> enunciação (aqui) e o t<strong>em</strong>po <strong>da</strong><br />

enunciação (agora). Reunindo as três instâncias, a <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa é aquela<br />

<strong>em</strong> que o não-eu, o não-aqui e o não-agora são enunciados como eu, aqui, agora.<br />

[...] lá <strong>em</strong>baixo se tinham juntado Maria Guavaira e Joaquim Sassa,<br />

os t<strong>em</strong>pos mu<strong>da</strong>ram muito, agora é encher, atar e pôr ao fumeiro, se me é<br />

permiti<strong>da</strong> a grosseira, plebeia e arcaica comparação (p.185). 70<br />

69 GREIMAS, Algir<strong>da</strong>s Julien e COURTÉS, Joseph. Dicionário <strong>de</strong> s<strong>em</strong>iótica. Trad. Alceu<br />

Dias Lima et alii., São Paulo, Cultrix, s.d., p. 95.<br />

70 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 185.<br />

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