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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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Em A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> o que se t<strong>em</strong>, no que diz respeito às transformações<br />

<strong>de</strong> estado, tanto do sujeito coletivo quanto do individual, é a relação <strong>de</strong><br />

pressuposição unilateral (PN2 ← PN1), reconheci<strong>da</strong> na s<strong>em</strong>iótica narrativa como<br />

aquela que se estabelece entre o programa narrativo <strong>de</strong> base − que concerne ao<br />

objetivo final (PN1) – e um programa narrativo <strong>de</strong> uso − percebido como meio para<br />

um fim visado (PN2). Programa narrativo <strong>de</strong> base e programa narrativo <strong>de</strong> uso são<br />

<strong>de</strong>nominados respectivamente <strong>de</strong> PN <strong>de</strong> performance e PN <strong>de</strong> competência. Assim,<br />

se a Península Ibérica objetiva como performance a busca <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />

conjunção, no caso com os continentes do h<strong>em</strong>isfério sul, ela precisa antes <strong>de</strong> mais<br />

na<strong>da</strong> adquirir a competência para tal, ou seja, entrar <strong>em</strong> disjunção com a Europa, o<br />

que po<strong>de</strong> ser visualizado <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

PN2 = F2 {Península → (Península ∪ Europa)} ← PN1 = F1 {Península → (Península ∩ H<strong>em</strong>isfério Sul)}<br />

A mesma relação se verifica no processo <strong>de</strong> transformação dos enunciados<br />

<strong>de</strong> estado relativos às personagens: a entra<strong>da</strong> <strong>em</strong> disjunção <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las com<br />

os padrões <strong>de</strong> comportamento socialmente aceitos configura-se como a condição<br />

sine qua non para o estabelecimento <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> relacionamento com as<br />

outras pessoas e com a própria vi<strong>da</strong>.<br />

PN2=F2 {personagens→(personagens ∪ v. tradicionais)} ← PN1=F1 {personagens →(personagens ∩ novos valores)}<br />

Leia-se o que diz Joana Car<strong>da</strong> a <strong>José</strong> Anaiço, Pedro Orce e Joaquim Sassa<br />

quando estes chegam ao lugar on<strong>de</strong> ela havia traçado o risco no chão:<br />

25 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 139.<br />

[...] Se fui a Lisboa procurá-los, não terá sido tanto por causa dos<br />

insólitos a que estão ligados, mas porque os vi como pessoas separa<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> lógica aparente do mundo, e assim precisamente me sinto eu, teria<br />

sido uma <strong>de</strong>silusão se não tivess<strong>em</strong> vindo comigo até aqui, mas vieram,<br />

po<strong>de</strong> ser que alguma coisa ain<strong>da</strong> tenha sentido, ou volte a tê-lo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> o ter perdido todo, agora acompanh<strong>em</strong>-me. 25<br />

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