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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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presunção a sua, se não nossa, que levianamente estamos duvi<strong>da</strong>ndo, se<br />

ca<strong>da</strong> pessoa <strong>de</strong>ixa no mundo ao menos um sinal, este po<strong>de</strong>ria ser o <strong>de</strong><br />

Pedro Orce por isso <strong>de</strong>clara, Pus os pé no chão e a terra tr<strong>em</strong>eu. 76<br />

[...] um hom<strong>em</strong> atravessava uma planície inculta, <strong>de</strong> mato e<br />

ervaçais, ia por carreiros e caminhos entre árvores [...] e por cima <strong>de</strong>le,<br />

voando com inaudito estrépito, acompanhava-o um bando <strong>de</strong> estorninhos,<br />

tantos que faziam uma nuv<strong>em</strong> escura e enorme, como <strong>de</strong> t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>.<br />

Quando ele parava, os estorninhos ficavam a voar <strong>em</strong> círculo ou <strong>de</strong>sciam<br />

fragorosamente sobre uma árvore [...] Recomeça a an<strong>da</strong>r <strong>José</strong> Anaiço, era<br />

este o seu nome, e os estorninhos levantavam-se <strong>de</strong> rompão, todos ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po, vruuuuuuuuuu. 77<br />

Maria Guavaira [...] subiu ao sótão <strong>da</strong> casa e encontrou um pé-<strong>de</strong>-<br />

meia velho [...] pôs-se a <strong>de</strong>sfazer-lhe as malhas [...] Passou uma hora e<br />

outra, e o longo fio <strong>de</strong> lã azul não pára <strong>de</strong> cair, porém o pé-<strong>de</strong>-meia parece<br />

não diminuir <strong>de</strong> tamanho, não bastavam os quatro enigmas já falados. 78<br />

O narrador, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>breagens actanciais, elabora <strong>de</strong>breagens espaciais e<br />

t<strong>em</strong>porais enuncivas específicas a ca<strong>da</strong> situação narra<strong>da</strong>. Também no nível coletivo,<br />

são as <strong>de</strong>breagens que dão conta <strong>da</strong> instalação dos actantes e dos espaços<br />

enuncivos.<br />

[...] É que [...] chegou o momento <strong>de</strong> dizer, agora chegou, que a<br />

Península Ibérica se afastou <strong>de</strong> repente, to<strong>da</strong> por inteiro e por igual, <strong>de</strong>z<br />

súbitos metros, qu<strong>em</strong> me acreditará. 79<br />

Mãe amorosa, a Europa afligiu-se com a sorte <strong>da</strong>s suas terras<br />

extr<strong>em</strong>as, a oci<strong>de</strong>nte (p.31). 80<br />

A época do ano <strong>em</strong> que se passa a história conta<strong>da</strong> <strong>em</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> é<br />

conheci<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> t<strong>em</strong>poral enunciva:<br />

76 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 13.<br />

77 Ibid<strong>em</strong>, p. 14.<br />

78 Ibid<strong>em</strong>, p. 16.<br />

79 Ibid<strong>em</strong>, p. 34.<br />

80 Ibid<strong>em</strong>, p. 31.<br />

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