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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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Já a focalização interna se dá quando o ponto <strong>de</strong> vista a partir do qual a<br />

história é narra<strong>da</strong> pertence a uma personag<strong>em</strong>, o que normalmente resulta na<br />

restrição dos el<strong>em</strong>entos informativos a relatar, <strong>em</strong> função <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conhecimento <strong>de</strong>ssa personag<strong>em</strong>. Neste caso, o narrador sabe mais que essa<br />

personag<strong>em</strong>, porém não o diz <strong>em</strong> razão <strong>da</strong> perspectiva limita<strong>da</strong> pela qual a cena é<br />

compreendi<strong>da</strong>. Pouco utilizado no texto <strong>em</strong> estudo, esse tipo <strong>de</strong> focalização po<strong>de</strong><br />

ser ilustrado por uma passag<strong>em</strong> <strong>em</strong> que Pedro Orce narra a batalha <strong>de</strong> Villalar,<br />

ocorri<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1521.<br />

sabê-lo [...].<br />

Que histórias <strong>de</strong> Villalar conhece Pedro Orce vamos agora<br />

[...] Ora essa batalha, explicou Pedro Orce, foi quando as<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Espanha se levantaram contra o imperador Carlos<br />

Quinto [...]. 205<br />

Mas o narrador, <strong>em</strong> algumas vezes, instala na narrativa um hipotético<br />

observador interno, que não se trata <strong>de</strong> nenhuma <strong>da</strong>s personagens principais, para<br />

<strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> possíveis outras interpretações que <strong>de</strong>terminados fatos pod<strong>em</strong> suscitar,<br />

se for<strong>em</strong> analisados do ponto <strong>de</strong> vista justamente <strong>de</strong>sse observador. Repare-se:<br />

[...] Pedro Orce afirma que a terra não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> tr<strong>em</strong>er, Agora<br />

mesmo a sinto, e esten<strong>de</strong>u a mão num gesto d<strong>em</strong>onstrativo. Movidos pela<br />

curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>José</strong> Anaíço e Joaquim Sassa tocaram a mão que se<br />

d<strong>em</strong>orava, e sentiram, oh s<strong>em</strong> nenhuma dúvi<strong>da</strong> sentiram, o tr<strong>em</strong>or [...].<br />

Um observador que estivesse olhando <strong>de</strong> longe imaginaria que<br />

os três homens juraram um compromisso qualquer. É certo que por um<br />

momento os três homens juraram um compromisso qualquer, na<strong>da</strong> mais. 206<br />

A focalização interna po<strong>de</strong> ser fixa, múltipla ou variável. É fixa quando apenas<br />

uma personag<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha o papel <strong>de</strong> observador. A focalização interna múltipla<br />

ocorre quando o mesmo fato é apreendido a partir do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> diferentes<br />

205 Ibid<strong>em</strong>, p.265.<br />

206 Ibid<strong>em</strong>, p.79.<br />

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