30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

actancial, t<strong>em</strong>poral e espacial. No que se refere à sist<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> uma tipologia<br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>breagens, reconhec<strong>em</strong>-se tipos <strong>de</strong> <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> correlatos aos <strong>da</strong> <strong>de</strong>breag<strong>em</strong>,<br />

como <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> enunciva e <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa; <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> <strong>de</strong> primeiro<br />

grau, que visa ao retorno à instância <strong>da</strong> enunciação, e <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> <strong>de</strong> segundo grau<br />

− ou interna −, que se efetua no interior do discurso quando o sujeito visado já está<br />

aí instalado.<br />

A <strong>em</strong>breag<strong>em</strong> actancial diz respeito à neutralização <strong>da</strong> categoria <strong>de</strong> pessoa:<br />

[...]Pedro Orce disse, Por minha causa corr<strong>em</strong>os riscos,<br />

voltamos para trás, mas Maria Guavaira respon<strong>de</strong>u, Continuamos, está<br />

aí o cão que nos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, Um cão não po<strong>de</strong> fazer frente a uma<br />

alcateia, l<strong>em</strong>brou Joaquim Sassa, Este po<strong>de</strong>, e, por muito<br />

extraordinário que o caso pareça a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>stas matérias saiba mais<br />

que o narrador (p.281). 89<br />

No trecho acima, o que se nota formalmente é uma <strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciva, que<br />

instala no enunciado um ele: “o narrador”. Porém, como é o próprio narrador qu<strong>em</strong><br />

realiza a <strong>de</strong>breag<strong>em</strong>, esta se encontra compl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong> pelo conjunto <strong>de</strong><br />

procedimentos chamado <strong>em</strong>breag<strong>em</strong>, que visa a produzir um efeito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />

entre o sujeito do enunciado e o sujeito <strong>da</strong> enunciação.<br />

Em outras palavras, o ele (narrador) instalado no enunciado significa eu<br />

(narrador). Dessa forma, o que se po<strong>de</strong> pressupor, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, é que uma<br />

<strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa (instalação <strong>de</strong> um eu) prece<strong>de</strong>u a uma <strong>em</strong>breag<strong>em</strong><br />

enunciva, cujo efeito produzido é a neutralização <strong>da</strong> oposição categórica eu / ele,<br />

permitindo com que o ele enunciado recubra a instância <strong>da</strong> enunciação e possa ser<br />

compreendido como eu.<br />

Com esse procedimento, <strong>de</strong>nega-se o enunciado. Isto é, por meio <strong>da</strong><br />

<strong>em</strong>breag<strong>em</strong> enunciva, que formaliza o actante <strong>da</strong> enunciação como um ele, há uma<br />

volta à instância pressuposta pela própria existência do enunciado, que é a<br />

<strong>de</strong>breag<strong>em</strong> enunciativa implícita (instalação do eu), ou seja, uma volta à enunciação<br />

enuncia<strong>da</strong>.<br />

89 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 281.<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!