A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...
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4. S<strong>em</strong>ântica discursiva<br />
T<strong>em</strong>atização e figurativização<br />
Envere<strong>da</strong>ndo-se agora a análise pela s<strong>em</strong>ântica discursiva, po<strong>de</strong>-se afirmar<br />
que a construção progressiva <strong>da</strong> significação <strong>de</strong> um texto torna-se possível não<br />
somente pelo quadro narrativo que coman<strong>da</strong> certas relações, mas também por uma<br />
organização <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do conteúdo que coman<strong>da</strong> outras relações, no nível<br />
discursivo. A essas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do conteúdo que serv<strong>em</strong> para qualificar os papéis<br />
actanciais e as funções que eles preench<strong>em</strong> dá-se o nome <strong>de</strong> figuras.<br />
Figura, para a S<strong>em</strong>iótica, é todo conteúdo <strong>de</strong> qualquer língua ou <strong>de</strong> qualquer<br />
sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> representação que t<strong>em</strong> um correspon<strong>de</strong>nte perceptível no mundo<br />
natural. “A figura é uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdo estável <strong>de</strong>finido pelo seu núcleo<br />
permanente do qual as virtuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s se realizam diversamente segundo os<br />
contextos.” 227<br />
Quando se toma <strong>em</strong> análise um texto figurativo, é necessário i<strong>de</strong>ntificar o<br />
t<strong>em</strong>a subjacente às figuras ali <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>s, pois para que estas tenham sentido<br />
precisam ser a concretização <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>a, que, por sua vez, é o revestimento <strong>de</strong> um<br />
esqu<strong>em</strong>a narrativo. T<strong>em</strong>a é um investimento s<strong>em</strong>ântico <strong>de</strong> natureza puramente<br />
conceitual. Os t<strong>em</strong>as são categorias que organizam, categorizam, or<strong>de</strong>nam os<br />
el<strong>em</strong>entos do mundo natural. Assim, t<strong>em</strong>atização e figurativização são dois níveis<br />
<strong>de</strong> concretização do sentido. Todos os textos t<strong>em</strong>atizam o nível narrativo e <strong>de</strong>pois<br />
esse nível t<strong>em</strong>ático po<strong>de</strong>rá ou não ser figurativizado. 228<br />
Quando se estabelece uma relação fixa entre uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> figura e um<br />
<strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>a, t<strong>em</strong>-se um processo <strong>de</strong> simbolização. Porém, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um texto,<br />
as figuras estabelec<strong>em</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações a que se dá o nome <strong>de</strong> percurso<br />
figurativo. Para que o enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> figuras ganhe um sentido, é necessário que<br />
a este esteja subjacente um t<strong>em</strong>a.<br />
227<br />
GROUPE d’Entrevernes. Analyse sémiotique <strong>de</strong>s textes. 6ª ed., Lyon, Presses Universitaires<br />
<strong>de</strong> Lyon, 1988, p.91.<br />
228<br />
FIORIN, <strong>José</strong> Luiz. El<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> análise do discurso. 3ª ed., São Paulo, Contexto, 1992,<br />
pp.64-9.<br />
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