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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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Algumas vezes, são as próprias personagens que, por iniciativa própria,<br />

<strong>de</strong>ixam seus lugares <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> e part<strong>em</strong> <strong>em</strong> busca umas <strong>da</strong>s outras. É Joaquim<br />

Sassa, por ex<strong>em</strong>plo, que vai atrás <strong>de</strong> Pedro Orce. Outras vezes, é a influência <strong>de</strong><br />

uma personag<strong>em</strong> que faz a outra mover-se: <strong>José</strong> Anaiço acompanha Joaquim<br />

Sassa à Espanha; por sugestão <strong>de</strong> Pedro Orce, os três vão ver Gibraltar. Na volta, o<br />

farmacêutico <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> seguir com os portugueses para Portugal. Também <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>libera<strong>da</strong>, Joana Car<strong>da</strong> abandona o hom<strong>em</strong> com qu<strong>em</strong> vive <strong>em</strong> Coimbra e vai<br />

morar <strong>em</strong> Ereira, na casa <strong>de</strong> parentes. De lá, viaja a Lisboa, atraí<strong>da</strong> pelas notícias<br />

que lhe chegam sobre um bando <strong>de</strong> estorninhos, e retorna ao ponto <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>,<br />

levando consigo os três homens que conhecera ao local <strong>em</strong> que havia feito um risco<br />

no chão. Ali é o cão que passa a guiá-los até a Galícia, on<strong>de</strong> encontrarão Maria<br />

Guavaira. O que os faz retirar<strong>em</strong>-se do litoral, primeiramente, é a iminência <strong>de</strong> um<br />

choque <strong>da</strong> península com os Açores; <strong>em</strong> segundo lugar, é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver a<br />

rachadura dos Pireneus.<br />

O que se preten<strong>de</strong> marcar com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>stes sucessivos <strong>de</strong>slocamentos<br />

<strong>da</strong>s personagens é que, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong> modo particular um e outro ator <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penh<strong>em</strong><br />

por vezes o papel actancial <strong>de</strong> sujeito do fazer <strong>da</strong> transformação − conjuntiva ou<br />

disjuntiva − pela qual passam outros atores na posição sintática (actancial) <strong>de</strong> sujeito<br />

<strong>de</strong> estado, no âmbito geral <strong>da</strong> narrativa, tanto no PN <strong>de</strong> performance quanto no PN<br />

<strong>de</strong> competência, as personagens englobam os papéis actancias <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> estado<br />

e <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> fazer, uma vez que se mov<strong>em</strong> por auto<strong>de</strong>terminação. O mesmo se<br />

dá com a Península Ibérica, que é movi<strong>da</strong> por um fazer reflexivo, evi<strong>de</strong>nciado pelas<br />

seguintes formas verbais utiliza<strong>da</strong>s:<br />

[...] Quando se tornou patente e insofismável que a Península<br />

Ibérica se tinha separado por completo <strong>da</strong> Europa, assim já se ia dizendo,<br />

Separou-se. 26<br />

A península separou-se <strong>da</strong> Europa e a esta, conforme visto, não se irá unir<br />

novamente até o final <strong>da</strong> narrativa, quando estará volta<strong>da</strong> para o Sul. As<br />

personagens também se separaram do convívio com suas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> e<br />

26 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p.38.<br />

23

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