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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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espíritos “mo<strong>de</strong>rnos” 161 , dá ao leitor uma preocupação dupla: além <strong>de</strong> tentar<br />

compreen<strong>de</strong>r o texto no seu conteúdo, terá <strong>de</strong>, por uma ginástica visual,<br />

procurar o sujeito do verbo num mar <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entos. 162<br />

Também as personagens cria<strong>da</strong>s pelo autor apresentam alguns traços <strong>de</strong><br />

s<strong>em</strong>elhança entre si. Segundo escreve Viana, no jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

[...] é o hom<strong>em</strong> assustado, porém firme no sonho, que marca a<br />

obra <strong>de</strong> <strong>José</strong> Saramago, no teatro e na literatura. Seu personag<strong>em</strong><br />

central é s<strong>em</strong>pre o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>slocado num mundo que corre ca<strong>da</strong> vez<br />

mais rápido. 163<br />

Compare-se o que diz o crítico ao seguinte trecho <strong>de</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>:<br />

Continua Viana:<br />

[Joaquim Sassa, <strong>José</strong> Anaíço e Pedro Orce] Estão sentados no<br />

chão, no meio <strong>de</strong>les ouve-se a voz fanhosa <strong>de</strong> um rádio que já <strong>de</strong>ve ter as<br />

pilhas cansa<strong>da</strong>s, e o que está dizendo o locutor é isto, De acordo com as<br />

últimas medições, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação <strong>da</strong> península estabilizou-<br />

se à ro<strong>da</strong> dos setecentos e cinquenta metros por hora, mais ou menos<br />

<strong>de</strong>zoito quilómetros por dia, não parece muito mas se fizermos contas<br />

miú<strong>da</strong>s, quer dizer aquilo que <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> minuto nos afastamos doze<br />

metros e meio <strong>da</strong> Europa, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong>vamos evitar cair <strong>em</strong> alarmismos<br />

dissolventes, a situação é realmente <strong>de</strong> preocupar (p.45). 164<br />

Ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com tanta garra sua integri<strong>da</strong><strong>de</strong>, o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

Saramago acaba por per<strong>de</strong>r-se. Quando resolve ce<strong>de</strong>r um pouquinho já é<br />

tar<strong>de</strong> d<strong>em</strong>ais. Resta-lhe o apoio <strong>da</strong> mulher, a companheira que Saramago<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>senha com traços fortes, mais lúci<strong>da</strong> que o protagonista<br />

masculino, quase um farol no meio <strong>da</strong> t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong> <strong>em</strong> alto-mar. 165<br />

161<br />

Aspas do autor.<br />

162<br />

Letras & Letras: http://www.ipn.pt/literatura/letras/crit008.htm<br />

163<br />

Ca<strong>de</strong>rno 2, 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998.<br />

164<br />

A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 45.<br />

165<br />

Ca<strong>de</strong>rno 2, 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998.<br />

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