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Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP

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Apesar dessa ser tentativa um <strong>do</strong>s principais usos sociais <strong>do</strong> erotismo, ou seja,<br />

de papel para servir às batalhas separatistas da individualização. Como confirma<br />

Bauman (2008), a cultura pós-moderna elogia os deleites de sexo e valoriza a significância<br />

erótica em to<strong>do</strong> objeto, ou seja, o indivíduo apesar de buscar a transcendência,<br />

volta-se sempre à satisfação <strong>do</strong>s prazeres individuais (Sei que, como aliás to<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, já fiz muitos boquétes e boquêtes nesta vida, e quiçá em outras) e ig<strong>no</strong>ra que<br />

somos ao mesmo tempo sujeitos e objetos de desejo, pois “nenhum encontro erótico<br />

é concebível sem que os parceiros assumam ambos os papéis, às vezes fundin<strong>do</strong>-se<br />

em um só” (Bauman, 2008: 297).<br />

Para finalizar, é possível afirmar que as diversas formas figurativas e temáticas<br />

de revestimento semântico <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r e enunciatário correspondem a posições<br />

enunciativas que remetem à profissão ou lugar social favorecen<strong>do</strong> ora interpretações<br />

imediadas ora hipermediadas para legitimar o estatuto <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r como ser que<br />

deseja a previsibilidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, bem como sua estabilidade temporal e espacial<br />

frente a acontecimentos dramáticos que revelam a complexidade humana.<br />

Ao empregar mecanismos de actorialização que compõem a cena genérica <strong>do</strong>s<br />

diários por <strong>meio</strong> de debreagens, enuncia<strong>do</strong>r e enunciatário articulam um mo<strong>do</strong><br />

de enunciação específico às práticas discursivas de ambos. A essa estratégia também<br />

podem ser integradas as apropriações de provérbios, emprego de ironia, aspas,<br />

slogans e discurso direto e indireto para empreender um estilo (ethos) dialógico e<br />

polifônico, porém encoberto por efeitos de senti<strong>do</strong> de subjetividade que levam o<br />

enunciatário a formar uma imagem corporificada de um enuncia<strong>do</strong>r singular, proprietário<br />

autoral <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s posta<strong>do</strong>s.<br />

Dessas articulações discursivas são depreendi<strong>do</strong>s os processos de identificação<br />

promovi<strong>do</strong>s pelo labirinto <strong>do</strong> ciberespaço, favorecen<strong>do</strong> a criação e recriação de simulacros<br />

de realidade entre enuncia<strong>do</strong>r e enunciatário, uma vez que, <strong>no</strong>s diários<br />

virtuais <strong>íntimos</strong>, o discurso é sempre influencia<strong>do</strong> pelo discurso <strong>do</strong> outro de acor<strong>do</strong><br />

com a competência discursiva que cada espaço <strong>do</strong> sistema de restrições semânticas<br />

engendra.<br />

144 | BLOgS ÍNtIMOS: PERCuRSOS DE SENtIDO NO CONtEXtO DISCuRSIVO DO MEIO DIgItAL

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