Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP
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INTRODuçãO<br />
De uma cultura audiovisual, cuja apreensão se baseia <strong>no</strong>s <strong>meio</strong>s de comunicação<br />
como análogos aos senti<strong>do</strong>s huma<strong>no</strong>s, para uma cultura digital de organização<br />
<strong>do</strong> imaginário, a sociedade passa por mudanças, tornan<strong>do</strong> imprescindível entender<br />
as linguagens tec<strong>no</strong>lógicas para alcançar a compreensão a respeito dessa <strong>no</strong>va forma<br />
de articulação. Da mundialização <strong>do</strong> globo terrestre à transformação da informação<br />
em um capital gera<strong>do</strong>r de lucro, passan<strong>do</strong> pelo desenvolvimento das tec<strong>no</strong>logias digitais,<br />
como são chamadas a cibernética e a informática ao longo <strong>do</strong> século XX, <strong>no</strong>vas<br />
ordenações podem ser identificadas a alterações na forma com a qual o homem<br />
se relaciona com o mun<strong>do</strong> material e em seus padrões de percepção e abstração da<br />
realidade.<br />
Os blogs, também chama<strong>do</strong>s de weblogs, objetos de estu<strong>do</strong> da pesquisa em questão,<br />
são um fenôme<strong>no</strong> integrante das <strong>no</strong>vas ordenações da sociedade devi<strong>do</strong> à informatização<br />
integran<strong>do</strong> as Tec<strong>no</strong>logias da Informação e Comunicação (TICs), que<br />
fazem parte da vida de inúmeras pessoas, transforman<strong>do</strong> os mo<strong>do</strong>s de comunicar.<br />
A utilização da rede mundial de computa<strong>do</strong>res estabelece um importante fator de<br />
agregação e comunicação, sen<strong>do</strong> constituída por ferramentas como os comunica<strong>do</strong>res<br />
instantâneos, os websites e o e-mail. De acor<strong>do</strong> com Moraes (2003: 191),<br />
(...) vivemos uma mudança de paradigma comunicacional. Do gabarito midiático<br />
evoluímos para o multimidiático ou multimídia, sob o sig<strong>no</strong> da digitalização. A linguagem<br />
digital única forja a base material para a hibridação das infra-estruturas de<br />
transmissão de da<strong>do</strong>s, imagens e sons.<br />
Toma<strong>do</strong>s como experiência de reconhecimento social, os blogs são parte importante<br />
desse processo; <strong>no</strong> entanto, diferenciam-se das dinâmicas <strong>do</strong>s <strong>meio</strong>s de comunicação<br />
de massa, que se destacam pela unidirecionalidade da informação. Eles<br />
integram as mídias digitais, entre elas, a Internet, que favorecem a descentralização<br />
<strong>do</strong>s fluxos: “a revolução da tec<strong>no</strong>logia da informação e a reestruturação <strong>do</strong> capitalismo<br />
introduziram uma <strong>no</strong>va forma de sociedade, a sociedade em rede” (Castells,<br />
2008:17). Essas redes interativas de comunicação estruturam uma <strong>no</strong>va geografia<br />
de conexões e sistemas e delas resulta o mun<strong>do</strong> “virtual” e o que hoje chamamos<br />
de cibercultura.<br />
Se, <strong>no</strong> início <strong>do</strong> século XX, são introduzidas a telefonia, a radiotelegrafia, a radiotelefonia,<br />
a radiodifusão, a fo<strong>no</strong>grafia, a fotografia, a cinematografia e outras formas<br />
de grafia, a revolução digital só ocorre com o surgimento <strong>do</strong> chip, que desencadeou<br />
o progresso da microeletrônica, o avanço <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res, o advento <strong>do</strong>s satélites<br />
artificiais e de outros instrumentos que permitem transmitir informação. Desen-