Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP
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Finalmente, queremos frisar que admiramos profundamente as blogueiras que<br />
fazem textos confessionais belos e inspira<strong>do</strong>res. Valorizamos esta produção,<br />
consumimos e produzimos este mesmo tipo de material. No entanto, blogs<br />
confessionais são apenas uma parte <strong>do</strong> universo de blogs femini<strong>no</strong>s. Não cometa<br />
o erro de tomar o to<strong>do</strong> pela parte.<br />
Atenciosamente,<br />
Mulheres Blogueiras da Lista de Discussão LuluzinhaCamp<br />
A variedade de conteú<strong>do</strong>s, temas e assuntos que um blog-programa pode suportar<br />
reflete a multiplicidade e o volume de informações que percorrem a rede. Sen<strong>do</strong><br />
assim, é incorreto falar em uma dualidade entre blogs <strong>íntimos</strong> e blogs jornalísticos,<br />
por exemplo. Como estratégia meto<strong>do</strong>lógica de pesquisa, <strong>no</strong> entanto, tal construção<br />
pode ser válida, se possibilitar ao analista observar recorrências a respeito <strong>do</strong><br />
seu objeto.<br />
Por esse motivo, conclui-se que os diários virtuais <strong>íntimos</strong> empregam um possível<br />
registro femini<strong>no</strong>, uma espécie de “escrita poética <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong>” (como os poemas<br />
de Adélia Pra<strong>do</strong>). Tal constatação tor<strong>no</strong>u-se um ponto de chegada, uma terminação<br />
a partir das observações analíticas realizadas e não um ponto de partida <strong>do</strong> trabalho.<br />
Trata-se, assim, de uma característica advinda da singularidade <strong>do</strong>s blogs e, mais<br />
especificamente, <strong>do</strong>s posts analisa<strong>do</strong>s na pesquisa.<br />
É importante matizar que tal perspectiva que considera um efeito de senti<strong>do</strong> de<br />
feminilidade não se descuida de análises estatísticas que sugerem um ponto de vista<br />
de gênero, afinal, to<strong>do</strong> o percurso meto<strong>do</strong>lógico empenha<strong>do</strong> na busca da amostra<br />
já sugere uma pre<strong>do</strong>minância de mulheres autoras de diários virtuais <strong>íntimos</strong>.<br />
Sen<strong>do</strong> homens, mulheres, jovens, adultos, imigrantes analógicos ou nativos digitais,<br />
cada indivíduo percorre um trajeto particular <strong>no</strong> labirinto <strong>do</strong> ciberespaço,<br />
projetan<strong>do</strong> sentimentos, introjetan<strong>do</strong> percepções, maquinan<strong>do</strong> identificações e<br />
localizan<strong>do</strong>-se espaço-temporalmente. Como viajante da rede, o arquiteto <strong>do</strong> diário<br />
virtual íntimo infiltra-se pelos diversos caminhos, buscan<strong>do</strong> centrar-se na imagem<br />
de si por <strong>meio</strong> da narração autobiográfica e estruturan<strong>do</strong> um labirinto forma<strong>do</strong> por<br />
efeitos de senti<strong>do</strong>s coerentes em tor<strong>no</strong> de uma singularidade. São, certamente, <strong>percursos</strong><br />
de senti<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>contexto</strong> <strong>discursivo</strong> <strong>do</strong> <strong>meio</strong> digital.<br />
184 | BLOgS ÍNtIMOS: PERCuRSOS DE SENtIDO NO CONtEXtO DISCuRSIVO DO MEIO DIgItAL