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Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP

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1. Um - To<strong>do</strong>s: a mensagem é enviada por apenas um <strong>meio</strong> de comunicação<br />

a vários receptores.<br />

2. Um - Um: a mensagem é enviada por um <strong>meio</strong> de comunicação a apenas<br />

um receptor.<br />

3. To<strong>do</strong>s - To<strong>do</strong>s: a informação é enviada por diversos <strong>meio</strong>s de comunicação<br />

a diversos outros receptores.<br />

Para Lévy, as mídias tradicionais (mídias de massa), como a televisão, o rádio e<br />

o jornal impresso são dispositivos comunicacionais <strong>do</strong> primeiro tipo, e a Internet,<br />

um dispositivo <strong>do</strong> terceiro tipo, que proporciona o que Chartier chama de revolução<br />

<strong>do</strong> texto digital. Segun<strong>do</strong> Chartier, essa revolução introduz rupturas de ordem <strong>do</strong><br />

discurso, <strong>do</strong> saber e da propriedade. A ordem <strong>do</strong> discurso é aquela mantida pela<br />

relação entre tipos de objetos, categorias de texto e formas de leitura, ao longo da<br />

história da cultura escrita, provin<strong>do</strong> da sedimentação de i<strong>no</strong>vações fundamentais,<br />

como a invenção da imprensa. É a partir dessas i<strong>no</strong>vações que a cultura moderna<br />

modela seus saberes sobre o mun<strong>do</strong>: o livro é o maior objeto-símbolo da cultura<br />

moderna, fundamentada na propriedade intelectual de um autor sobre sua obra.<br />

A digitalização transforma, portanto, essa ordem discursiva, fazen<strong>do</strong> com que os<br />

textos independam de uma espacialidade física para serem compreendi<strong>do</strong>s: perdese<br />

a vinculação natural entre o texto e seu suporte, pois to<strong>do</strong>s os textos passam a<br />

serem li<strong>do</strong>s na mesma plataforma e nas mesmas formas. Os discursos não são mais<br />

diferi<strong>do</strong>s pela sua materialidade, pela sua vinculação única com seu autor, pois,<br />

(...) a leitura diante da tela é geralmente descontínua e busca, a partir de palavraschave<br />

ou rubricas temáticas, o fragmento textual <strong>do</strong> qual quer apoderar-se (um artigo<br />

em um periódico, um capítulo em um livro, uma informação em um website), sem<br />

que necessariamente sejam percebidas a identidade e a coerência da totalidade textual<br />

que contém esse elemento (Chartier, 2002: 23).<br />

Em função <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> eletrônico, configura-se, portanto, uma ruptura em três<br />

níveis: propõe-se uma <strong>no</strong>va técnica de difusão da escrita, incita-se uma <strong>no</strong>va relação<br />

com os textos, impõe-lhes uma <strong>no</strong>va forma de inscrição.<br />

Como conseqüência, o advento das mídias digitais e o desenvolvimento da informática<br />

acrescentam uma <strong>no</strong>va dimensão ao aprofundamento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> gênero<br />

<strong>discursivo</strong>. Adiante serão aborda<strong>do</strong>s os fenôme<strong>no</strong>s que provocam essas mudanças<br />

e que tornam o <strong>meio</strong> digital um lugar de criação de <strong>no</strong>vos gêneros: a virtualização,<br />

o hipertexto digital e a interatividade. Em seguida, os temas da autoria e da escrita<br />

e leitura <strong>no</strong> ciberespaço serão problematiza<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> as características <strong>do</strong>s fenôme<strong>no</strong>s<br />

particulares a esse universo.<br />

A VIRtuALIZAçãO<br />

Lévy <strong>no</strong>s apresenta os conceitos em tor<strong>no</strong> da palavra virtual, fonte de muitas<br />

controvérsias <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> digital e também fora dele. Segun<strong>do</strong> ele, a palavra virtual<br />

envolve três senti<strong>do</strong>s diferencia<strong>do</strong>s: um senti<strong>do</strong> técnico, liga<strong>do</strong> à informática, outro<br />

senti<strong>do</strong> corrente, <strong>no</strong> qual o virtual equivale ao irreal e por último, um senti<strong>do</strong> filosófico,<br />

<strong>no</strong> qual o virtual existe apenas em potência e não em ato.<br />

A polêmica em tor<strong>no</strong> da palavra virtual muitas vezes vem da combinação de<br />

interpretações variadas, de acor<strong>do</strong> com seu uso. No uso corrente, a palavra virtual é<br />

muitas vezes empregada para significar a irrealidade, algo que, <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> material,<br />

não existe, enquanto a realidade pressupõe uma efetivação material, uma presença<br />

24 | BLOgS ÍNtIMOS: PERCuRSOS DE SENtIDO NO CONtEXtO DISCuRSIVO DO MEIO DIgItAL

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