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Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP

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CAPíTuLO III<br />

PERCuRSOS DE SENTIDO<br />

NO LAbIRINTO HIPERTEXTuAL<br />

Desenvolvi<strong>do</strong>s os conceitos lingüísticos e <strong>discursivo</strong>s que condicionam a visão<br />

teórica <strong>do</strong>s diários virtuais <strong>íntimos</strong>, bem como descritas as particularidades <strong>do</strong> ambiente<br />

digital, o capítulo que segue dedica-se a explorar a intersecção entre o suporte<br />

hipertextual e as formas narrativas e discursivas dispostas pelo objeto de pesquisa.<br />

Desse cruzamento emergem, portanto, a problemática da linearidade narrativa<br />

digital, da autoria, <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> e, por último, mas não me<strong>no</strong>s importante, a discussão<br />

<strong>do</strong> estatuto de diário <strong>do</strong> objeto em questão.<br />

III.1 - HEtEROgENEIDADES NARRAtIVAS DIgItAIS<br />

Não se pode afirmar que, em função da interatividade, todas as condições de produção<br />

<strong>do</strong> discurso se alteram, ou seja, uma interlocução que era antes unidirecional<br />

agora passa a ser reticular. Para que a narratividade seja digital e não simplesmente<br />

digitalizada, é necessário que não apenas o conteú<strong>do</strong> seja transposto ao hipertexto,<br />

mas que as possibilidades de senti<strong>do</strong> facilitadas por ele sejam aprofundadas por<br />

<strong>meio</strong> da interatividade. Informações autobiográficas apenas adaptadas ao <strong>contexto</strong><br />

digital fazem da Internet apenas um veículo para sua distribuição.<br />

O ambiente digital é um <strong>meio</strong> essencialmente heterogêneo, que pode suportar<br />

desde textos lineares até textos totalmente enciclopédicos, caracteriza<strong>do</strong>s pelo emprego<br />

das potencialidades hipertextuais e interativas. Por esse motivo, apenas as<br />

possibilidades interativas, como os comentários, <strong>no</strong>s diários virtuais, não permitem<br />

falar em um texto totalmente descontínuo. A seguir, pretende-se discutir a principal<br />

e mais polêmica característica <strong>do</strong> hipertexto, a narratividade digital. Segun<strong>do</strong> Lévy,<br />

A virtualização submete a narrativa clássica a uma prova rude: unidade de tempo sem<br />

unidade de lugar (graças às interações em tempo real por redes eletrônicas, às transmissões<br />

ao vivo, aos sistemas de telepresença), continuidade de ação apesar de uma<br />

duração descontínua (como na comunicação por secretária eletrônica ou por correio<br />

eletrônico). A sincronização substitui a unidade de lugar, e a interconexão, a unidade<br />

de tempo. Mas, <strong>no</strong>vamente, por isso o virtual é imaginário (Lévy, 1996: 21).<br />

Em função das características descritas, o hipertexto produz uma linearidade<br />

momentânea específica. Ele coloca em cheque a tradição narrativa da Poética de<br />

Aristóteles, que determina uma narrativa tradicional, com começo, <strong>meio</strong> e fim defini<strong>do</strong>s,<br />

portanto, marcada por um fechamento semântico. Com o hipertexto, o leitor<br />

tem múltiplas escolhas. É o rompimento com a tradição narrativa, pois desta maneira,<br />

o hipertexto impede que a narrativa chegue a um fim defini<strong>do</strong>.

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