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Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP

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O emprego <strong>do</strong> pseudônimo pouco modifica a relação de identidade entre um<br />

autor, que se responsabiliza pelo enuncia<strong>do</strong>, e o narra<strong>do</strong>r-personagem. Ele é simplesmente<br />

um des<strong>do</strong>bramento <strong>do</strong> <strong>no</strong>me, problemática exemplificada por Zel:<br />

setembro 23, 2008<br />

puxan<strong>do</strong> o fio da meada<br />

ou deixan<strong>do</strong> algumas coisas mais claras (pra mim e pra to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> aí <strong>do</strong> outro<br />

la<strong>do</strong> da tela).<br />

o assunto não é exatamente o mesmo, mas é correlaciona<strong>do</strong>. a lúcia menciona,<br />

não pela primeira e nem pela última vez, a questão da censura <strong>no</strong> brasil. existe,<br />

fique atento.<br />

mas meu assunto é outro - quero falar sobre o blog, sobre a autora (eu) e sobre<br />

meu direito de expressar o que penso.<br />

esse é um blog 100% pessoal. não existe aqui compromisso com absolutamente<br />

nada e nem ninguém que não seja eu mesma. não ven<strong>do</strong> nada, não defen<strong>do</strong><br />

“profissionalmente” nenhuma causa, não ganho absolutamente nada para<br />

escrever (a não ser um ou outro amigo e muitas mensagens legais). costumo<br />

dizer o que penso sem preocupação, não só porque acredito <strong>no</strong> meu direito de<br />

fazê-lo mas principalmente porque quem quer que chegue até aqui e se dê ao<br />

trabalho de ler posts e<strong>no</strong>rmes como esse só o faz por que realmente quer.<br />

desde seu nascimento esse blog foi assina<strong>do</strong> por mim com apeli<strong>do</strong> - zel. esse<br />

é um apeli<strong>do</strong> “real”, eu não o inventei para escrever o blog. muitos <strong>do</strong>s meus<br />

amigos me chamam assim desde minha a<strong>do</strong>lescência. tampouco pensei em<br />

preservar meu <strong>no</strong>me completo, essa questão nunca me importou (embora<br />

devesse!). jamais imaginei que esse blog chegaria a ter essa quantidade de<br />

leitores, nunca tive nenhuma pretensão (ainda não tenho).<br />

embora eu sempre tenha assina<strong>do</strong> com apeli<strong>do</strong>, nunca fiz segre<strong>do</strong> de quem sou.<br />

sei que há quem escreva blogs escondi<strong>do</strong>s atrás de apeli<strong>do</strong>s e que não quer<br />

revelar sua identidade. respeito, enten<strong>do</strong> os motivos, mas não é meu caso. se<br />

alguém realmente quiser saber quem está por trás deste blog é facílimo - basta<br />

perguntar ou procurar <strong>no</strong> google um pouquinho. em 10 minutos qualquer um<br />

descobre quem sou eu, o que faço, o que falei <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> e até consegue ver<br />

como eu sou fisicamente.<br />

Como se pode observar <strong>no</strong>s diários virtuais <strong>íntimos</strong>, o mun<strong>do</strong> institucionaliza<strong>do</strong><br />

impõe um registro de pertencimento a toda forma de criação e produção, ou seja,<br />

toda obra intelectual ou não deve ter por trás um cria<strong>do</strong>r empírico. Essa necessidade<br />

de autoria se explica pela responsabilidade jurídica e histórica, a ter a quem<br />

imputar uma culpabilidade. Uma pessoa real, extratextual, se responsabiliza pela<br />

enunciação e tal responsabilidade não é voluntária, mas obrigatória por aqueles que<br />

se cadastram em um sistema de publicação de conteú<strong>do</strong>, como o Blogger. Um <strong>no</strong>me<br />

deve ser necessariamente forneci<strong>do</strong>, para que o cadastro seja efetua<strong>do</strong>. O autor de<br />

All made of Stars chama-se Flávia Melissa, mas não é possível saber se este <strong>no</strong>me<br />

corresponde ao <strong>no</strong>me <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> autor.<br />

A autoria é uma das facetas <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Projeto da Modernidade, perío<strong>do</strong> da<br />

cultura ocidental entre os séculos XVIII e XIX marca<strong>do</strong> pelo progresso das ciências<br />

e pela Revolução Industrial. É nesse perío<strong>do</strong> que “a <strong>no</strong>ção de autor constitui o momento<br />

forte da individualização na história das idéias, <strong>do</strong>s conhecimentos, das literaturas,<br />

na história da filosofia também, e na das ciências” (Foucault, 1992: 33). Ela<br />

PERCuRSOS DE SENtIDO NO LABIRINtO HIPERtEXtuAL | 57

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