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Blogs íntimos: percursos no contexto discursivo do meio - ECA-USP

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que ajuda a selecionar, a ordenar a realidade, por <strong>meio</strong> de um sistema perceptual e<br />

cognitivo.<br />

Assim, tanto a autodescrição quanto a interpretação narrativa da realidade são<br />

resulta<strong>do</strong>s de um processo de pensamento, o conhecimento, que dá forma a estas<br />

realidades e permite que o indivíduo se localize em seu <strong>meio</strong> social. Segun<strong>do</strong> Bruner<br />

(1995), os seres huma<strong>no</strong>s extraem senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> contan<strong>do</strong> histórias sobre o<br />

mesmo, utilizan<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> narrativo para interpretar a realidade. O conhecimento é<br />

o pensamento qualifica<strong>do</strong>, contextualiza<strong>do</strong>, produto da descrição da realidade. Possibilita<br />

ao homem não ser apenas mero reprodutor de informação, mas reelabora<strong>do</strong>r<br />

de conceitos, por <strong>meio</strong> da linguagem.<br />

Estudar esse sistema de sig<strong>no</strong>s <strong>no</strong> qual estão inseri<strong>do</strong>s os diários virtuais <strong>íntimos</strong><br />

inclui também avançar nas pesquisas sobre a específica realidade cultural<br />

humana. A Semiologia e a Semiótica cumprem esse papel de ciências que buscam<br />

desenvolver estu<strong>do</strong>s sobre as funções da linguagem para a experiência humana,<br />

a primeira instaurada pelo teórico suíço Ferdinand de Saussure e a segunda pelo<br />

<strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> Charles Sanders Pierce.<br />

No entanto, a linguagem não é um objeto recente de estu<strong>do</strong>s, afinal, sen<strong>do</strong> a<br />

mais admirável aquisição humana, é natural que atraia estudiosos desde a antiguidade.<br />

Antes de a Lingüística chegar ao seu objeto específico e a<strong>do</strong>tar méto<strong>do</strong>s<br />

próprios, passou pelas fases gramática, filológica e comparativista. A Lingüística<br />

Moderna desenvolve-se a partir dessas fases preparatórias, buscan<strong>do</strong> descrever as<br />

línguas conhecidas, estudá-las historicamente, bem como analisar suas condições<br />

de funcionamento, estrutura e evolução. Ela é definida conceitualmente como uma<br />

ciência que procura determinar, com méto<strong>do</strong>s próprios, a estrutura e a função da<br />

linguagem humana, sen<strong>do</strong> a linguagem entendida como qualquer conjunto de sig<strong>no</strong>s<br />

que sirva para a comunicação entre os homens, habilita<strong>do</strong>s a abstrair, por <strong>meio</strong><br />

de sons articula<strong>do</strong>s concretiza<strong>do</strong>s por um conjunto de sig<strong>no</strong>s que mantêm certa<br />

unidade, ou seja, a língua.<br />

Reivindican<strong>do</strong> ou não a auto<strong>no</strong>mia da Lingüística como campo da Ciência, sua<br />

interdisciplinaridade não deve ser negada. Ela toma empresta<strong>do</strong>s instrumentos da<br />

Estatística, da Teoria da Informação, da Lógica Matemática. Seus da<strong>do</strong>s também<br />

são emprega<strong>do</strong>s pela Psicanálise, pela Antropologia, pela Crítica Literária, pela Comunicação,<br />

entre outras.<br />

A Lingüística determina certas particularidades da linguagem, entre elas o valor<br />

simbólico <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s lingüísticos, a estreita relação entre linguagem e pensamento,<br />

pois pensar é pensar palavras, essencialmente. Outras características importantes<br />

da linguagem para a Lingüística são sua articulação ou divisibilidade sistemática,<br />

bem como a arbitrariedade <strong>do</strong> sig<strong>no</strong>, que postula que não há relação necessária<br />

entre o objeto e seu <strong>no</strong>me. Ela é também um sistema de sig<strong>no</strong>s adquiri<strong>do</strong> por aprendizagem,<br />

facultan<strong>do</strong> aos homens a transmissão de sua experiência.<br />

No século XX, a algumas correntes da lingüística é emprega<strong>do</strong> o termo Estruturalismo.<br />

O termo tem origem <strong>no</strong> Cours de linguistique générale de Ferdinand de<br />

Saussure (1916), que se propunha a abordar qualquer língua como um sistema <strong>no</strong><br />

qual cada um <strong>do</strong>s elementos só pode ser defini<strong>do</strong> pelas relações de equivalência ou<br />

de oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma<br />

a estrutura. Apesar de Saussure ser considera<strong>do</strong> ponto de partida, não se pode<br />

afirmar que o Estruturalismo tenha si<strong>do</strong> uma Escola definida, formada por autores<br />

que seguem orientação teórica semelhante. Ele é visto como uma abordagem ou um<br />

modelo geral, que influencia o mo<strong>do</strong> de pensar da Antropologia até a Matemática<br />

<strong>no</strong> século XX.<br />

36 | BLOgS ÍNtIMOS: PERCuRSOS DE SENtIDO NO CONtEXtO DISCuRSIVO DO MEIO DIgItAL

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