150docente sofre uma importante queda de prestígio e reconhecimento social (...) emparte, consequência da expansão do ensino superior e da valorização da docência epesquisa universitárias, assim como a massificação do ensino fundamental emédio”. 130O que sempre se procurou construir na EFASC foi a possibilidadediferenciada de educação do campo, em que “o chamado “professor” não fosse ummero repassador de conteúdos, mas sim, um verdadeiro interlocutor, que devemonitorar a aprendizagem, mostrar caminhos viáveis e possíveis que darão umavisão profissional de qualidade, onde o jovem vislumbre um futuro melhor para si esua família”. 131Podemos afirmar que é preciso uma equipe de profissionais comprometidoscom uma educação que compreenda o campo como uma gama de possibilidades emais que isso, um espaço valioso e estratégico para a manutenção da vida humana.É uma obrigação dos CEFFAs dispor aos seus educandos um profissional envolvidono processo educativo. “Um educador humanista, na sua ação, identifica-se desdelogo, com a dos estudantes, deve orientar-se no sentido da humanização de ambos.Sua ação deve estar infundida na profunda crença nos homens. Crença no seupoder criador. Isso exige que ele seja um companheiro dos educandos, em suasrelações com eles”. 132Nisso reside uma necessidade constante dos CEFFAS, ter quadrosprofissionais que rompam com a lógica histórica e perversa de enxergar o campo eas pessoas que nesse espaço vivem, de forma folclórica, sob o prisma do atraso ouaté mesmo com o clássico olhar da “pena”.É importante que esses professores aos poucos se tornem verdadeirosmilitantes da Alternância, ocupem todos os espaços de discussão e que criem outrostantos para debater e apresentar alternativas para a educação dos filhos dosagricultores e moradores do campo. Assim podemos descrever o perfil desseprofessor, onde “o educador da Pedagogia da Alternância é revolucionário quandocumpre de forma competente sua função pedagógica, porque traz na sua concepção130 SCHWATZMANN, Simon. Educação e desenvolvimento: onde estamos, e pra onde vamos? IN:CASTRO, Ana Célia. LICHA, Antonio. PINTO JR, Helder Queiroz. SABOIA, João. Brasil emDesenvolvimento – economia, tecnologia e competitividade - 02. Rio de janeiro: Ed. CivilizaçãoBrasileira. p.210.131 LORENZINI, José Luiz. A formação dos (das) monitores (as) como pré-requisito para atuação dosCEFFAs. IN: Revista da Formação por Alternância. Ano 02, nº 04 – Julho. Brasília: UNEFAB, 2007.p.32.132 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 37 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003, p. 62.
151metodológica e científica a potencialidade de transformar profundamente as relaçõessociais no campo. Esse educador é um profissional militante”. 133Um dos pilares da Alternância se refere à formação integral. Essa referência éjustamente a um ambiente que proporcione aos estudantes, família e professoresestar integrados e construir conjuntamente uma série de conhecimentos, valorizar osmomentos da formação em sala de aula, na convivência em todos os espaços daescola, nas assembleias, nos cursos, nas visitas às famílias e das famílias naescola, nas visitas de estudo, enfim, integral.Isso permite aos jovens a construção de um olhar particular e abrangenteacerca do mundo do campo e da cidade, um conhecimento horizontal que entendeque todos os espaços são importantes e devem ser valorizados. O compromisso daEFASC é oferecer aos estudantes e famílias, possibilidades concretas do jovemescolher o que for melhor para ele e para os seus. Ainda escutamos por parte demuitos colegas, inclusive ligados aos CEFFAs e outras instituições que trabalhamcom a temática do campo, que “temos de formar os jovens para esses ficarem nocampo”, apontando, equivocadamente, que este seria o principal objetivo dosCEFFAs.Essa afirmativa vai contra o pilar da formação integral, pois não compreendea permanência do jovem na propriedade ou no campo como um fim, consequênciade todo um complexo processo de ensino-aprendizagem pelo qual passou, mas simcomo obrigatoriedade decorrente do processo. Fere fatalmente a prerrogativa daliberdade de escolha e da viabilidade analisada por esse estudante e sua família aolongo da formação.Há aqueles que vão mais além, como o exemplo de uma “autoridade” federal,que trabalha para um ministério, ao nos interpelar relativamente preocupado, numencontro de sementes crioulas, em Passo do Sobrado – 2010, ao saber que aEFASC tinha quase 100 estudantes e que esses se formariam ao longo de trêsanos, somado o período de estágio, técnicos agrícolas. Para esse cidadão, e muitasoutras pessoas, “isso é um problema, já que depois de formados, esses jovens nãoficam no meio agrícola, eles vão se empregar em empresas, vocês tinham queformá-los só com qualificação, sem formação técnica, aí sim eles ficariam, nãoteriam o assédio das empresas, principalmente dessas multinacionais do tabaco”.133 NOSELLA, Ibidem, p.15.
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