158necessidades dos agricultores. É assim que a EFASC pode contribuir efetivamentepara que haja o desenvolvimento da região. Esta que seguidamente entra em criseeconômica e social, devido às instabilidades geradas pela cultura do tabaco(oscilação do dólar, secas, enchentes, granizo...), bem como pelo grau dedependência que tem dessa cultura.Os laços de confiança entre as vítimas da crise se fortalecem pela ajudamútua que se desenvolve entre ela. Ocorre algo como uma acumulação decausas e efeitos: a proximidade permite o desenvolvimento e laços deconfiança, que possibilitam e induzem ações de ajuda mútua e estas porsua vez reforçam os laços de confiança. A partir de certo ponto nesteprocesso, as pessoas passam agir coletivamente: mobilizam-se para fazerprotestos em massas, para se organizar politicamente e não poucas vezespara criar novas instituições que lhes sirvam para enfrentar carências emais tarde para reconstruir sua vida econômica sob novas bases. 142Compreendendo o desenvolvimento do meio/regional como umaconsequência de todo um trabalho, de uma rede de parcerias tecidas ao longo deum período, precisamos antes de qualquer coisa, pensar uma forma dedesenvolvimento entendendo que: “(...) para promover o desenvolvimento regionalno contexto da realidade atual é preciso estar atento à dimensão horizontal doprocesso, conhecer, em profundidade, a região em questão; identificar suaspotencialidades e construir instrumentos de coesão social em torno de propósitosem comum à população envolvida. Pois “é preciso criar uma forma de representaçãoda maioria, identificada a partir da participação de todos, para permitir que uma novagestão do território seja gestada”. 143Correspondendo aos demais pilares daAlternância, essa coesão social da EFASC vai proporcionando, através de umaAssociação Local que funcione de fato, democrática e que busque a participaçãoefetiva das famílias, assim como a formação integral dos jovens que não perdem ovínculo com ela, solidificar uma série de práticas na propriedade que começam a darresultados em seu meio.Não há nenhuma receita que garantisse o êxito em matéria dedesenvolvimento. Porém há pelo menos duas afirmações certas: Se odesenvolvimento se encontra em nosso futuro, não será com as idéias dopassado que o alcançaremos; se o desenvolvimento é um produto da142SINGER, Paul. Desenvolvendo confiança e solidariedade. IN: CASTRO, Ana Célia. LICHA,Antonio. PINTO JR, Helder Queiroz. SABOIA, João. Brasil em Desenvolvimento – economia,tecnologia e competitividade - 02. Rio de janeiro: Ed. Civilização Brasileira. p.359143 ETGES, Virgínia Elisabeta. O Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Regional daUniversidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Revista RE<strong>DE</strong>S, Santa Cruz do Sul, EDUNISC, v.8,nº1, jan/abr. 2003. p.68.
159própria comunidade, não serão outros senão seus próprios membros quemo construirão. (tradução própria). 144De forma compartilhada e solidária, uma instituição de abrangência regionalcomo a EFASC, precisa se basear no entendimento mais amplo possível do que seentende por desenvolvimento do meio/Regional.Um dos eixos dessa compreensão é que o desenvolvimento do meio “éconcebido tanto como processo econômico, como também humano, de liberdade,democracia e realização da pessoa 145 . Portanto, só se pode compreender essapossibilidade de desenvolvimento partindo do entendimento que todo “processo dedesenvolvimento acontece quando grupos articulam-se, partindo de interessescomuns, e através de organizações autônomas adquirem um maior controle sobreseu trabalho, sua produção, seus produtos e os serviços a que têm direito”. 146Por isso os laços de solidariedade, que podem emanar de uma organizaçãosocial como uma EFA, baseada na troca de experiências, de técnicas e tecnologiasentre os jovens e suas famílias, tende a ser “terra fértil” para a possibilidade dedesenvolvimento de qualquer região. Deve estar articulada com outras entidadesque comungam da mesma compreensão de desenvolvimento sustentável esolidário, por isso a necessidade do vínculo com o seu espaço de atuação.A EFASC, através de todas as possibilidades de formação que a Pedagogiada Alternância pode proporcionar aos jovens e por onde eles circulam, tentará ser oelo que unifica a Família – Comunidade, como um laboratório de diversas práticasagrícolas, sociais, políticas e culturais. Os atores envolvidos nesse processoeducativo estão inseridos não somente no meio de atuação da EFASC, mas tambémem diferentes frentes, juntamente com as demais entidades parceiras desse projeto,formando assim um tecido social representativo regionalmente: escola, famílias,comunidades (religiosas, associações, grupos de produtores, cooperativas, clubes),poder público (prefeituras e estado), setor privado (empresas) e até mesmo junto àuniversidade. Pluralidade comprometida com a região mesmo que tenhamconcepções diferentes acerca do que é desenvolvimento.144 BOISIER, Sergio. Teorias e metáforas sobre el desarollo teritorial. CEPAL: Santiago de Chile,1999. p. 89.145 CALVO, Pedro Puig. Formação Pessoal e Desenvolvimento Local. IN: Pedagogia da Alternância –Formação em Alternância e Desenvolvimento Sustentável. II Seminário Internacional da Pedagogiada Alternância – 12 a 14 de novembro de 2002. Brasília: UNEFAB, 2002. p.140.146 GUE<strong>DE</strong>S, Pinto. In: NETO, Pedro Antônio Lima. A Participação. São Paulo: Ed. do Brasil. 1989.Apud: <strong>DE</strong> BURGHGRAVE. Thierry. Vagabundos, não senhor Cidadãos brasileiros e planetários: umaexperiência educativa pioneira do Campo. Orizona/GO: UNEFAB, 2011.p.95.
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