12.07.2015 Views

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO ...

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO ...

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

35O jovem do campo, para ter acesso ao Ensino Médio, tem duas opções: sairda sua localidade para estudar ou parar de estudar. Além disso, a maioria dasescolas do campo trabalha a realidade na qual o aluno está inserido de formadescontextualizada “formando” o estudante da zona rural a partir da ótica urbana,muitas vezes desestimulando-o ao estudo.As políticas de nucleação de escolas e de transporte das crianças eadolescentes do campo para as escolas das cidades radicalizaram essaprática e esse paradigma urbano. Os profissionais não teriam que sedeslocar ao campo por umas horas e trabalhar nas precárias e dispersasescolas rurais, nem seria mais necessária qualquer adaptação à realidaderural, os alunos são deslocados para as escolas urbanas, com professoresurbanos e colegas urbanos. As crianças, adolescentes ou jovens do campoesqueceriam sua identidade e cultura para serem socializados junto àinfância, adolescência e juventude urbanas, com identidade e culturaurbanas. Políticas que expressam o total desrespeito às raízes culturais,identitárias dos povos do campo. Nem sequer a velha tradição de adaptaras políticas e normas à realidade rural teria mais sentido. 36Esse desconhecimento ou incompreensão de uma lógica própria do campo eseus moradores, refletido muitas vezes na intransigência da escola formal, alia-se àfalta de perspectivas de trabalho e renda para o jovem do campo. Constatamos que“os aspectos negativos que justificam a recusa de muitos jovens em permanecer nomeio rural apontam, sobretudo, para as carências da vida nesse meio, e de modoespecial, a falta de alternativas profissionais que possam garantir oportunidades deemprego e renda na agricultura familiar”. 37Desta forma, carece também danecessidade de uma escola que dialogue com este meio, estando inserida nele.A despeito do que determina o artigo nº 28 LDB 9394/96 constata-se que ocalendário escolar não sofre adequações diante do calendário agrícola. Pelocontrário, confirmou-se que os professores deveriam avisar a Secretaria daEducação Local quando os alunos faltassem por dias consecutivos emépoca de plantio ou de colheita, e recorrer, até mesmo, ao ConselhoTutelar. Isto demonstra o total descuido com a identidade do homem docampo, produtor do alimento consumido no local e na região, afora asquestões de responsabilidade com as políticas públicas. Constata-se aí anegação das identidades e das diversidades dos sujeitos sociais do campoa partir das imagens presentes na cultura material e imaterial: livro didático,desenhos em quadrinho nas representações das festas juninas de clubes eescolas. 3836 ARROYO, op. cit.37 SANTORI, Raquel. A Juventude Rural e Suas Perspectivas. Revista da Formação por Alternância.Brasília: UNEFAB. Ano 4 – Nº 07. Dezembro de 2008. p. 7.38 GOULART, Mailza Maria Rosa. A trilha da construção das políticas públicas da educação docampo na Serra catarinense – A Casa Familiar Rural do município de São José do Cerrito –Comunidade de santo Antônio dos Pinhos / SC. p. 03. Disponível em: .Acesso em: 06 ago. 2011.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!