56§ 1º Sempre que possível, o deslocamento dos alunos, como previsto nocaput, deverá ser feito do campo para o campo, evitando-se, ao máximo, odeslocamento do campo para a cidade. 71Mais uma vez a rede CEFFAs, juntamente com os demais movimentos quemilitam na causa da educação do campo, contribui na construção de oportunidadespara os jovens moradores do campo e suas famílias. Tem por legado 40 anos deatividade da Pedagogia da Alternância no Brasil, com centenas de jovens já tendopassado pelas Escolas Família Agrícola e pelas Casas Familiares Rurais emdezenas de estados do país. Como seus pilares (Associação local, Alternância,Formação integral e Desenvolvimento do Meio) o respeito pelo saber em todas assuas manifestações, “portanto, as Escolas famílias Agrícolas, constituem um projetode educação que valoriza o campo, que empreende junto aos alunos projetosprofissionais voltados para essa realidade e que desenvolve suas ações na buscapela dignidade da vida do homem do campo”. 72Daí a necessidade decompreendermos a importância de todos os movimentos sociais que promovem oacesso à educação para a população historicamente excluída do acesso à escola,tendo nas pessoas sua maior prioridade para continuar na luta.O que é prioridade na Pedagogia da Alternância é a dignidade da pessoa,como sujeito individual e coletivo, trata-se de jovens e suas famílias e emtorno desta comunidade. (...) por esse motivo a EFA ajuda e é parte dessefator de desenvolvimento humano-social do meio onde está inserida. Operíodo na EFA, a vida em comum permite a aquisição e a consolidação dehábitos sociais (...) busca a superação do individualismo, por trabalho,vivência em grupo, bem como a garantia de formação global pelas reflexõese análises conjuntas da própria realidade. 73O movimento CEFFAs nesses mais de 40 anos contribui para a organizaçãodos trabalhadores e moradores do campo, mobilizando centenas de famílias eestudantes, bem como suas comunidades a cada ano, em assembleias, encontrosde formação, eventos promovidos pelos CEFFAS, eventos em que os CEFFAs são71 RESOLUÇÃO Nº 2, <strong>DE</strong> 28 <strong>DE</strong> ABRIL <strong>DE</strong> 2008: Estabelece diretrizes complementares, normas eprincípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica doCampo. A Presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso desuas atribuições legais e de conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131/1995, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº23/2007, reexaminado pelo parecer CNE/CEB nº 3/2008, homologado por despacho do Sr. Ministrode Estado da Educação, publicado no DOU de 11/4/2008. Disponível em:. Acesso em: 11 dez. 2011.72 FOERSTE, Erineu. JESUS, Janinha Gerke de. Escolas Famílias Agrícolas: Um projeto deEducação específico do Campo. Disponível em:. Acesso em: 12 dez. 2011.73 ZAMBERLAN, Sérgio. Pedagogia da Alternância. Escola Família Agrícola. 2. ed. Vitória: GráficaMansur Ltda, 1996. p.13.
57convidados a participar, visitas de estudo. São ações ancoradas e construtoras dosseus pilares inegociáveis, interligados pela Pedagogia da Alternância e seusvariados instrumentos pedagógicos enraizados na realidade desses atores.Ao final de cada ano letivo, o jovem em fase final da formação, apresenta seuprojeto profissional, preparado durante os anos da formação no CEFFA, comenvolvimento da família e da comunidade onde vive. Desta forma, o projetoprofissional torna-se uma contribuição concreta do jovem para o seu meio,provocado e instigado pela Pedagogia da Alternância, que “tem sua trajetória commais de 70 anos de práticas e seus pressupostos teóricos e metodológicosformulados em mais de quatro décadas de pesquisas científicas. Ela vemconstruindo seu caminho próprio, mas possui contornos e componentes que seaproximam de diversas tendências do pensamento pedagógico moderno baseadonos paradigmas emancipadores”. 74Tanto a educação do campo quanto a pedagogia da alternância, analisadassob o ponto de vista das práticas, são formulações que nascem em contextode organização da população do campo (...) ambas se fundamentam noprincípio do protagonismo dos sujeitos do campo (...) O CEFFA e aEducação do Campo não se limitam a escola. Assumem uma dimensão deeducação popular, de educação formal, mas também informal ao envolver afamília, a comunidade em contextos de participação e processos deformação formalizados e fomentados pelo movimento. Ambas nascem comouma crítica e, ao mesmo tempo, uma proposta concreta e educaçãoapropriada à realidade do campo. 75Os CEFFAs, com seu arcabouço teórico e suas práticas já vivenciadas aolongo de tantos anos nos cinco continentes, e em mais de 40 países, se constituíramnuma alternativa para os jovens e famílias de agricultores e moradores do meiorural. Descrentes na escola formal, normalmente de currículo descontextualizado,raras vezes levando em conta o contexto em que estão inseridas, nesse caso aspróprias escolas do meio rural reproduzindo essa lógica educacional, nãocompreendem que, “o desenvolvimento do campo passa também pela construção econsolidação de um projeto de educação como instrumento possibilitador deconscientização”. 76 Questão bastante debatida nos CEFFAs.74 BEGNAMI, Marinalva Jardim Franca. Os CEFFAs e a educação do campo. IN: Revista daFormação por Alternância. Educação do Campo. Brasília: UNEFAB, 2011. p.32.75 Ibidem, 35-36.76 JESUS, José Novais. Escola Família Agrícola: Uma proposta de educação em desenvolvimento nocampo e do campo. IN: QUEIROZ, João Batista Pereira de. SILVA, Virgínia Costa e. PACHCO,Zuleika. (orgs). Pedagogia da Alternância – Construindo a Educação do Campo. Goiânia: Ed. daUCG; Brasília, Ed. Universa, 2006. p.63.
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