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Currículo Permanente - Administração da Justiça: Gestão e Planejamento - 2007 Celso José de Campos _____________________________________________________________________________________________________ no nível mais profundo da cultura de uma organização. As crenças profundas freqüentemente não se conciliam com os valores abraçados em organizações, porque uma prova da nossa ingenuidade acerca de cultura é o fato de pensarmos que podemos mudá-la simplesmente declarando novos valores. As crenças e suposições profundas podem mudar com o evoluir da experiência, e quando isso acontece, é aí que a cultura muda. Evoluindo na descrição desse módulo, reconhecemos que a pessoa humana é o motor fundamental de qualquer mudança, e sem a participação do indivíduo nenhuma mudança se concretiza. E nessa direção defendemos a tese de que as organizações, a partir de seus valores e visões de mundo, precisam de pessoas que tenham aprendido as habilidades que são necessárias para a consecução das tarefas. Para reforçar o modelo do circulo de aprendizado profundo, antes que as pessoas possam usar estas habilidades de modo eficaz, os programas instrumentais da organização devem se basear em programas mentais e em programas de habilidades que devem ser rigorosamente generalizados entre todos e estocados nos repertórios de prática. Concluímos, então, que a prática do “ciclo de aprendizado profundo” dará às organizações o que espera Thiry-Chesques( 1995), descrito no capítulo 4.3 desse estudo, uma cultura compatível com as necessidades e pressões da sociedade moderna, isto é, o "fortalecimento" da cultura corporativa mediante o compromisso (commitment) e a autonomia criativa dos empregados. Em suma, o ciclo de aprendizado profundo não funciona isoladamente. Depende intrinsecamente da dinâmica de dois mais outros ciclos, entretanto se caracteriza como o núcleo de todo o funcionamento do modelo. Agora descreveremos o funcionamento do processo de aprendizado organizacional revolucionário, onde aparecem o ciclo conceitual de aprendizado revolucionário e o ciclo operacional de aprendizado revolucionário. 5.2 Módulo 2 – Processo de Aprendizado Organizacional Revolucionário Nesse módulo tomamos emprestado o modelo de Kim( 1996), denominado por ele de “Gestão Sistêmica da Qualidade”, onde fizemos algumas alterações para podermos adaptá-lo ao modelo proposto põe esse estudo. O autor se preocupa com a ênfase na dimensão competitiva da organização, por isso enfatiza que o aprendizado nas 96
Currículo Permanente - Administração da Justiça: Gestão e Planejamento - 2007 Celso José de Campos _____________________________________________________________________________________________________ organizações deve ser revolucionário tanto no nível operacional, quanto no conceitual para ser duradouro e significativo. Desta feita, baseado nos ensinamentos de Kim, definimos dois ciclos que compõem o “processo de aprendizado organizacional revolucionário”: o ciclo operacional de aprendizado revolucionário e o ciclo conceitual de aprendizado revolucionário. Descrevemos a seguir a dinâmica de cada ciclo, suas interações e sua integração com o “ciclo de aprendizado profundo”, já descrito no início desta seção. Para ilustrar melhor essa descrição, faz-se necessário consultar a Figura 9, extraindo a diagramação desse módulo. 1) O Ciclo Operacional do Aprendizado Revolucionário Baseando-nos em Kim, primeiramente partimos para a distinção clássica do processo de aprendizagem, diferenciando a aprendizagem operacional da aprendizagem conceitual. A aprendizagem operacional ocorre, neste caso, do processo de aquisição de skills ou know-how, ou seja, no desenvolvimento de habilidades físicas para produzir ações. Já a aprendizagem conceitual ocorre pela aquisição do know-why, ou seja, no desenvolvimento de capacidade para articular conhecimentos conceituais sobre uma experiência. A aprendizagem operacional constitui um processo cumulativo e envolve a elaboração de rotinas. Diz respeito ao chamado conhecimento tácito, desenvolvido pelo indivíduo em situações especificas de trabalho e difícil de ser articulado em linguagem formal. Embora o conhecimento operacional seja essencial para o funcionamento de qualquer organização, cada vez mais ele tem de estar associado no conhecimento conceitual. <strong>Como</strong> requisito fundamental para a dinâmica organizacional, o processo de aprendizagem operacional e conceitual ocorrem em todos os seus níveis. Em outras palavras, alertamos sobre a importância de não haver fronteiras rígidas entre os quadros operacionais que detêm apenas o conhecimento operacional e os quadros diretivos detentores do conhecimento conceitual. Pretendemos, assim, como veremos na explicação desse ciclo, superar a concepção “taylorista” de separação entre aqueles que pensam e aqueles que fazem. 97
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