Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
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envolvimento cristão na política provocou alarme. Como Stephen Carter sugere em The Culture of Pisbelief [A<br />
cultura da incredulida<strong>de</strong>], esse alarme po<strong>de</strong> simplesmente <strong>de</strong>nunciar o fato <strong>de</strong> que aqueles que estão no po<strong>de</strong>r não<br />
gostam das posições dos novos ativistas.<br />
Stephen Carter oferece bom conselho a respeito <strong>de</strong> ativismo político: para que sejam eficientes, os cristãos<br />
"cheios <strong>de</strong> graça" precisam ser sábios nas questões que escolhem apoiar ou combater. Historicamente, os cristãos<br />
têm tido uma tendência <strong>de</strong> sair pela tangente. Sim, nós li<strong>de</strong>ramos o caminho para a abolição e para os direitos<br />
civis. Os protestantes, porém, também <strong>de</strong>ram uma guinada com campanhas frenéticas contra os católicos, contra a<br />
imigração, contra os maçons. Gran<strong>de</strong> parte da preocupação da socieda<strong>de</strong> hodierna com o ativismo cristão<br />
retroce<strong>de</strong> a essas campanhas mal formuladas.<br />
E hoje? Estamos escolhendo nossas batalhas com sabedoria? Obviamente, aborto, questões sexuais e<br />
<strong>de</strong>finições <strong>de</strong> vida e morte são problemas dignos <strong>de</strong> nossa atenção. Mas, quando leio a literatura produzida por<br />
evangélicos que estão na política, encontro assuntos como o direito <strong>de</strong> portar armas, abolição do Departamento <strong>de</strong><br />
Educação, acordos comerciais da NAFTA, o tratado do Canal do Panamá e limites <strong>de</strong> períodos para os<br />
congressistas. Há alguns anos, ouvi o presi<strong>de</strong>nte da Associação Nacional dos Evangélicos incluir em sua lista das<br />
<strong>de</strong>z preocupações principais a "rejeição do imposto sobre lucros do capital". Com <strong>de</strong>masiada freqüência a agenda<br />
dos grupos religiosos conservadores está <strong>de</strong> acordo com a linha da agenda dos políticos conservadores e não<br />
fundamenta suas priorida<strong>de</strong>s em uma fonte transcen<strong>de</strong>nte. Como todos os outros, os evangélicos têm o direito <strong>de</strong><br />
apresentar suas propostas em todas essas questões, mas, no momento em que as apresentamos como parte <strong>de</strong><br />
alguma plataforma "cristã", abandonamos nosso elevado fundamento moral.<br />
Quando o movimento dos direitos civis — a gran<strong>de</strong> cruzada moral do nosso tempo — emergiu em meados da<br />
década <strong>de</strong> sessenta, os evangélicos, na sua maioria, permaneceram nas laterais. Muitas igrejas sulistas, como a<br />
minha, resistiram ferozmente às mudanças. Gradualmente, oradores como Billy Graham e Oral Roberts apoiaram<br />
o movimento. Apenas agora <strong>de</strong>nominações evangélicas como a Comunida<strong>de</strong> Pentecostal da América do Norte e<br />
os Batistas do Sul procuraram unir-se com as igrejas negras. Somente agora os movimentos populistas como os<br />
Promise Keepers estão fazendo da reconciliação racial uma priorida<strong>de</strong>.<br />
Para vergonha nossa, Ralph Reed admite que a centelha da recente onda dos evangélicos na política não foi<br />
acesa pela preocupação com o aborto, a injustiça na África do Sul, ou qualquer outra questão moral constringente.<br />
Não, a administração Carter acen<strong>de</strong>u o novo ativismo quando mandou que o Departamento do Tesouro<br />
investigasse as escolas particulares, exigindo que provassem que não foram organizadas com o intuito <strong>de</strong><br />
preservar a segregação. Pegando nas armas por causa <strong>de</strong>sta brecha na barreira igreja-estado, os evangélicos foram<br />
às ruas.<br />
Com <strong>de</strong>masiada freqüência, em suas incursões na política, os cristãos provaram ser "sábios como as pombas" e<br />
"inofensivos como as serpentes" — exatamente o oposto do preceito <strong>de</strong> Jesus. Se esperamos que a socieda<strong>de</strong> leve<br />
a sério nossa contribuição, então temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar mais sabedoria em nossas escolhas.<br />
Minha terceira conclusão a respeito das relações igreja-estado é um princípio que tomei emprestado <strong>de</strong> G. K.<br />
Chesterton: a intimida<strong>de</strong> entre a igreja e o Estado é boa para o Estado e ruim para a igreja.<br />
Ja adverti contra o fato <strong>de</strong> a igreja estar transformando-se em "exterminadora moral" do mundo. Na verda<strong>de</strong>, o<br />
Estado precisa <strong>de</strong> exterminadores morais e vai recebê-los <strong>de</strong> braços abertos sempre que a igreja fizer esse favor. O<br />
presi<strong>de</strong>nte Eisenhower disse à nação em 1954: "Nosso governo não faz sentido se não for fundamentado sobre<br />
uma fé religiosa profundamente sentida — e não me importo qual seja ela". Eu costumava rir da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />
Eisenhower até que, em um fim <strong>de</strong> semana, fiquei diante <strong>de</strong> uma situação que me mostrou a pura verda<strong>de</strong> por trás<br />
<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>claração.<br />
Estava participando <strong>de</strong> um fórum em New Orleans com <strong>de</strong>z cristãos, <strong>de</strong>z ju<strong>de</strong>us e <strong>de</strong>z muçulmanos; a ocasião<br />
coincidia com o auge da temporada do Carnaval. Ficamos em uma centro católico para retiros, longe do rebuliço<br />
da cida<strong>de</strong>. Uma noite, porém, alguns dos participantes foram passear pelo bairro francês para ver um dos <strong>de</strong>sfiles<br />
do Carnaval. Foi uma cena assustadora.<br />
Milhares <strong>de</strong> pessoas se acotovelavam nas ruas tão perto umas das outras que fomos arrastados por uma onda<br />
humana, incapazes <strong>de</strong> nos libertar. Moças <strong>de</strong>bruçavam-se sobre as sacadas gritando: "Seios por conta!" Em troca<br />
<strong>de</strong> uma bijuteria vistosa, elas levantavam a camiseta e se <strong>de</strong>snudavam. Por um presente mais elaborado, ficavam<br />
nuas. Vi homens embriagados pegarem uma menina adolescente na multidão gritando: "Mostre seus seios!"!<br />
Quando ela se recusou, arrancaram a blusa da moça, levantaram-na até a altura dos ombros e a apalpavam<br />
enquanto ela gritava, protestando. Em sua bebe<strong>de</strong>ira, lascívia e até mesmo violência, os foliões do Carnaval<br />
estavam <strong>de</strong>monstrando o que acontece quando os <strong>de</strong>sejos humanos recebem permissão <strong>de</strong> correr soltos.<br />
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