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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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Novamente Ele se inclina para escrever, marcando passo <strong>de</strong> novo, e, um a um, todos os acusadores se afastam.<br />

A seguir, Jesus se endireita e dirige-se à mulher, que ficou sozinha diante <strong>de</strong>le. — Mulher, on<strong>de</strong> estão eles?<br />

Ninguém te con<strong>de</strong>nou?<br />

— Ninguém, senhor — ela diz.<br />

E para a mulher, tomada pelo terror da expectativa <strong>de</strong> uma possível execução, Jesus dá o veredito: — Nem eu<br />

te con<strong>de</strong>no... Vai e abandona tua vida <strong>de</strong> pecado.<br />

Assim, em uma pincelada brilhante, Jesus substitui as duas categorias presumidas, os justos e os culpados, por<br />

duas categorias diferentes: os pecadores que admitem o pecado e os pecadores que o negam. A mulher apanhada<br />

em adultério, <strong>de</strong>samparada, admitiu sua culpa. Muito mais problemáticas eram as pessoas que, como os fariseus,<br />

negavam ou reprimiam a culpa. Eles também precisavam estar <strong>de</strong> mãos vazias para receber a graça divina. O dr.<br />

Paul Tournier 8 expressa este padrão em linguagem psiquiátrica: "Deus apaga a culpa consciente, mas traz à<br />

consciência a culpa reprimida".<br />

A cena que se encontra em João 8 me <strong>de</strong>sconcerta porque, por causa <strong>de</strong> minha própria natureza, i<strong>de</strong>ntifico-me<br />

mais com os acusadores do que com a acusada. Nego mais do que confesso. Envolvendo meus pecados em um<br />

manto <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong>, raramente — ou nunca — me <strong>de</strong>ixo apanhar em uma indiscrição espalhafatosa e<br />

pública. Mas, se entendo corretamente esta história, a mulher pecadora é a que está mais próxima do reino <strong>de</strong><br />

Deus. De fato, só posso avançar no reino se me tornar como essa mulher: trêmula, humil<strong>de</strong>, sem <strong>de</strong>sculpas, as<br />

mãos abertas para receber a graça <strong>de</strong> Deus.<br />

Essa cena <strong>de</strong> abertura para receber é o que chamo <strong>de</strong> "captar" a graça. Ela tem <strong>de</strong> ser recebida. E o termo<br />

cristão para esse ato é arrependimento, 3. porta da graça. C. S. Lewis 9 disse que o arrependimento não é uma<br />

coisa que Deus arbitrariamente exige <strong>de</strong> nós; "é simplesmente uma <strong>de</strong>scrição daquilo que significa voltar". Em se<br />

tratando da parábola do Filho Pródigo, o arrependimento é a fuga para casa que conduz à celebração feliz. Abre o<br />

caminho para um futuro, para um relacionamento restaurado.<br />

As muitas passagens explícitas sobre o pecado aparecem sob uma nova luz quando compreendo o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

Deus <strong>de</strong> me pressionar para o arrependimento, a porta da graça. Jesus disse a Nico<strong>de</strong>mos: "Porque Deus 10 enviou<br />

o seu Filho ao mundo, não para que con<strong>de</strong>nasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele". Em outras<br />

palavras, Deus <strong>de</strong>sperta minha culpa para o meu próprio benefício. Ele não procura me esmagar, mas me libertar.<br />

E a libertação exige um espírito in<strong>de</strong>feso como o <strong>de</strong>ssa mulher apanhada com as mãos sujas, e não o espírito<br />

altivo dos fariseus.<br />

Uma falha só po<strong>de</strong> ser radicalmente curada se for trazida à luz. Os alcoólatras sabem que se uma pessoa não<br />

reconhecer o seu problema — "Eu sou um alcoólatra" — não há esperança <strong>de</strong> cura. Para os negadores<br />

especializados, tal confissão po<strong>de</strong> exigir intervenções excruciantes da família e dos amigos, que "escrevem na<br />

areia" a vergonhosa verda<strong>de</strong> até que o alcoólatra a admita. 6<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Tournier: 11<br />

...os crentes que estão mais <strong>de</strong>sesperados consigo mesmos são aqueles que expressam com mais força sua<br />

confiança na graça. Temos um S. Paulo... e um S. Francisco <strong>de</strong> Assis, que afirmaram que foram os maiores<br />

pecadores <strong>de</strong> todos os homens; e um Calvino, que afirmou que o homem era incapaz <strong>de</strong> fazer o bem e <strong>de</strong><br />

conhecer a Deus por meio do seu próprio po<strong>de</strong>r...<br />

"São os santos que têm o senso do pecado", diz o padre Daniélou. E continua: "O senso do pecado é a<br />

medida da consciência que uma alma tem <strong>de</strong> Deus".<br />

É possível, adverte o escritor bíblico Judas, transformar "em dissolução a graça 12 <strong>de</strong> nosso Deus". Nem mesmo<br />

uma ênfase sobre o arrependimento apaga este perigo completamente. Ambos, meu amigo Daniel e o con<strong>de</strong>nado<br />

australiano, concordariam em teoria com a necessida<strong>de</strong> do arrependimento. E os dois estavam planejando explorar<br />

a brecha da graça conseguindo o que <strong>de</strong>sejavam agora e arrepen<strong>de</strong>ndo-se mais tar<strong>de</strong>. Primeiro, uma idéia tortuosa<br />

se forma no fundo da mente. É algo que eu <strong>de</strong>sejo. Sim, eu sei que é errado. Mas por que simplesmente não vou<br />

em frente? Sempre posso obter o perdão <strong>de</strong>pois. A idéia se transforma em obsessão e, finalmente, a graça se<br />

transforma em "dissolução imoral".<br />

Os cristãos têm reagido a esse perigo <strong>de</strong> diversas formas. Martinho Lutero, 13 embriagado com a graça <strong>de</strong> Deus,<br />

às vezes zombava do potencial do abuso. Ele escreveu a seu amigo Melanchton: "Se você for um pregador da<br />

6 Utiliza-se o termo "bêbado seco" para <strong>de</strong>screver um alcoólatra que pára <strong>de</strong> beber, mas permanece negando, recusando-se a admitir que tem um problema.<br />

Seco, mas miserável, ele torna miseráveis todos os que o cercam. Continua manipulando os outros e puxa as cordas da <strong>de</strong>pendência. Mas como não bebe mais,<br />

não tem mais intervalos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Os membros da família po<strong>de</strong>m até tentar fazer que esse alcoólatra beba <strong>de</strong> novo, para ter alívio; eles querem o seu<br />

"bêbado feliz" <strong>de</strong> volta. O escritor Keith Miller compara essa pessoa a um hipócrita na igreja, que muda o exterior, mas não o interior. A verda<strong>de</strong>ira mudança,<br />

tanto para o alcoólatra quanto para o cristão, <strong>de</strong>ve começar com a admissão <strong>de</strong> que precisa da graça. A negação bloqueia a graça.<br />

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