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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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Texas. Estão preparadas para um Deus que efetua barganhas duras, mas não para um Deus que dá tanto por<br />

uma hora <strong>de</strong> trabalho quanto por um dia. Estão preparadas para um reino <strong>de</strong> Deus do tamanho <strong>de</strong> uma semente<br />

<strong>de</strong> mostarda, que não é maior do que o olho <strong>de</strong> uma salamandra, mas não para a imensa figueira brava da Índia<br />

em que a semente se transforma, com aves em seus ramos cantando Mozart. Elas estão preparadas para o<br />

jantar trivial da Igreja evangélica que freqüentam, mas não para a ceia das bodas do Cor<strong>de</strong>iro...<br />

No meu enten<strong>de</strong>r, Judas e Pedro se <strong>de</strong>stacavam como os discípulos mais matemáticos. Judas <strong>de</strong>via ter<br />

<strong>de</strong>monstrado alguma facilida<strong>de</strong> com números ou os outros não o teriam eleito tesoureiro. Pedro insistia nos<br />

<strong>de</strong>talhes, sempre procurando <strong>de</strong>svendar exatamente aquilo que Jesus queria dizer. Além disso, os evangelhos<br />

registram que, quando Jesus fez acontecer a pesca milagrosa, Pedro puxou 153 gran<strong>de</strong>s peixes. Quem, a não ser<br />

um matemático, teria se importado em contar o monte <strong>de</strong> peixes que se remexiam?<br />

Era, portanto, apropriado que o escrupuloso apóstolo Pedro procurasse uma fórmula matemática da graça.<br />

"Senhor, até quantas vezes 7 pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?", ele perguntou a Jesus. "Até sete<br />

vezes?", quis saber. Pedro estava errado quanto à magnanimida<strong>de</strong>, pois os rabinos do seu tempo haviam sugerido<br />

o três como o número máximo <strong>de</strong> vezes que se <strong>de</strong>via esperar que alguém perdoasse.<br />

"Não sete vezes, mas setenta e sete vezes", respon<strong>de</strong>u Jesus imediatamente. Alguns manuscritos dizem<br />

"setenta vezes sete", mas dificilmente faz diferença se Jesus disse 77 ou 490. O perdão, Ele <strong>de</strong>u a enten<strong>de</strong>r, não é<br />

o tipo <strong>de</strong> coisa que você calcula em um ábaco.<br />

A pergunta <strong>de</strong> Pedro provocou outra das impressionantes histórias <strong>de</strong> Jesus. Desta feita Ele fala a respeito <strong>de</strong><br />

um servo que havia, não se sabe como, amontoado uma dívida <strong>de</strong> diversos milhões <strong>de</strong> dólares. O fato <strong>de</strong> que<br />

nenhum servo po<strong>de</strong>ria acumular uma dívida <strong>de</strong>sse tamanho enfatiza o que Jesus quer dizer: confiscar a família,<br />

os filhos e toda a proprieda<strong>de</strong> do homem não faria nenhuma diferença no pagamento da dívida. Era<br />

imperdoável. Não obstante, o rei, tocado pela pieda<strong>de</strong>, abruptamente cancela a dívida e <strong>de</strong>ixa o servo ir livre.<br />

Subitamente, a história se inverte. O servo que acabara <strong>de</strong> ser perdoado agarra um colega que lhe <strong>de</strong>ve alguns<br />

dólares e começa a esganá-lo. "Paga-me o que me <strong>de</strong>ves!", 8 ele exige, e joga o outro na ca<strong>de</strong>ia. Em resumo, o<br />

servo ganancioso é um ingrato.<br />

O fato <strong>de</strong> Jesus ter pintado a parábola com traços tão exagerados <strong>de</strong>ixa bem claro que o rei na história<br />

representa Deus. Isso mais do que tudo <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>terminar nossas atitu<strong>de</strong>s para com os outros: uma<br />

conscientização humil<strong>de</strong> <strong>de</strong> que Deus já nos perdoou uma dívida do tamanho <strong>de</strong> uma montanha e que, ao lado<br />

<strong>de</strong>la, quaisquer erros pessoais contra nós se encolhem como formigas. Como po<strong>de</strong>ríamos não perdoar uns aos<br />

outros à luz <strong>de</strong> tudo o que Deus nos perdoou?<br />

C. S. Lewis 9 expõe esse argumento da seguinte maneira: "Ser cristão significa perdoar o imperdoável, porque<br />

Deus perdoou o imperdoável em você". Lewis mesmo penetrou nas profun<strong>de</strong>zas do perdão <strong>de</strong> Deus em um<br />

relance <strong>de</strong> revelação ao repetir a frase do Credo dos Apóstolos: "Creio no perdão dos pecados", no Dia <strong>de</strong> São<br />

Marcos. Seus pecados se foram, perdoados! "Essa verda<strong>de</strong> apareceu em minha mente em luz tão clara que percebi<br />

que nunca antes (e isso <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitas confissões e absolvições) havia crído nela <strong>de</strong> todo o meu coração." 10<br />

Quanto mais reflito nas parábolas <strong>de</strong> Jesus, mais tentado me sinto a reivindicar a palavra "atroz" para <strong>de</strong>screver a<br />

matemática do evangelho. Eu creio que Jesus nos <strong>de</strong>u essas histórias a respeito da graça para nos convocar a sair<br />

completamente <strong>de</strong>sse mundo toma-lá-dá-cá da falta <strong>de</strong> graça e entrar no reino da graça infinita <strong>de</strong> Deus. Como<br />

Miroslav Volf 11 diz, "a economia da graça não-merecida tem primazia sobre a economia dos merecimentos<br />

morais". A partir da escola maternal somos ensinados a ter sucesso no mundo da não-graça. Passarinho que cedo<br />

madruga cedo limpa o biquinho. Ninguém come <strong>de</strong> graça. Reclame seus direitos. Pague e receba.<br />

Conheço bem essas regras porque vivo por elas. Trabalho para comer; gosto <strong>de</strong> ganhar; insisto nos meus direitos.<br />

Quero que as pessoas recebam o que merecem — nem mais, nem menos.<br />

Se prestar atenção, porém, ouço um sussurro forte vindo do evangelho que diz que não recebi o que mereço.<br />

Eu merecia castigo e obtive perdão. Merecia a ira e recebi amor. Merecia a ca<strong>de</strong>ia do <strong>de</strong>vedor e recebi, em vez<br />

disso, uma ficha limpa. Merecia advertências severas e <strong>de</strong>via me arrepen<strong>de</strong>r rastejando <strong>de</strong> joelhos, mas recebi um<br />

banquete — a festa <strong>de</strong> Babette — colocado diante <strong>de</strong> mim.<br />

De certa maneira, a graça resolveu um dilema <strong>de</strong> Deus. Não é preciso ler muito da Bíblia para <strong>de</strong>tectar uma tensão<br />

subjacente em como Deus se sente a respeito da humanida<strong>de</strong>. De um lado, nos ama; do outro, nosso<br />

comportamento o enoja. Deus anseia por ver nas pessoas algo <strong>de</strong> sua própria imagem refletida; quando muito, vê<br />

fragmentos esparsos <strong>de</strong>ssa imagem. Mesmo assim, Deus não po<strong>de</strong> — ou não vai — <strong>de</strong>sistir.<br />

Uma passagem <strong>de</strong> Isaías é freqüentemente citada como prova da distância e do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus:<br />

Pois os meus pensamentos 12 não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos,<br />

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