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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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graça: "Todo velhaco vai argumentar: 'Eu gosto <strong>de</strong> cometer crimes. Deus gosta <strong>de</strong> perdoá-los. De fato, o mundo<br />

foi admiravelmente arranjado'".<br />

Nesse particular, confesso que apresentei um quadro unilateral da graça. Descrevi Deus como um pai cego <strong>de</strong><br />

amor, ansioso por perdoar, e a graça como uma força suficientemente po<strong>de</strong>rosa para quebrar as ca<strong>de</strong>ias que nos<br />

amarram e suficientemente misericordiosa para vencer diferenças profundas entre nós. Descrever a graça em tais<br />

termos arrasadores torna as pessoas nervosas, e eu concordo que já escorreguei à beira <strong>de</strong>sse abismo. Fiz isso<br />

porque acredito no que diz o Novo Testamento. Consi<strong>de</strong>re este lembrete penetrante do gran<strong>de</strong> e antigo pregador<br />

Martyn Lloyd-Jones: 3<br />

Existe, portanto, claramente, um sentido no qual a mensagem da "justificação somente pela fé" po<strong>de</strong> ser<br />

perigosa. E igualmente perigosa a mensagem <strong>de</strong> que a salvação é inteiramente <strong>de</strong> graça...<br />

Eu diria a todos os pregadores: Se a sua pregação a respeito da salvação não foi mal-entendida <strong>de</strong>sse modo,<br />

então seria melhor que examinassem <strong>de</strong> novo os seus sermões. E também seria melhor que se certificassem <strong>de</strong><br />

que realmente estão pregando a salvação que é oferecida no Novo Testamento ao ímpio, ao pecador, àqueles<br />

que são inimigos <strong>de</strong> Deus. Há esse tipo <strong>de</strong> elemento perigoso a respeito da verda<strong>de</strong>ira apresentação da doutrina<br />

da salvação.<br />

A graça tem cheiro <strong>de</strong> escândalo. Quando alguém perguntou ao teólogo Karl Barth o que ele diria a Adolf<br />

Hitler, ele respon<strong>de</strong>u: "Jesus <strong>Cristo</strong> morreu pelos seus pecados". Pelos pecados <strong>de</strong> Hitler? De Judas? A graça não<br />

tem limites?<br />

Dois gigantes do Antigo Testamento, Moisés e Davi, cometeram homicídio e Deus ainda os amava. Como já<br />

mencionei, outro homem que dirigiu uma campanha <strong>de</strong> torturas criou um padrão missionário que nunca foi<br />

igualado. Paulo nunca se cansou <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver esse milagre do perdão: "Outrora fui 4 blasfemo e perseguidor e<br />

injuriador, mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulida<strong>de</strong>; e a graça <strong>de</strong> nosso Senhor<br />

superabundou com a fé e o amor que há em <strong>Cristo</strong> Jesus. Fiel é esta palavra e digna <strong>de</strong> toda a aceitação: que<br />

<strong>Cristo</strong> Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal".<br />

Ron Nikkel, que dirige a Associação Internacional nas Prisões, tem um discurso padrão que transmite aos<br />

prisioneiros em todo o mundo. "Não sabemos quem vai para o céu", ele diz. E prossegue o discurso: "Jesus <strong>de</strong>u a<br />

enten<strong>de</strong>r que uma porção <strong>de</strong> pessoas serão surpreendidas: 'Nem todos os que me dizem: Senhor, Senhor, entrarão<br />

no reino dos céus'. Mas nós sabemos que alguns ladrões e homicidas estarão ali. Jesus prometeu o céu ao ladrão<br />

na cruz e o apóstolo Paulo foi cúmplice <strong>de</strong> assassinatos". Tenho observado a expressão nos rostos <strong>de</strong> prisioneiros<br />

em lugares como o Chile, Peru e Rússia quando a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ron atinge o ponto. Para eles, o escândalo da graça<br />

soa bom <strong>de</strong>mais para ser verda<strong>de</strong>.<br />

Quando Bill Moyers filmou um especial para a televisão a respeito do hino "<strong>Maravilhosa</strong> <strong>Graça</strong>", sua câmera<br />

seguiu Johnny Cash até as entranhas <strong>de</strong> uma prisão <strong>de</strong> segurança máxima. — O que este hino significa para você?<br />

— Cash perguntou aos prisioneiros <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cantar o hino. Um homem cumprindo pena por tentativa <strong>de</strong><br />

assassinato replicou: — Fui diácono, membro <strong>de</strong> igreja, mas não sabia o que a graça significava até que vim parar<br />

em um lugar como este.<br />

O potencial para o "abuso da graça" ficou claro para mim, <strong>de</strong> uma maneira bastante forte, em uma conversa com<br />

um amigo que chamarei <strong>de</strong> Daniel. Já era tar<strong>de</strong> da noite e eu estava sentado em um restaurante com Daniel<br />

ouvindo-o confi<strong>de</strong>nciar-me que havia <strong>de</strong>cidido abandonar sua esposa <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quinze anos <strong>de</strong> casamento. Ele<br />

havia se envolvido com uma mulher mais jovem e mais bonita, alguém que o fazia sentir-se vivo, "como eu não<br />

me sentia há anos", conforme ele mesmo dizia. Sua esposa e ele não tinham gran<strong>de</strong>s incompatibilida<strong>de</strong>s. Ele<br />

simplesmente queria uma mudança, como um homem que <strong>de</strong>seja ar<strong>de</strong>ntemente um carro novo.<br />

Daniel, um cristão, conhecia bem as conseqüências pessoais e morais do que ia fazer. Sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> separarse<br />

infligiria prejuízos permanentes à sua esposa e aos três filhos. Mesmo assim, ele disse, a força que o<br />

impulsionava para a mulher mais jovem, como um ímã po<strong>de</strong>roso, era forte <strong>de</strong>mais para ele po<strong>de</strong>r resistir.<br />

Escutei a história <strong>de</strong> Daniel com tristeza e amargura, falando pouco enquanto tentava absorver a notícia. Então,<br />

durante a sobremesa, ele <strong>de</strong>ixou cair a bomba: "Na verda<strong>de</strong>, Philip, quero saber uma coisa. O motivo porque quis<br />

falar com você hoje à noite foi para lhe perguntar o que está me preocupando. Você estuda a Bíblia. Você acha<br />

que Deus po<strong>de</strong> perdoar uma coisa tão horrível como a que vou fazer?".<br />

A pergunta <strong>de</strong> Daniel jazia na mesa como uma serpente viva; tomei três xícaras <strong>de</strong> café antes <strong>de</strong> me atrever a<br />

dar uma resposta. Nesse intervalo, pensei muito na repercussão da graça. Como po<strong>de</strong>ria dissuadir meu amigo <strong>de</strong><br />

cometer um erro terrível se ele souber que o perdão jaz ali ao virar a esquina? Ou, como na sombria história <strong>de</strong><br />

Robert Hughes, na Austrália, o que evitaria que um con<strong>de</strong>nado cometesse homicídio se ele soubesse com<br />

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