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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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Na manhã seguinte, <strong>de</strong> volta ao centro do retiro, comparamos as histórias da noite anterior. Algumas das<br />

mulheres, feministas ar<strong>de</strong>ntes, estavam muito abaladas. Sabíamos que cada uma <strong>de</strong> nossas religiões tinha algo a<br />

contribuir para a socieda<strong>de</strong> em geral. Os muçulmanos, os cristãos e os ju<strong>de</strong>us, todos nós ajudávamos a socieda<strong>de</strong><br />

a compreen<strong>de</strong>r por que tal comportamento animal não era apenas inaceitável, mas também maligno. A religião<br />

<strong>de</strong>fine o mal e dá às pessoas a força moral para resistir. Como "a consciência do Estado", ajudamos a informar o<br />

mundo a respeito da justiça e da retidão.<br />

Nesse sentido cívico, Eisenhower 13 estava certo: a socieda<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> religião, e pouco importa que tipo <strong>de</strong><br />

religião. A Nação Islâmica ajuda a limpar o gueto; a igreja mórmon diminui a criminalida<strong>de</strong> em Utah, tornando-o<br />

um Estado <strong>de</strong> famílias e amigos. Os fundadores dos Estados Unidos reconheceram que especialmente uma<br />

<strong>de</strong>mocracia, menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da or<strong>de</strong>m imposta e mais da virtu<strong>de</strong> dos cidadãos livres, precisa <strong>de</strong> um<br />

fundamento religioso.<br />

Alguns anos atrás, o filósofo Glenn Tin<strong>de</strong>r escreveu um artigo amplamente comentado para The Atlantic<br />

Monthly [O mensãrio atlânticol intitulado "Po<strong>de</strong>mos ser bons sem Deus?". Sua conclusão, meticulosamente<br />

discutida, em uma só palavra foi: não. Os seres humanos, inevitavelmente, <strong>de</strong>rivam para o hedonismo e egoísmo a<br />

não ser que alguma coisa transcen<strong>de</strong>nte — o amor ãgape — os leve a se importar com alguém mais do que com<br />

eles mesmos, era o que Tin<strong>de</strong>r argumentava. Com senso <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> irônico, o artigo apareceu um mês<br />

<strong>de</strong>pois da queda da Cortina <strong>de</strong> Ferro, um evento que acabou com o i<strong>de</strong>alismo daqueles que haviam tentado<br />

construir uma socieda<strong>de</strong> justa sem Deus.<br />

Não nos atrevemos, entretanto, a esquecer a última parte do aforismo <strong>de</strong> Chesterton: embora um acomodamento<br />

entre a igreja e o Estado possa ser bom para o Estado, é ruim para a igreja. Aí resi<strong>de</strong> o principal perigo para a<br />

graça: o Estado, que governa pelas regras da não-graça, gradualmente esgota a sublime mensagem da graça da<br />

igreja.<br />

Insaciável pelo po<strong>de</strong>r, o Estado po<strong>de</strong> muito bem <strong>de</strong>cidir que a igreja seria ainda mais útil se ele a controlasse.<br />

Isto aconteceu mais dramaticamente na Alemanha nazista, quando, <strong>de</strong> forma sinistra, os cristãos evangélicos<br />

foram atraídos pela promessa <strong>de</strong> Hitler <strong>de</strong> restaurar a moral do governo e da socieda<strong>de</strong>. Muitos lí<strong>de</strong>res<br />

protestantes inicialmente agra<strong>de</strong>ceram a Deus pelo surgimento dos nazistas, que pareciam a única alternativa para<br />

o comunismo. De acordo com Karl Barth, 14 a igreja "quase unanimemente recebeu bem o regime <strong>de</strong> Hitler, com<br />

confiança verda<strong>de</strong>ira, realmente com as mais elevadas esperanças". Tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais apren<strong>de</strong>ram que, mais uma vez,<br />

a igreja fora seduzida pelo po<strong>de</strong>r do Estado.<br />

A igreja opera melhor como uma força <strong>de</strong> resistência, um contrapeso ao po<strong>de</strong>r consumidor do Estado. Quanto<br />

mais íntima ela fica do governo, mais diluída fica a sua mensagem. O próprio evangelho muda quando se<br />

transforma em religião civil. A ética elevada <strong>de</strong> Aristóteles, lembra-nos Alasdair Maclntyre, não dá lugar a um<br />

homem bom <strong>de</strong>monstrando amor por um homem mau. Em outras palavras, não enten<strong>de</strong> um evangelho da graça.<br />

Resumindo, o Estado <strong>de</strong>ve sempre diluir a qualida<strong>de</strong> absoluta dos mandamentos <strong>de</strong> Jesus e transformá-los em<br />

uma forma <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> externa — precisamente o oposto do evangelho da graça. Jacques Ellul chega ao ponto<br />

<strong>de</strong> dizer que o Novo Testamento não ensina uma coisa tal como "ética judaico-cristã". Ele or<strong>de</strong>na conversão e,<br />

<strong>de</strong>pois, isto: "Se<strong>de</strong> vós, pois, perfeitos, 15 como perfeito é o vosso Pai que está nos céus". Leia o Sermão do Monte<br />

e tente imaginar qualquer governo agindo segundo esse conjunto <strong>de</strong> leis.<br />

Um governo po<strong>de</strong> fechar lojas e teatros aos domingos, mas não po<strong>de</strong> exigir a adoração. Po<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r e punir<br />

os assassinos da KKK, mas não po<strong>de</strong> curar o seu ódio, muito menos ensinar-lhes amor. Po<strong>de</strong> aprovar leis<br />

tornando o divórcio mais difícil, mas não po<strong>de</strong> obrigar os maridos a amar suas esposas e as esposas a amar seus<br />

maridos. Po<strong>de</strong> dar subsídios aos pobres, mas não po<strong>de</strong> forçar os ricos a <strong>de</strong>monstrar por eles compaixão e justiça.<br />

Po<strong>de</strong> banir o adultério, mas não a concupiscência; o roubo, mas não a cobiça; a frau<strong>de</strong>, mas não o orgulho. Po<strong>de</strong><br />

encorajar a virtu<strong>de</strong>, mas não a santida<strong>de</strong>.<br />

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