Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
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CAPÍTULO 12<br />
ESQUISITICES, NÃO<br />
oh!, aqui os lírios ao seu amor aparecem.<br />
George Herbert<br />
Apenas uma vez me atrevi a pregar um sermão para crianças. Naquele domingo <strong>de</strong> manhã, levei comigo um saco<br />
<strong>de</strong> compras reveladoramente suspeito e cheiroso e, durante o culto da manhã, convi<strong>de</strong>i todas as crianças da igreja<br />
a se juntarem a mim na plataforma, on<strong>de</strong> gradualmente revelei o conteúdo do saco.<br />
Primeiro puxei diversos pacotes <strong>de</strong> torresmos (naquele tempo o petisco predileto do presi<strong>de</strong>nte George Bush)<br />
para comermos. Depois, tirei uma cobra <strong>de</strong> brinquedo e uma gran<strong>de</strong> mosca <strong>de</strong> borracha, provocando gritos no<br />
meu jovem auditório. Em seguida, conchas. Finalmente, para gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>leite das crianças, tirei cautelosamente <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntro do saco uma lagosta viva. Larry, o apelido que <strong>de</strong>mos à lagosta, respondia mexendo as garras <strong>de</strong> maneira<br />
muito ameaçadora.<br />
O zelador da igreja e eu trabalhamos horas extras naquele dia; <strong>de</strong>pois que as crianças <strong>de</strong>sceram, assumi a<br />
tarefa <strong>de</strong> explicar aos pais por que Deus no passado havia con<strong>de</strong>nado todos esses alimentos. As leis levíticas do<br />
Antigo Testamento proibiam especificamente cada iguaria que havíamos comido, e os ju<strong>de</strong>us ortodoxos não<br />
tocariam em nenhum conteúdo <strong>de</strong> meu saco <strong>de</strong> compras. "O que Deus tem contra as lagostas?", intitulei o meu<br />
sermão.<br />
Abrimos a Bíblia juntos em uma fascinante passagem do Novo Testamento, a narrativa da visão do apóstolo<br />
Pedro sobre o terraço da casa. Tendo subido ao terraço para orar sozinho, Pedro começou a sentir fome. Sua<br />
mente vagueava, e ele entrou em êxtase. Depois disso, teve uma visão espantosa. Um gran<strong>de</strong> lençol <strong>de</strong>sceu do<br />
céu, cheio <strong>de</strong> mamíferos, répteis e aves "impuros". O texto <strong>de</strong> Atos 10 não é muito específico, mas po<strong>de</strong>mos<br />
encontrar uma boa dica das espécies <strong>de</strong>sses animais em Levítico 11: porcos, camelos, coelhos, abutres, corvos,<br />
mochos, corujas, cegonhas, morcegos, formigas, besouros, ursos, lagartos, camaleões, doninhas, ratos, cobras.<br />
Simão, isso éporcaria! Nem toque. Vá lavar as mãos agora mesmo!, sem dúvida ele <strong>de</strong>ve ter ouvido sua mãe<br />
gritar. Por quê? Porque nós somos diferentes, por isso. Nós não comemos porcos. Eles são sujos, impuros. Deus<br />
nos disse para nem mesmo tocá-los. Para Pedro, como para qualquer ju<strong>de</strong>u na Palestina, tais alimentos eram mais<br />
do que repugnantes — eles constituíam tabu, eram abomináveis. "Ser-vos-ão por abominação", 1 Deus dissera.<br />
Se no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> um dia Pedro por acaso tocasse na carcaça <strong>de</strong> um inseto, tinha <strong>de</strong> tomar banho e lavar suas<br />
roupas, permanecendo impuro até a noite, <strong>de</strong>squalificado para visitar o templo em tal estado. E se acontecesse,<br />
digamos, que uma lagartixa ou uma aranha caísse do teto sobre uma panela <strong>de</strong> barro, ele teria <strong>de</strong> jogar fora o que<br />
houvesse na panela e quebrá-la.<br />
Agora esses itens <strong>de</strong> contrabando estavam <strong>de</strong>scendo em um lençol, com uma voz celestial or<strong>de</strong>nando:<br />
"Levante-se, Pedro, mate e coma".<br />
Pedro fez com que Deus se lembrasse <strong>de</strong> suas próprias regras. "Claro que não, Senhor!", ele protestou. "Nunca<br />
comi nada impuro ou duvidoso."<br />
A voz respon<strong>de</strong>u: "Não chame <strong>de</strong> impuro nada que Deus tenha purificado". Esta mesma cena se repetiu por<br />
duas vezes mais até que Pedro, abalado em seu coração, <strong>de</strong>sceu as escadas e <strong>de</strong>u <strong>de</strong> cara com o próximo susto do<br />
dia: um grupo <strong>de</strong> gentios "impuros" que <strong>de</strong>sejava juntar-se ao grupo <strong>de</strong> discípulos <strong>de</strong> Jesus.<br />
Os cristãos que hoje comem carne <strong>de</strong> porco, mariscos, ostras e lagostas não captam facilmente o impacto <strong>de</strong>sta<br />
cena que aconteceu sobre um telhado há tantos anos. Para sentirmos a força do choque, o paralelo mais próximo<br />
que posso imaginar seria se, no meio <strong>de</strong> uma convenção batista no sul, no Estádio do Texas, um bar totalmente<br />
equipado <strong>de</strong>scesse <strong>de</strong> maneira sobrenatural no meio do campo e uma voz trovejante vinda do céu insistisse com<br />
os abstêmios: "Bebam!".<br />
Posso imaginar a reação: "Claro que não, Senhor! Somos batistas.<br />
Nunca tocamos nessas coisas". Esse era o tipo <strong>de</strong> convicção que Pedro tinha contra alimentos impuros.<br />
O inci<strong>de</strong>nte em Atos 10 po<strong>de</strong> ter expandido a dieta da igreja primitiva, mas não forneceu a resposta para a minha<br />
pergunta original: "O que Deus tem contra as lagostas?". Para isso tenho <strong>de</strong> voltar ao livro <strong>de</strong> Levítico, on<strong>de</strong> Deus<br />
explica a proibição: "Eu sou o Senhor 2 vosso Deus; consagrai-vos, e se<strong>de</strong> santos, porque eu sou santo". A rápida<br />
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