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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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No seu livro Guilt and Grace [Culpa e <strong>Graça</strong>], o médico suíço Paul Tournier, 4 um homem <strong>de</strong> profunda fé<br />

pessoal, admite: "Não consigo estudar com você este sério problema da culpa sem levantar o fato óbvio e trágico<br />

<strong>de</strong> que a religião — a minha própria como também a <strong>de</strong> todos os crentes — po<strong>de</strong> esmagar em vez <strong>de</strong> libertar".<br />

Tournier fala <strong>de</strong> pacientes que o procuraram: um homem abrigando culpa por causa <strong>de</strong> um antigo pecado, uma<br />

mulher que não podia esquecer <strong>de</strong> um aborto que fizera há <strong>de</strong>z anos. O que os pacientes realmente buscam, diz<br />

Tournier, é graça. Mas, em algumas igrejas encontram a vergonha, a ameaça do castigo e um sentimento <strong>de</strong><br />

julgamento. Resumindo, quando procuram graça na igreja, com freqüência encontram não-graça<br />

Uma mulher divorciada contou-me que estava no santuário <strong>de</strong> sua igreja com sua filha <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

quando a esposa do pastor se aproximou. "Ouvi dizer que você e seu marido estão se divorciando. O que eu não<br />

consigo enten<strong>de</strong>r é, se vocês amam Jesus, por que estão fazendo isso?" A esposa do pastor nunca havia<br />

conversado com a minha amiga antes, e sua dura repreensão na presença da filha <strong>de</strong>ixou-a perplexa. "A dor estava<br />

no fato <strong>de</strong> que eu e meu marido amávamos Jesus <strong>de</strong> coração, mas o casamento havia-se quebrado além do<br />

conserto. Se ela apenas tivesse me abraçado e dito: 'Eu sinto muito...'."<br />

Mark Twain costumava falar <strong>de</strong> pessoas que eram "boas no pior sentido da palavra", uma frase que, para<br />

muitos, capta a reputação dos cristãos <strong>de</strong> hoje. Recentemente, estive fazendo uma pergunta a pessoas<br />

<strong>de</strong>sconhecidas — pessoas sentadas ao meu lado no avião, por exemplo — quando buscava dar início a uma<br />

conversa. "Quando eu digo as palavras 'cristão evangélico', no que você pensa?" Em resposta, ouço<br />

principalmente suas <strong>de</strong>scrições políticas: ativistas barulhentos a favor da vida, ou oponentes aos direitos dos<br />

homossexuais, ou proponentes para censurar a Internet. Ouço referências à Maioria Moral, uma organização<br />

<strong>de</strong>sbaratada anos atrás. Nenhuma vez — uma única vez sequer— ouvi uma <strong>de</strong>scrição com fragrância <strong>de</strong> graça.<br />

Aparentemente, esse não é o aroma que os cristãos distribuem pelo mundo.<br />

H. L. Mencken <strong>de</strong>screveu um puritano como uma pessoa com um medo obsessivo <strong>de</strong> que alguém, em algum<br />

lugar, seja feliz; hoje, muitas pessoas aplicariam a mesma caricatura aos evangélicos ou fundamentalistas. De<br />

on<strong>de</strong> vem essa reputação <strong>de</strong> retidão sem alegria? Um artigo da humorista Erma Bombeck 5 nos dá uma pista:<br />

Domingo passado, na igreja, eu prestava atenção a uma criança que se virava para trás e sorria para todos.<br />

Ela não estava fazendo nenhum barulho, nem estava cantarolando, ou chutando, nem rasgando os hinários,<br />

nem mexendo na bolsa da mãe. Apenas sorrindo. Finalmente, sua mãe olhou para ela com cara feia e num<br />

sussurro teatral que po<strong>de</strong>ria ser ouvido em um pequeno teatro da Broadway, disse: "Pare <strong>de</strong> sorrir! Você está<br />

na igreja!". Em seguida, <strong>de</strong>u-lhe um tapa e, quando lágrimas começaram a rolar pela face da criança, a mãe<br />

acrescentou: "Assim é melhor", e retornou às suas orações...<br />

Subitamente, eu fiquei zangada. Percebi que o mundo inteiro está em lágrimas e, se você não está<br />

chorando, é melhor começar. Eu quis abraçar aquela criança com o rosto molhado <strong>de</strong> lágrimas e lhe falar a<br />

respeito do meu Deus. O Deus feliz. O Deus sorri<strong>de</strong>nte. O Deus que precisava ter senso <strong>de</strong> humor para ter<br />

criado gente como nós... Por tradição, as pessoas usam a fé com a solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhantes <strong>de</strong> enterro, a<br />

serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma máscara trágica e a <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> um participante do Rotary.<br />

Que loucura, eu pensei. Aqui está uma mulher sentada ao lado da única luz ainda existente em nossa<br />

civilização — a única esperança, nosso único milagre — nossa única promessa <strong>de</strong> infinida<strong>de</strong>. Se ela não podia<br />

sorrir na igreja, para on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ir?<br />

Essa caracterização <strong>de</strong> cristãos certamente está incompleta, pois conheço muitos cristãos que personificam a<br />

graça. Mas em algum ponto da história a igreja conseguiu receber uma reputação <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> graça. Como orou<br />

uma menininha inglesa: "Ó Deus, transforme as pessoas ruins em pessoas boas, e as pessoas boas em pessoas<br />

agradáveis".<br />

William James, 6 talvez o mais importante filósofo americano do século passado, tinha uma simpática visão da<br />

igreja, conforme expressou em seu clássico estudo The Varieties of Religious Experience [A diversida<strong>de</strong> da<br />

experiência religiosa]. Contudo, ele lutava para compreen<strong>de</strong>r a intolerância dos cristãos que perseguiam os<br />

quakers porque eles não cumprimentavam tirando o chapéu e que vigorosamente discutiam a moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tingir<br />

tecidos. Ele escreveu a respeito do ascetismo <strong>de</strong> um padre francês do interior que <strong>de</strong>cidiu "que nunca cheiraria<br />

uma flor, nunca beberia quando estivesse morrendo <strong>de</strong> se<strong>de</strong>, nunca espantaria uma mosca, nunca <strong>de</strong>monstraria<br />

nojo diante <strong>de</strong> um objeto repugnante, nunca se queixaria <strong>de</strong> nada que prejudicasse o seu conforto pessoal, nunca<br />

se assentaria, nunca se apoiaria em seus cotovelos quando estivesse ajoelhado".<br />

O famoso místico S. João da Cruz 7 aconselhava os crentes a mortificar toda alegria e esperança, voltando-se<br />

"não para o que mais agrada, mas para o que mais <strong>de</strong>sagrada", e a "<strong>de</strong>sprezar-se, e a <strong>de</strong>sejar que os outros o<br />

<strong>de</strong>sprezem". S. Bernardo costumava cobrir os olhos para não ver a beleza dos lagos suíços.<br />

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