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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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percorremos longas distâncias para racionalizar nosso comportamento, perpetuarmos nossas brigas familiares, nos<br />

punir e punirmos aos outros — e fazemos tudo isso para fugir <strong>de</strong>sse ato antinatural.<br />

Em uma visita a Bath, na Inglaterra, vi uma reação muito normal para a ofensa. Nas ruínas romanas que ali se<br />

encontram, os arqueólogos <strong>de</strong>scobriram várias "maldições" escritas em latim e gravadas sobre placas <strong>de</strong> estanho<br />

ou bronze. Séculos atrás, usuários dos banhos jogaram essas orações como uma oferta aos <strong>de</strong>uses do banho, mais<br />

ou menos como as mo<strong>de</strong>rnas moedas nas fontes para ter sorte. Uma <strong>de</strong>las pedia ajuda a uma <strong>de</strong>usa para uma<br />

vingança <strong>de</strong> sangue contra alguém que havia lhe roubado seis moedas. Outra dizia: "Docime<strong>de</strong>s per<strong>de</strong>u duas<br />

luvas. Ele pe<strong>de</strong> que a pessoa que as roubou perca o seu juízo e os seus olhos no templo que freqüenta".<br />

Quando olhava para as inscrições em latim e lia suas traduções, tive o pensamento <strong>de</strong> que essas orações faziam<br />

sentido. Por que não empregar o po<strong>de</strong>r divino para nos ajudar na justiça humana aqui na terra? Muitos dos Salmos<br />

expressam o mesmo sentimento, implorando a Deus que nos vingue <strong>de</strong> alguma malda<strong>de</strong>. "Senhor, se não po<strong>de</strong>s<br />

tornar-me magra, então faze os meus amigos ficarem gordos", a humorista Erma Bombeck uma vez orou. O que<br />

seria mais humano?<br />

Em vez disso, Jesus, <strong>de</strong> uma maneira inversa excepcional, instruiu-nos a orar: "Perdoa-nos 4 as nossas dívidas,<br />

assim como nós perdoamos aos nossos <strong>de</strong>vedores". No centro da oração do Pai-Nosso, que Jesus nos ensinou,<br />

escon<strong>de</strong>-se furtivo o ato nada natural do perdão. Os banhistas romanos insistiam com os seus <strong>de</strong>uses para dar<br />

apoio à justiça humana; Jesus vinculou o perdão divino à nossa disposição <strong>de</strong> perdoar atos <strong>de</strong> injustiça.<br />

Charles Williams 5 disse o seguinte a respeito da Oração do Pai Nosso: "Nenhuma expressão em inglês carrega<br />

maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terror do que as palavras 'assim como' nessa cláusula". O que torna o "assim como" tão<br />

aterrorizante? O fato <strong>de</strong> que Jesus simplesmente conecta nossa absolvição pelo Pai ao nosso perdão contínuo aos<br />

outros seres humanos. A próxima observação <strong>de</strong> Jesus não po<strong>de</strong>ria ser mais explícita: "Porém se não perdoar<strong>de</strong>s 6<br />

aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vós".<br />

Uma coisa é ser apanhado pelo ciclo da não-graça com um cônjuge ou sócio, e outra, totalmente diferente, é<br />

ser apanhado nesse ciclo com o Deus todo-po<strong>de</strong>roso. Mas a Oração do Pai Nosso junta as duas coisas: Quando<br />

nos libertamos para interromper o ciclo, para começar <strong>de</strong> novo, Deus po<strong>de</strong> libertar-nos, quebrar o ciclo,<br />

começar <strong>de</strong> novo.<br />

John Dry<strong>de</strong>n 7 escreveu a respeito dos efeitos solenes <strong>de</strong>ssa verda<strong>de</strong>. "Mais libelos foram escritos contra mim<br />

do que contra qualquer homem ainda vivo", ele protestou. E preparou-se para atacar seus inimigos. Mas "esta<br />

consi<strong>de</strong>ração freqüentemente me faz tremer quando estou fazendo a oração do Pai-Nosso; pois a simples condição<br />

do perdão que rogamos é o perdão aos outros das ofensas que fizeram contra nós; por isso tenho, muitas vezes,<br />

evitado a comissão <strong>de</strong>ssa falta, mesmo quando fui notoriamente provocado".<br />

Dry<strong>de</strong>n estava certo em tremer. Em um mundo governado pelas leis da não-graça, Jesus requer — ou melhor,<br />

exige — uma reação <strong>de</strong> perdão. Tão urgente é a necessida<strong>de</strong> do perdão que ele tem precedência sobre os <strong>de</strong>veres<br />

"religiosos": "Portanto, se trouxeres a tua oferta 8 ao altar, e aí te lembrares <strong>de</strong> que teu irmão tem alguma coisa<br />

contra ti, <strong>de</strong>ixa diante do altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; <strong>de</strong>pois vem, e apresenta a<br />

tua oferta".<br />

Jesus concluiu sua parábola a respeito do servo que não perdoou com uma cena do senhor mandando o servo<br />

para a ca<strong>de</strong>ia para ser torturado. "Assim vos fará 9 também meu pai celeste, se <strong>de</strong> coração não perdoar<strong>de</strong>s, cada um<br />

a seu irmão, as suas ofensas", disse Jesus. Eu <strong>de</strong>sejaria fervorosamente que essas palavras não se encontrassem na<br />

Bíblia, mas elas estão lá, enunciadas pelos lábios do próprio <strong>Cristo</strong>. Deus nos garantiu uma terrível influência:<br />

negando o perdão aos outros, estamos, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>terminando que eles são indignos do perdão <strong>de</strong> Deus, e da<br />

mesma forma nós. De algum modo misterioso, o perdão divino <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós.<br />

Shakespeare colocou o perdão em O Mercador <strong>de</strong> Veneza da seguinte maneira: "Como esperas tu<br />

misericórdia, não conce<strong>de</strong>ndo nenhuma?".<br />

Tony Campolo, às vezes, pergunta aos estudantes das universida<strong>de</strong>s seculares o que eles sabem a respeito <strong>de</strong><br />

Jesus. Conseguiriam eles lembrar-se <strong>de</strong> alguma coisa que Jesus disse? Quase sempre respon<strong>de</strong>m:<br />

"Amar os inimigos" 2 . Mais do que qualquer outro ensinamento <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, esse se <strong>de</strong>staca para o <strong>de</strong>scrente. Tal<br />

atitu<strong>de</strong> não é natural, talvez seja absolutamente suicida. Já é difícil perdoar nossos irmãos, como José fez, quanto<br />

mais os inimigos! A gangue <strong>de</strong> bandidos da outra rua? Os terroristas? Os traficantes que envenenam nossa nação?<br />

Muitos éticos preferem concordar com o filósofo Immanuel Kant, que argumentou que uma pessoa <strong>de</strong>ve ser<br />

2 L. Gregory Jones'° observa: "Tal chamado para amar os inimigos é assustador em seu franco reconhecimento <strong>de</strong> que os cristãos fiéis terão inimigos. Embora<br />

<strong>Cristo</strong> <strong>de</strong>cisivamente <strong>de</strong>rrotasse o pecado e o mal por meio da sua cruz e da ressurreição, a influência do pecado e do mal ainda não acabou completamente.<br />

Portanto, pelo menos em um sentido, ainda vivemos neste lado da plenitu<strong>de</strong> da Páscoa".<br />

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