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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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transformo em meus amigos?", respon<strong>de</strong>u o presi<strong>de</strong>nte, que preferiu estabelecer um plano magnânimo <strong>de</strong><br />

reconstrução. O espírito <strong>de</strong> Lincoln orientou a nação mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua morte, talvez o motivo central porque<br />

os Estados "Unidos" permaneceram assim.<br />

Ainda mais impressionantes são os passos para a reconciliação entre as raças negra e branca, uma das quais<br />

possuía a outra. Os efeitos duradouros do racismo provam que são precisos muitos anos e muito trabalho árduo<br />

para <strong>de</strong>sfazer a injustiça. Ainda assim, cada passo que os afro-americanos dão na direção da participação como<br />

cidadãos implica um movimento na direção do perdão. Nem todos os negros perdoam e nem todos os brancos se<br />

arrepen<strong>de</strong>m; o racismo divi<strong>de</strong> a nação profundamente. Mas compare nossa situação com o que aconteceu,<br />

digamos, na antiga Iugoslávia. Não tenho visto nenhuma metralhadora bloqueando as estradas para Atlanta ou<br />

granadas da artilharia caindo em Birmingham.<br />

Fui criado como racista. Embora ainda não tenha cinqüenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, lembro-me bem quando o Sul<br />

praticava uma forma perfeitamente legal <strong>de</strong> apartheid. As lojas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atlanta tinham três banheiros:<br />

homens brancos, mulheres brancas e negros. Os postos <strong>de</strong> gasolina tinham dois bebedouros, um para os brancos e<br />

outro para os negros. Os motéis e restaurantes serviam apenas aos clientes brancos, e quando o Ato dos Direitos<br />

Civis tornou essa discriminação ilegal, muitos proprietários fecharam seus estabelecimentos.<br />

Lester Maddox, mais tar<strong>de</strong> eleito governador da Geórgia, foi um dos donos <strong>de</strong> restaurantes que protestaram.<br />

Depois <strong>de</strong> fechar as suas distribuidoras <strong>de</strong> frango frito, ele abriu um memorial para a morte da liberda<strong>de</strong>,<br />

apresentando uma cópia do "Declaração dos Direitos" repousando em um caixão coberto com manto negro. Para<br />

sustentar-se, vendia porretes e cabos <strong>de</strong> machadinhas em três diferentes tamanhos: Papai, Mamãe e Júnior,<br />

réplicas dos porretes utilizados para bater nos negros que faziam passeatas pelos direitos civis. Comprei um<br />

<strong>de</strong>sses cabos <strong>de</strong> machados com o dinheiro que ganhei entregando jornais. Lester Maddox, às vezes, vinha à minha<br />

igreja (sua irmã era membro), e foi lá que fiquei conhecendo um fundamento teológico distorcido para o meu<br />

racismo.<br />

Na década <strong>de</strong> 60, a mesa diaconal da igreja mobilizou esquadrões <strong>de</strong> vigilância e, aos domingos, eles se<br />

revezavam patrulhando as entradas para que nenhum negro viesse nos "perturbar" integrando-se a nós. Ainda<br />

tenho um dos cartões que os diáconos imprimiram para entregar a cada participante dos direitos civis que pu<strong>de</strong>sse<br />

aparecer: 3<br />

Crendo que as motivações do seu grupo são dissimuladas e contrárias aos ensinamentos da Palavra <strong>de</strong><br />

Deus, nãopo<strong>de</strong>mos esten<strong>de</strong>r-lhe as boas-vindas e, respeitosamente, lhe pedimos que <strong>de</strong>ixe o recinto. As<br />

Escrituras NÃO ensinam "a fraternida<strong>de</strong> dos homens e a paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus". Ele é o Criador <strong>de</strong> todos, mas<br />

Pai apenas daqueles que foram regenerados.<br />

Se qualquer um <strong>de</strong> vocês está aqui com o sincero <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer Jesus <strong>Cristo</strong> como Salvador e Senhor,<br />

estaremos dispostos a falar individualmente a respeito da Palavra <strong>de</strong> Deus.<br />

(Declaração unânime do pastor e diáconos, agosto <strong>de</strong> 1960)<br />

Quando o Congresso assinou o Ato dos Direitos Civis, nossa igreja criou uma escola particular como abrigo<br />

para os brancos, expressamente proibida para todos os estudantes negros. Alguns poucos membros "liberais"<br />

<strong>de</strong>ixaram a igreja em protesto quando o jardim-<strong>de</strong>-infância não aceitou a filha <strong>de</strong> um professor negro do<br />

seminário, mas a maioria <strong>de</strong> nós aprovou a <strong>de</strong>cisão. Um ano <strong>de</strong>pois, a junta da igreja rejeitou um estudante do<br />

Instituto Bíblico Carver como membro (seu nome era Tony Evans e ele tornou-se um notável pastor e orador da<br />

atualida<strong>de</strong>).<br />

Costumávamos chamar Martin Luther King Jr. <strong>de</strong> "Martin Lúcifer Negro". Dizíamos que King era um<br />

comunista <strong>de</strong> carteirinha, um agente marxista que apenas se disfarçava em ministro. Só muito tempo <strong>de</strong>pois fui<br />

capaz <strong>de</strong> apreciar a força moral do homem que, talvez mais do que qualquer outra pessoa, evitou uma guerra<br />

racial no Sul.<br />

Meus colegas brancos na escola e na igreja aplaudiam os confrontos televisionados <strong>de</strong> King com os <strong>de</strong>legados<br />

sulistas, cães da polícia e cavalaria. Pouco sabíamos que fazendo assim estávamos agindo diretamente a favor da<br />

estratégia <strong>de</strong> King. Ele <strong>de</strong>liberadamente procurava indivíduos como o <strong>de</strong>legado Bull Connor e se submetia às<br />

cenas <strong>de</strong> confrontação, aceitando espancamentos, prisões e outras brutalida<strong>de</strong>s porque acreditava que uma nação<br />

complacente se reuniria ao redor <strong>de</strong> sua causa apenas quando visse o mal do racismo manifesto em seu<br />

extremismo mais cruel. "O cristianismo", ele costumava dizer, "sempre tem insistido que a cruz que levamos<br />

3 Visitei o Museu do Holocausto em Washington, D.C e fiquei profundamente comovido com a <strong>de</strong>scrição das atrocida<strong>de</strong>s nazistas contra os ju<strong>de</strong>us. O que<br />

me impressionou pessoalmente, entretanto, foi uma seção logo no início da exposição que <strong>de</strong>monstrava como as primeiras leis discriminatórias contra os<br />

ju<strong>de</strong>us — as lojas, bancos nas praças, banheiros e bebedouros "só para ju<strong>de</strong>us" — foram explicitamente imitações das leis <strong>de</strong> segregação dos Estados<br />

Unidos.<br />

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