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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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que podia imaginar, mas nada fazia efeito sobre Michael. As palavras que jogava contra ele voltavam,<br />

inúteis, até que finalmente, um dia, em um acesso <strong>de</strong> raiva, ela disse: "Não quero vê-lo nunca mais em<br />

minha vida". Isso foi há vinte e seis anos, e ela não o viu mais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então.<br />

Michael também é meu amigo íntimo. Diversas vezes durante estes vinte e seis anos tenho tentado<br />

algum tipo <strong>de</strong> reconciliação entre os dois, e todas as vezes enfrento novamente o terrível po<strong>de</strong>r da nãograça.<br />

Quando perguntei a Margaret se ela se arrependia <strong>de</strong> alguma coisa dita ao filho, se gostaria <strong>de</strong><br />

retirar alguma coisa, ela me olhou com um repente <strong>de</strong> raiva ígnea como se eu fosse o Michael. "Não sei<br />

por que Deus não o levou há muito tempo, antes <strong>de</strong> ele fazer todas as coisas que fez!", disse, com um<br />

olhar feroz, amedrontador, nos olhos.<br />

Sua fúria não-disfarçada me <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>sarmado. Fiquei olhando para ela durante um minuto: suas<br />

mãos crispadas, seu rosto vermelho, repuxando os pequeninos músculos ao redor dos olhos. "Você quer<br />

dizer que gostaria <strong>de</strong> ver o seu próprio filho morto?", perguntei-lhe finalmente. Ela não respon<strong>de</strong>u.<br />

Michael emergiu da safra dos anos sessenta com a mente obscurecida pelo LSD. Mudou-se para o<br />

Havaí, viveu com uma mulher, <strong>de</strong>ixou-a, conheceu outra, e então se casou. — Sue é tudo <strong>de</strong> que eu<br />

precisava —, ele me disse quando o visitei uma vez. — Com essa vou ficar.<br />

Mas não ficou. Lembro-me <strong>de</strong> uma conversa telefônica com Michael, interrompida por um recurso<br />

tecnológico irritante chamado "espera". A linha <strong>de</strong>u um clique e Michael disse: — Dá licença —, e<br />

então me <strong>de</strong>ixou segurando um receptor silencioso por pelo menos quatro minutos. Ele se <strong>de</strong>sculpou<br />

quando voltou. Estava perturbado. — Era Sue —, ele disse. — Estamos acertando algumas das últimas<br />

questões financeiras do divórcio.<br />

—Não sabia que você ainda tinha contato com Sue — eu disse, tentando conversar.<br />

—Eu não tenho! — ele me interrompeu, utilizando quase o mesmo tom <strong>de</strong> voz que eu ouvira <strong>de</strong> sua<br />

mãe, Margaret. —Espero nunca mais vê-la em toda a minha vida!<br />

Ambos ficamos em silêncio por um longo tempo. Estivéramos conversando a respeito <strong>de</strong> Margaret e,<br />

embora eu não dissesse nada, pareceu que Michael reconhecera em sua própria voz o tom <strong>de</strong> voz <strong>de</strong> sua<br />

mãe, que era realmente o tom <strong>de</strong> voz da mãe <strong>de</strong>la, Daisy, traçando todo o caminho <strong>de</strong> volta ao que havia<br />

acontecido em uma fileira <strong>de</strong> casas em Chicago há quase um século.<br />

Como se fosse um <strong>de</strong>feito espiritual codificado no DNA da família, a ausência <strong>de</strong> graça passou em<br />

uma ca<strong>de</strong>ia ininterrupta.<br />

A não-graça opera calma e letalmente, como um gás venenoso, imperceptível. Um pai morre sem<br />

perdão. Uma mãe que antes carregou um filho no seu próprio corpo não fala com ele durante meta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua vida. A toxina se insinua, <strong>de</strong> geração em geração.<br />

Margaret é uma cristã piedosa que estuda a Bíblia todos os dias, e uma vez eu lhe falei a respeito da<br />

parábola do Filho Pródigo. "O que você acha <strong>de</strong>ssa parábola?", perguntei. "Você percebe a mensagem<br />

<strong>de</strong> perdão que está contida nela?"<br />

Obviamente, ela havia pensado no assunto, pois sem hesitação respon<strong>de</strong>u que a parábola aparece em<br />

Lucas 15 como a terceira em uma série <strong>de</strong> três: a moeda perdida, a ovelha perdida, o filho perdido. Ela<br />

disse que a parábola <strong>de</strong>monstrava como os seres humanos diferem <strong>de</strong> objetos inanimados (moedas) e <strong>de</strong><br />

animais (ovelhas). "As pessoas têm livre-arbítrio", ela disse. "Elas precisam ser moralmente responsáveis.<br />

Esse rapaz precisou voltar humil<strong>de</strong>. Ele teve <strong>de</strong> arrepen<strong>de</strong>r-se. Isso é o que Jesus quis<br />

<strong>de</strong>monstrar."<br />

Não, Margaret, não é isso que Jesus quis <strong>de</strong>monstrar. Todas essas histórias enfatizam a alegria <strong>de</strong><br />

quem achou. É verda<strong>de</strong> que o pródigo voltou para casa <strong>de</strong> livre e espontânea vonta<strong>de</strong>, mas o ponto<br />

central da história é o amor chocante do pai: "Quando ainda estava longe, viu-o o seu pai, e se moveu <strong>de</strong><br />

íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou". Quando o filho tenta explicar-se, o<br />

pai interrompe seu discurso preparado a fim <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar a celebração.<br />

Um missionário no Líbano 1 leu uma vez esta parábola a um grupo <strong>de</strong> habitantes <strong>de</strong> uma vila que<br />

vivia em uma cultura muito parecida com a que Jesus <strong>de</strong>screveu e que nunca havia ouvido a história. "O<br />

que vocês perceberam?", ele perguntou.<br />

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