Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
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diz o Senhor.<br />
Assim como os céus são mais altos do que a terra,<br />
assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que<br />
os vossos pensamentos.<br />
No contexto, entretanto, Deus está <strong>de</strong>screvendo sua ansieda<strong>de</strong> em perdoar. O mesmo Deus que criou os céus e<br />
a terra tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> criar uma ponte sobre o abismo que o separa <strong>de</strong> suas criaturas. Ele vai trazer reconcilação e<br />
perdoar, não importa que obstáculos seus filhos pródigos coloquem no caminho. Como o profeta Miquéias diz: "O<br />
Senhor não retém 13 a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia".<br />
Às vezes, as emoções conflitantes <strong>de</strong> Deus lutam entre si na mesma cena. No livro <strong>de</strong> Oséias, por exemplo,<br />
Deus vacila entre reminiscências ternas do seu povo e a solene ameaça <strong>de</strong> julgamento. "Cairá a espada 14 sobre as<br />
suas cida<strong>de</strong>s", Ele adverte sinistramente, e então, quase no meio da sentença, escapa um grito <strong>de</strong> amor:<br />
Como te <strong>de</strong>ixaria, ó Efraim?<br />
Como te entregaria, ó Israel?...<br />
Está comovido em mim o meu coração,<br />
todas as minhas compaixões à uma se acen<strong>de</strong>m.<br />
"Não executarei o furor da minha ira", Deus conclui, finalmente. "Porque eu sou Deus, e não homem, o Santo<br />
no meio <strong>de</strong> ti." Novamente Deus reserva para si o direito <strong>de</strong> alterar as regras da retribuição. Embora Israel tenha<br />
merecido totalmente sua repreensão, não receberá o que merece. Eu sou Deus, e não homem... Não tenho o<br />
direito <strong>de</strong> fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Deus irá a qualquer distância <strong>de</strong>spropositada para trazer<br />
sua família <strong>de</strong> volta.<br />
Em uma parábola surpreen<strong>de</strong>ntemente dramatizada, Deus pe<strong>de</strong> ao profeta Oséias que se case com uma mulher<br />
chamada Gômer para ilustrar o seu amor por Israel. Gômer tem três filhos <strong>de</strong> Oséias, <strong>de</strong>pois abandona a família<br />
para viver com outro homem. Durante algum tempo, ela trabalha como prostituta e é durante esse período que<br />
Deus dá a surpreen<strong>de</strong>nte or<strong>de</strong>m a Oséias: "Vai outra vez, ama 15 uma mulher, amada <strong>de</strong> seu amigo, e adúltera,<br />
como o Senhor ama os filhos <strong>de</strong> Israel, embora eles olhem para outros <strong>de</strong>uses".<br />
Em Oséias, o escândalo da graça se torna real, um escândalo conhecido na cida<strong>de</strong>. O que se passa na mente <strong>de</strong><br />
um homem quando sua esposa o trata como Gômer tratou Oséias? Ele queria matá-la, ele queria perdoá-la. Ele<br />
queria divorciar-se, ele queria reconciliar-se. Ela o envergonhou, ela o <strong>de</strong>sintegrou. De maneira absurda, contra<br />
todas as expectativas, o po<strong>de</strong>r irresistível do amor venceu. Oséias, o marido enganado, motivo <strong>de</strong> piada na<br />
comunida<strong>de</strong>, recebeu sua esposa <strong>de</strong> volta ao lar.<br />
Gômer não recebeu imparcialida<strong>de</strong>, nem justiça; ela recebeu graça. Toda vez que leio sua história — ou leio os<br />
discursos <strong>de</strong> Deus que começam com severida<strong>de</strong> e se dissolvem em lágrimas — fico maravilhado diante <strong>de</strong> Deus<br />
por se permitir suportar tanta humilhação apenas para voltar e receber mais. "Como te <strong>de</strong>ixaria, ó Efraim? Como<br />
te entregaria, ó Israel?" Substitua o nome <strong>de</strong> Efraim e Israel pelo seu próprio nome. No coração do evangelho está<br />
um Deus que <strong>de</strong>liberadamente submete-se ao po<strong>de</strong>r selvagem e irresistível do amor.<br />
Séculos <strong>de</strong>pois, um apóstolo explicaria a reação <strong>de</strong> Deus em termos mais analíticos: "Mas on<strong>de</strong> o pecado<br />
abundou, 16 superabundou a graça". Paulo sabia melhor do que ninguém que essa graça não é merecida, ela vem da<br />
iniciativa <strong>de</strong> Deus, e não da nossa. Jogado ao chão no caminho para Damasco, Paulo nunca se recuperou do<br />
impacto da graça: a palavra sempre aparece o mais tardar na segunda frase <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong> suas cartas. Como<br />
Fre<strong>de</strong>rick Buechner 17 diz: "A graça é o melhor que ele po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar-lhes porque a graça é o melhor que ele<br />
sempre recebeu".<br />
Paulo repetia sempre a mesma coisa insistindo na graça porque sabia o que po<strong>de</strong>ria acontecer se nós crêssemos<br />
que merecemos o amor <strong>de</strong> Deus. Nos momentos <strong>de</strong> crise, quando falhássemos completamente com Deus, ou<br />
quando por qualquer motivo não nos sentíssemos amados, ficaríamos em terreno inseguro. Teríamos medo <strong>de</strong> que<br />
Deus pu<strong>de</strong>sse parar <strong>de</strong> nos amar quando <strong>de</strong>scobrisse a verda<strong>de</strong> a nosso respeito. Paulo — "o principal dos<br />
pecadores", como ele mesmo se intitulou uma vez — sabia, sem sombra <strong>de</strong> dúvida, que Deus ama as pessoas pelo<br />
que Ele é, e não pelo que somos.<br />
Consciente do aparente escândalo da graça, Paulo esforçou-se para explicar como Deus fez a paz com os seres<br />
humanos. A graça nos <strong>de</strong>sconcerta porque vai contra a intuição que todos têm <strong>de</strong> que, diante da injustiça, algum<br />
preço tem <strong>de</strong> ser pago. Um homicida não po<strong>de</strong> simplesmente ficar livre. Alguém que abusa <strong>de</strong> crianças não po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>svencilhar-se dizendo: "Eu fiquei com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer isso". Antecipando-se a tais objeções, Paulo <strong>de</strong>stacou<br />
que um preço foi pago — pelo próprio Deus. Ele <strong>de</strong>sistiu do seu próprio Filho, Jesus <strong>Cristo</strong>, para não <strong>de</strong>sistir da<br />
humanida<strong>de</strong>.<br />
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