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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Paulo brilhou mais intensamente por causa <strong>de</strong> seu cenário obscuro: uma cela nua <strong>de</strong><br />

concreto, o perfeito pano <strong>de</strong> fundo para a melancólica lei da falta <strong>de</strong> perdão. Assassinos <strong>de</strong>vem ficar presos e ser<br />

executados, e não perdoados. Mas, por um momento, a mensagem do perdão irradiou através das pare<strong>de</strong>s da<br />

prisão, mostrando ao mundo um caminho <strong>de</strong> transformação, e não <strong>de</strong> vingança.<br />

O papa, naturalmente, estava seguindo o exemplo daquele que não sobreviveu ao atentado contra a sua vida.<br />

Os tribunais irregulares da Judéia encontraram um jeito <strong>de</strong> aplicar uma sentença <strong>de</strong> pena capital sobre o único<br />

homem perfeito que já viveu na terra. Da cruz, Jesus pronunciou a sua própria contra-sentença, dando um golpe<br />

eterno contra a lei da falta <strong>de</strong> perdão. Notavelmente, ele perdoou aqueles que não se arrepen<strong>de</strong>ram: "[Eles] não<br />

sabem o que fazem". 9<br />

Os soldados romanos, Pilatos, Hero<strong>de</strong>s e membros do Sinédrio estavam "apenas executando o seu <strong>de</strong>ver" — a<br />

<strong>de</strong>sculpa fraca mais tar<strong>de</strong> utilizada para explicar Auschwitz, My Lai e o Gulag —, mas Jesus acabou com esse<br />

verniz institucional e falou ao coração humano. Eles precisavam <strong>de</strong> perdão, mais do que qualquer outra coisa.<br />

Sabemos, aqueles <strong>de</strong> nós que crêem na expiação, que Jesus tinha mais em mente do que os seus executores<br />

quando enunciou aquelas palavras finais. Ele pensava em nós. Na cruz, e apenas na cruz, ele acabou com a lei das<br />

conseqüências eternas.<br />

O perdão interessa em um lugar como a Iugoslávia, on<strong>de</strong> tanta malda<strong>de</strong> foi realizada? Sim, ou as pessoas ali não<br />

terão esperança <strong>de</strong> conviver juntas. Como tantas crianças que sofreram abuso apren<strong>de</strong>ram, sem o perdão não<br />

po<strong>de</strong>mos nos libertar das garras do passado. O mesmo princípio se aplica às nações.<br />

Tenho um amigo cujo casamento passou por momentos tumultuados. Uma noite George passou dos limites.<br />

Bateu na mesa e pisou forte no chão. "Eu te o<strong>de</strong>io!", gritou para a esposa. "Não agüento mais! Já basta! Não vou<br />

continuar! Não vou permitir! Não! Não! Não!"<br />

Vários meses <strong>de</strong>pois, meu amigo acordou no meio da noite e ouviu estranhos sons vindos do quarto on<strong>de</strong> seu<br />

filho <strong>de</strong> dois anos dormia. Atravessou pesadamente o corredor, parou por um momento do lado <strong>de</strong> fora da porta<br />

do quarto do seu filho e calafrios passaram pelo seu corpo. Mal conseguia respirar. Com vozinha mansa, a criança<br />

<strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> estava repetindo palavra por palavra, com inflexão exata, a briga entre seus pais. "Eu te<br />

o<strong>de</strong>io... Eu não agüento mais... Não! Não! Não!"<br />

George enten<strong>de</strong>u que <strong>de</strong> maneira horrível ele havia transmitido seu sofrimento, raiva e falta <strong>de</strong> perdão para a<br />

próxima geração. Não é o que está acontecendo por toda a Iugoslávia agora?<br />

Dissociado do perdão, o monstruoso passado po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a qualquer momento da hibernação para <strong>de</strong>vorar<br />

o presente. E também o futuro.<br />

CAPÍTULO 10<br />

O ARSENAL DA GRAÇA<br />

Apenas um pequeno estalo...<br />

mas esta os jazem túneis <strong>de</strong>sabar.<br />

Alexan<strong>de</strong>r Solznenitsyn<br />

Walter Wink 1 conta <strong>de</strong> dois pacifistas que visitaram um grupo <strong>de</strong> cristãos poloneses <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois do fim da<br />

Segunda Guerra Mundial. "Vocês não gostariam <strong>de</strong> se encontrar com os cristãos da Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal?", os<br />

pacifistas perguntaram. "Eles querem pedir perdão pelo que a Alemanha fez à Polônia durante a guerra e iniciar,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, um novo relacionamento."<br />

No início houve silêncio. Então um polonês falou: "O que vocês estão pedindo é impossível. Cada pedra <strong>de</strong><br />

Varsóvia está encharcada <strong>de</strong> sangue polonês! Não po<strong>de</strong>mos perdoar!".<br />

Contudo, antes do grupo partir, recitaram juntos a oração do Pai Nosso. Quando chegaram às palavras<br />

"perdoa-nos os nossos pecados assim como nós perdoamos...", todos pararam <strong>de</strong> orar. A tensão cresceu no<br />

recinto. O polonês que havia falado com tanta veemência disse: "Eu tenho <strong>de</strong> dizer sim a vocês. Não posso mais<br />

fazer a oração do Pai Nosso, não posso mais me chamar <strong>de</strong> cristão se recusar o perdão. Humanamente falando,<br />

não posso, mas Deus vai dar-nos a força!". Dezoito meses <strong>de</strong>pois, os cristãos poloneses e alemães oci<strong>de</strong>ntais<br />

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