Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
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prefeito da cida<strong>de</strong>), enfrentaram tempos difíceis para aceitar a situação. Depois que Mel lhes <strong>de</strong>u a notícia,<br />
passaram por diversos estágios: do choque à negação.<br />
Em <strong>de</strong>terminado ponto, o entrevistador da TV perguntou aos pais <strong>de</strong> Mel diante das câmeras: —Vocês sabem<br />
o que outros cristãos estão dizendo a respeito do seu filho. Dizem que ele é uma abominação. O que vocês<br />
pensam disso?<br />
—Bem — a mãe respon<strong>de</strong>u com voz doce e trêmula — ,ele po<strong>de</strong> ser uma abominação, mas continua sendo<br />
nosso orgulho e nossa alegria.<br />
Essa frase permaneceu comigo porque a consi<strong>de</strong>ro uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> graça <strong>de</strong> partir o coração. Percebi que a<br />
mãe <strong>de</strong> Mel White expressou como Deus vê a cada um <strong>de</strong> nós. De alguma forma, todos nós somos abominações<br />
para Deus — Pois todos pecaram 1 e <strong>de</strong>stituídos estão da glória <strong>de</strong> Deus— e, <strong>de</strong> alguma forma, contra toda razão,<br />
Deus nos ama assim mesmo. A graça <strong>de</strong>clara que ainda somos o orgulho e a alegria <strong>de</strong> Deus.<br />
Paul Tournier 2 escreveu a respeito <strong>de</strong> um amigo que estava se divorciando:<br />
Não posso aprovar essa atitu<strong>de</strong>, porque o divórcio sempre será <strong>de</strong>sobediência a Deus. Estaria traindo minha<br />
fé se escon<strong>de</strong>sse isso <strong>de</strong>le. Sei que sempre há uma solução diferente do divórcio para um conflito conjugai, se<br />
realmente estamos preparados para buscada sob a orientação <strong>de</strong> Deus. Mas sei que esta <strong>de</strong>sobediência não é<br />
pior do que a calúnia, a mentira, o gesto orgulhoso do qual sou culpado todos os dias. As circunstâncias <strong>de</strong><br />
nossas vidas são diferentes, mas a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos corações é a mesma. Se eu estivesse no lugar <strong>de</strong>le, será<br />
que agiria <strong>de</strong> maneira diferente? Não tenho idéia. Pelo menos sei que precisaria <strong>de</strong> amigos que me amassem<br />
sem reservas como eu sou, com todas as minhas fraquezas, e que confiassem em mim sem me julgar. Se ele<br />
obtiver o divórcio, sem dúvida vai encontrar dificulda<strong>de</strong>s ainda maiores do que as que tem agora. Vai precisar<br />
ainda mais da minha afeição, e esta é a certeza que posso lhe dar.<br />
Recebi um telefonema <strong>de</strong> Mel White no meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas campanhas ativistas. Ele estava jejuando em um<br />
acampamento em Colorado Springs, no Colorado, um bolsão <strong>de</strong> conservadores incitado até o "ponto <strong>de</strong> explosão"<br />
pelos ativistas dos direitos gays. Dentro do acampamento Mel estava exibindo correspondência "para esmagar os<br />
gays" enviada por organizações cristãs <strong>de</strong> Colorado Springs. Mel estava pedindo aos lí<strong>de</strong>res cristãos que<br />
<strong>de</strong>sistissem da retórica inflamada, pois em muitos lugares do país crimes hediondos contra os gays estavam<br />
tornando-se uma epi<strong>de</strong>mia.<br />
" Mel teve uma semana difícil. Um comentarista <strong>de</strong> rádio local havia feito algumas ameaças veladas contra ele e,<br />
à noite, carros cercavam o acampamento, buzinando para mantê-lo acordado.<br />
—Um repórter está tentando reunir-nos todos <strong>de</strong> uma só vez — Mel me disse ao telefone. —Ele convidou os<br />
linhas-duras do ACT UP e algumas ministras lésbicas da igreja MCC, além <strong>de</strong> executivos <strong>de</strong> organizações como<br />
"Focus on the Family" e "Navigators". Não sei o que vai acontecer. Estou faminto, exausto e com medo. Preciso<br />
<strong>de</strong> você lá.<br />
Então eu fui. Mel é a única pessoa que eu conheço que po<strong>de</strong>ria convocar uma reunião <strong>de</strong>ssas. Gente da direita<br />
e da esquerda sentaram-se na mesma sala, com uma tensão palpável suspensa no ar. Lembro-me <strong>de</strong> muitas coisas<br />
que aconteceram naquela noite, mas uma acima <strong>de</strong> todas. Quando Mel me pediu para me manifestar a respeito <strong>de</strong><br />
alguns dos assuntos, apresentou-me como seu amigo e contou um pouco <strong>de</strong> nossa história comum. Terminou<br />
dizendo: — Não sei como Philip se sente a respeito <strong>de</strong> cada aspecto da questão do homossexualismo e, para dizer<br />
a verda<strong>de</strong>, tenho medo <strong>de</strong> perguntar. Mas sei como ele se sente a meu respeito — ele me ama.<br />
Minha amiza<strong>de</strong> com Mel havia-me ensinado muito a respeito da graça. Superficialmente, a palavra po<strong>de</strong><br />
parecer uma expressão estereotipada pela tolerância obscura do liberalismo: po<strong>de</strong>mos todos apenas conviver<br />
juntos? Mas a graça é diferente. Retroce<strong>de</strong>ndo às suas raízes teológicas, ela inclui um elemento <strong>de</strong> auto-sacrifício,<br />
um preço.<br />
Eu havia visto Mel <strong>de</strong>monstrar um espírito gracioso muitas vezes para com os cristãos que o vilipendiavam.<br />
Uma vez pedi para ver um lote <strong>de</strong> correspondências que ele recebeu <strong>de</strong> cristãos e mal agüentei ler as cartas. As<br />
páginas estavam contaminadas pelo ódio. Em nome <strong>de</strong> Deus, os remetentes diziam maldições, profanida<strong>de</strong>s e<br />
ameaças. Eu quis protestar: "Espere um pouco, Mel é meu amigo. Vocês não o conhecem". Mas, para os<br />
signatários das cartas, Mel era um rótulo — pervertido! — e não uma pessoa. Conhecendo Mel, eu compreendia<br />
melhor os perigos que Jesus discutiu tão incisivamente no Sermão do Monte: com que rapi<strong>de</strong>z nós acusamos os<br />
outros <strong>de</strong> homicidas e passamos por cima <strong>de</strong> nossa própria ira, ou <strong>de</strong> adúlteros e ignoramos nossa própria luxúria.<br />
A graça morre quando ela nos coloca uns contra os outros.<br />
Também li algumas das cartas que Mel recebeu em resposta ao seu livro Stranger at the Gate [Estranho no<br />
portão]. Muitas vieram <strong>de</strong> gays e simplesmente contavam uma história. Como Mel, muitos dos signatários das<br />
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