Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo
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cartas tentaram o suicídio. Como Mel, muitos experimentaram apenas rejeição por parte da igreja. Oitenta mil<br />
livros foram vendidos, quarenta e um mil leitores escreveram — isso não significava nada a respeito da fome <strong>de</strong><br />
graça na comunida<strong>de</strong> homossexual?<br />
Testemunhei Mel tentando iniciar uma nova carreira. Ele per<strong>de</strong>u todos os seus clientes anteriores, seus<br />
vencimentos caíram vertiginosamente, tendo <strong>de</strong> se mudar <strong>de</strong> uma casa luxuosa para um pequeno apartamento.<br />
Como Ministro da Justiça da <strong>de</strong>nominação MCC, ele passa agora gran<strong>de</strong> parte do seu tempo falando a pequenos<br />
grupos <strong>de</strong> homens e mulheres gays, grupos que, para falar com <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, não fazem nada para alimentar o ego<br />
do orador.<br />
Toda a noção <strong>de</strong> uma "igreja gay" me parece bizarra. Conheço homossexuais celibatários, não-praticantes, que<br />
<strong>de</strong>sejam <strong>de</strong>sespera-damente que outra igreja os aceite, mas não encontraram nenhuma. Sinto-me triste porque as<br />
igrejas que freqüento estão per<strong>de</strong>ndo os dons espirituais <strong>de</strong>sses cristãos, e triste também porque a <strong>de</strong>nominação<br />
MCC me parece muito presa a questões sexuais.<br />
Mel e eu temos diferenças profundas. Não posso apoiar muitas das <strong>de</strong>cisões que ele tomou. — Um dia nós dois<br />
vamos enfrentar-nos um <strong>de</strong> cada lado dos piquetes — ele profetizou há alguns anos. — O que vai acontecer à<br />
nossa amiza<strong>de</strong>?<br />
Em virtu<strong>de</strong> disso, lembro-me <strong>de</strong> um difícil confronto na cafeteria do "Hotel Red Lion", exatamente quando<br />
voltei da Rússia. Eu estava exultante com as novida<strong>de</strong>s da queda do comunismo, da nova abertura para <strong>Cristo</strong> em<br />
quase um terço do mundo, das incríveis palavras que havia ouvido diretamente dos lábios <strong>de</strong> Gorbachev e da<br />
KGB. Parecia um momento raro <strong>de</strong> graça em um século que conhecia tão pouco <strong>de</strong>la.<br />
Mel, entretanto, tinha uma agenda totalmente diferente. —Você po<strong>de</strong>ria apoiar minha or<strong>de</strong>nação? — ele<br />
perguntou. Naquele tempo, o homossexualismo, para não dizer a sexualida<strong>de</strong>, estava fora <strong>de</strong> cogitação para mim.<br />
Estava pensando na queda do marxismo, no fim da Guerra Fria, na emancipação do Gulag.<br />
—Não — respondi a Mel <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pensar um pouco. —Com base em sua história e no que leio nas Epístolas,<br />
não acho que você se qualifique. Se eu votasse no concilio <strong>de</strong> sua or<strong>de</strong>nação, votaria contra.<br />
Levou meses para a nossa amiza<strong>de</strong> recuperar-se <strong>de</strong>ssa conversa. Eu havia respondido honestamente, <strong>de</strong><br />
improviso, mas para Mel pareceu uma rejeição direta e pessoal. Tentei colocar-me em seu lugar, compreen<strong>de</strong>r<br />
como seria ser como ele e continuar tendo amiza<strong>de</strong> com uma pessoa que escreve para a revista Christianity Today<br />
e que representa a instituição religiosa que lhe provocou tanto sofrimento. Como seria fácil para ele ro<strong>de</strong>ar-se <strong>de</strong><br />
pessoas iguais a ele para apoiá-lo.<br />
Francamente, creio que nossa amiza<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> muito mais graça da parte <strong>de</strong> Mel do que da minha.<br />
Posso prever o tipo <strong>de</strong> cartas que vou receber em reação a esta história. O homossexualismo é um assunto tão<br />
controvertido que <strong>de</strong>sperta reações apaixonadas <strong>de</strong> ambos os lados. Os conservadores vão surrar-me por alimentar<br />
um pecador, e os liberais vão atacar-me porque não endosso sua posição. Repito, não estou discutindo meu ponto<br />
<strong>de</strong> vista a respeito do comportamento homossexual, apenas minhas atitu<strong>de</strong>s para com os homossexuais. Usei o<br />
exemplo do meu relacionamento com Mel White — <strong>de</strong>liberadamente evitando algumas das questões — porque<br />
para mim tem sido uma prova intensa e contínua a respeito <strong>de</strong> como a graça me convida a tratar pessoas<br />
"diferentes".<br />
Tais diferenças profundas, seja qual for a área, formam um bocadinho <strong>de</strong> graça. Alguns têm <strong>de</strong> lutar corpo a<br />
corpo contra os fundamentalistas que os feriram no passado. Will Campbell assumiu a tarefa <strong>de</strong> reconciliar-se<br />
com os caipiras e com os membros da Klan. Outros ainda lutam com a arrogância e a estreiteza <strong>de</strong> mente dos<br />
liberais "politicamente corretos". Os brancos <strong>de</strong>vem lidar com sua diferença com os afro-americanos, e viceversa.<br />
Os negros das cida<strong>de</strong>s também precisam resolver relacionamentos complicados com os ju<strong>de</strong>us e os<br />
coreanos.<br />
Um assunto como o homossexualismo representa uma questão importante porque a diferença centraliza-se<br />
sobre uma questão moral, e não transcultural. Através da história, a igreja tem consi<strong>de</strong>rado unanimemente o<br />
comportamento homossexual como um pecado sério. Então, a questão vem a ser: "Como <strong>de</strong>vemos tratar os<br />
pecadores?".<br />
Penso nas mudanças que ocorreram <strong>de</strong>ntro da igreja evangélica durante minha vida sobre a questão do<br />
divórcio, um assunto a respeito do qual Jesus é absolutamente claro. Contudo, hoje uma pessoa divorciada não é<br />
evitada, banida das igrejas, cuspida ou ofendida. Mesmo os que consi<strong>de</strong>ram o divórcio um pecado tiveram <strong>de</strong><br />
aceitar os pecadores e tratá-los com civilida<strong>de</strong> e até amor. Outros pecados a respeito dos quais a Bíblia também é<br />
clara — avareza, por exemplo — não parecem apresentar nenhuma barreira. Apren<strong>de</strong>mos a aceitar a pessoa sem<br />
aprovar o seu comportamento.<br />
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