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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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com vocês, cristãos, a respeito do perdão. Não vejo outro caminho para solucionar alguns dos conflitos. Mas<br />

ainda acho muito injusto perdoar injustiças. Fico presa entre o perdão e a justiça".<br />

Lembrei-me <strong>de</strong>sse fim <strong>de</strong> semana quando li as palavras <strong>de</strong> Helmut Thielicke, 13 um alemão que viveu os<br />

horrores do nazismo:<br />

Essa questão <strong>de</strong> perdoar não é <strong>de</strong> maneira nenhuma uma coisa simples... Nós dizemos: "Muito bem, se o<br />

outro se arrepen<strong>de</strong>r e pedir o meu perdão, eu lhe perdoarei, eu <strong>de</strong>sistirei". Fazemos do perdão uma lei <strong>de</strong><br />

reciprocida<strong>de</strong>. E isso não funciona nunca. Pois, então, ambos dizemos a nós mesmos: "O outro tem <strong>de</strong> tomar a<br />

iniciativa".<br />

Daí, fico observando como um gavião para ver se o outro vai sinalizar-me com os olhos ou se posso <strong>de</strong>tectar<br />

alguma pequena indicação entre as linhas <strong>de</strong> sua carta que <strong>de</strong>monstre que está arrependido. Eu estou sempre<br />

pronto a perdoar... mas nunca perdôo. Eu sou justo <strong>de</strong>mais.<br />

O único remédio, Thielicke concluiu, era a percepção <strong>de</strong> que Deus havia perdoado os seus pecados e lhe dado<br />

outra oportunida<strong>de</strong> — a lição da parábola do servo que não perdoou. Quebrar o ciclo da não-graça significa<br />

tomara iniciativa. Em vez <strong>de</strong> esperar que o seu próximo faça o primeiro movimento, Thielicke teve <strong>de</strong> fazer isso,<br />

<strong>de</strong>safiando a lei natural da retribuição e da justiça. Ele o fez apenas quando percebeu que a iniciativa <strong>de</strong> Deus<br />

estava no coração do evangelho que ele estivera pregando, mas não praticando.<br />

No centro das parábolas <strong>de</strong> Jesus a respeito da graça está um Deus que toma a iniciativa em nossa direção: um<br />

pai doente <strong>de</strong> amor que corre para se encontrar com o filho pródigo, um senhor que cancela uma dívida gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mais para o servo reembolsar, um empregador que paga aos trabalhadores da décima primeira hora o mesmo<br />

que pagou ao pessoal da primeira hora, um anfitrião que sai pelas estradas e caminhos à procura <strong>de</strong> convidados<br />

que não merecem o banquete.<br />

Deus <strong>de</strong>spedaçou a inexorável lei do pecado e da retribuição invadindo a terra com o seu amor. Ao observar o<br />

pior que tínhamos para oferecer, enviou-nos Jesus, o seu próprio Filho. E, mediante a crucificação <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, fez<br />

então <strong>de</strong>sse ato cruel o remédio para a condição humana. O Calvário <strong>de</strong>sfez o impedimento entre a justiça e o<br />

perdão. Aceitando sobre o seu ser inocente todas as severas exigências da justiça, Jesus quebrou para sempre a<br />

corrente da não-graça.<br />

Assim como Helmut Thielicke, com <strong>de</strong>masiada freqüência eu escorrego <strong>de</strong> volta para uma luta olho-por-olho<strong>de</strong>nte-por-<strong>de</strong>nte<br />

que fecha com força a porta do perdão. Por que eu teria <strong>de</strong> dar o primeiro passo? Fui ofendido.<br />

Por isso não me mexo e, por causa <strong>de</strong>ssa minha posição, aparecem rachaduras nos meus relacionamentos que,<br />

pouco a pouco, se alargam. Com o tempo, essas rachaduras transformam-se em um abismo que parece impossível<br />

<strong>de</strong> transpor. Fico triste, mas raramente aceito a culpa. Pelo contrário, justifico-me e <strong>de</strong>staco os pequenos gestos<br />

que fiz para a reconciliação. Mantenho uma contabilida<strong>de</strong> mental daquelas tentativas para me <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r se for<br />

acusado daquela brecha. Fujo do risco da graça para a segurança da não-graça.<br />

Henri Nouwen, 14 que <strong>de</strong>fine o perdão como "amor praticado entre pessoas que amam <strong>de</strong>feituosamente",<br />

<strong>de</strong>screve como o processo do perdão funciona:<br />

Digo com freqüência: "Eu perdôo você". Mas, mesmo quando digo essas palavras, meu coração continua<br />

zangado ou ressentido. Ainda quero ouvir a história que me diz que eu estava certo, afinal <strong>de</strong> contas; ainda<br />

quero ouvir pedidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas e justificativas; ainda quero ter a satisfação <strong>de</strong> receber algum louvor em troca<br />

— pelo menos o louvor <strong>de</strong> ser tão perdoador!<br />

O perdão <strong>de</strong> Deus, contudo, é incondicional; ele vem <strong>de</strong> um coração que não exige nada para si mesmo, um<br />

coração que está completamente vazio <strong>de</strong> interesses próprios. É o perdão divino que tenho <strong>de</strong> praticar em<br />

minha vida diária. Ele me convoca para continuar passando por cima <strong>de</strong> todos os meus argumentos que dizem<br />

que o perdão é loucura, doentio e impraticável. Ele me <strong>de</strong>safia a passar por cima <strong>de</strong> toda a minha necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gratidão e elogios. Finalmente, ele exige <strong>de</strong> mim que eu passe por cima daquela parte ferida do meu coração<br />

que se sente machucada e maltratada e que <strong>de</strong>seja ficar no controle e colocar algumas condições entre mim e<br />

a pessoa a qual sou solicitado a perdoar.<br />

Um dia <strong>de</strong>scobri estas advertências do apóstolo Paulo aninhada entre muitas outras em Romanos 12. Aborrecei<br />

o mal, alegrai-vos, se<strong>de</strong> unânimes, não sejais sábios em vós mesmos — e a lista prossegue. Então aparece este<br />

versículo: "Não vos vingueis 15 a vós mesmos, amados, mas dai lugar a ira, pois está escrito: Minha é a vingança;<br />

eu retribuirei, diz o Senhor".<br />

Finalmente, entendi: em última análise, o perdão é um ato <strong>de</strong> fé. Perdoando outra pessoa, estou confiando que<br />

Deus é um juiz melhor do que eu. Perdoando, abandono meus próprios direitos <strong>de</strong> me vingar e <strong>de</strong>ixo toda a<br />

questão da justiça nas mãos divinas. Deixo nas mãos <strong>de</strong> Deus a balança que <strong>de</strong>ve pesar a justiça e a misericórdia.<br />

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