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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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arar nem colher para merecê-las; on<strong>de</strong> flores silvestres explo<strong>de</strong>m sobre as encostas rochosas das montanhas sem<br />

serem cultivadas. Como um visitante <strong>de</strong> um país estrangeiro que percebe o que os nativos não percebem, Jesus<br />

viu a graça por toda parte. Mas Ele nunca analisou nem <strong>de</strong>finiu a graça, e quase nunca usou essa palavra. Em vez<br />

disso, transmitiu graça por meio <strong>de</strong> histórias que nós conhecemos como parábolas — que tomarei a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transportar para um cenário mo<strong>de</strong>rno.<br />

Um vagabundo mora perto do Mercado <strong>de</strong> Peixes Fulton, na parte inferior ao leste <strong>de</strong> Manhattan. O cheiro<br />

repugnante das carcaças e entranhas dos peixes quase o esmaga, e ele o<strong>de</strong>ia os caminhões barulhentos que<br />

chegam antes do nascer do sol. Mas a cida<strong>de</strong> fica apinhada <strong>de</strong> gente, e os policiais o atrapalham quando ele vai<br />

para lã. No cais ninguém se importa com um homem grisalho que cuida <strong>de</strong> si mesmo e dorme em uma doca por<br />

trás <strong>de</strong> um vagão basculante.<br />

Bem cedo, quando os trabalhadores estão <strong>de</strong>scarregando enguias e linguados dos caminhões, gritando entre si<br />

em italiano, o vagabundo se levanta e se esgueira pelos vagões até os fundos dos restaurantes para turistas.<br />

Começar cedo é garantia <strong>de</strong> bom lucro: um pão <strong>de</strong> alho amanhecido intacto e batatas fritas, uma pizza que só foi<br />

beliscada, uma fatia <strong>de</strong> cheesecake. Come o que consegue engolir e guarda o resto em um saco <strong>de</strong> papel pardo. As<br />

garrafas e latas ele as enfurna em sacos plásticos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu carrinho <strong>de</strong> compras enferrujado.<br />

O sol pálido da manhã finalmente sobe sobre os edifícios do cais, através da neblina do porto. Quando ele vê o<br />

bilhete da loteria da semana passada em cima <strong>de</strong> uma pilha <strong>de</strong> alface murcha, quase o <strong>de</strong>ixa ficar. Mas, pela força<br />

do hábito, ele o pega e enfia no bolso. Antigamente, quando tinha mais sorte, costumava comprar um bilhete por<br />

semana, nunca mais <strong>de</strong> um. Já passa do meio-dia quando se lembra do canhoto do bilhete e vai à banca <strong>de</strong> jornais<br />

comparar os números. Três números combinam, o quarto, o quinto — todos os sete! Não po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>. Coisas<br />

assim não acontecem com ele. Vagabundos não ganham na Loteria <strong>de</strong> Nova York.<br />

Mas é verda<strong>de</strong>. Mais tar<strong>de</strong>, naquele dia, ele está piscando diante das luzes fortes enquanto o pessoal da<br />

televisão apresenta o mais novo personagem da mídia, o vagabundo barbudo, maltrapilho, que vai receber<br />

243.000 dólares por ano nos próximos vinte anos. Uma mulher <strong>de</strong> aparência elegante, usando uma minissaia <strong>de</strong><br />

couro, saco<strong>de</strong> um microfone no seu rosto e pergunta: "Como você se sente?". Ele olha em volta espantado, e capta<br />

um leve cheiro do perfume <strong>de</strong>la. Há muito tempo, há muito tempo mesmo, que ninguém mais lhe fazia essa<br />

pergunta.<br />

Ele se sente como um homem que esteve quase morrendo <strong>de</strong> fome e voltou à vida, e está começando a<br />

imaginar que nunca mais vai sentir fome.<br />

Um empresário em Los Angeles <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> ganhar dinheiro arriscando em turismo. Nem todos os americanos<br />

dormem em hospedadas nem comem no McDonald's quando viajam para o estrangeiro; alguns preferem <strong>de</strong>sviarse<br />

dos caminhos conhecidos. O empresário tem a idéia <strong>de</strong> patrocinar o turismo nas Sete Maravilhas do Mundo<br />

Antigo.<br />

A maioria das maravilhas antigas, ele <strong>de</strong>scobriu, não <strong>de</strong>ixou vestígios. Mas há um movimento em favor da<br />

restauração dos Jardins Suspensos da Babilônia e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitas andanças, o empresário conseguiu fretar um<br />

avião, um ônibus, reservar acomodações e contratar um guia que prometeu <strong>de</strong>ixar os turistas trabalhar junto com<br />

os arqueólogos profissionais. Exatamente a ativida<strong>de</strong> que os aventureiros amam. O empresário encomendou uma<br />

série dispendiosa <strong>de</strong> propagandas na TV e as lançou durante os torneios <strong>de</strong> golfe, quando os turistas endinheirados<br />

os estarão acompanhando.<br />

Para financiar seu sonho, o empresário conseguiu um empréstimo <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> um capitalista<br />

especulador, calculando que <strong>de</strong>pois da quarta viagem po<strong>de</strong>ria cobrir as <strong>de</strong>spesas da operação e começar a pagar o<br />

empréstimo.<br />

Uma coisa, entretanto, ele não calculou: duas semanas antes <strong>de</strong> sua viagem inaugural, Saddam Hussein invadiu<br />

o Kuwait e o governo americano proibiu qualquer viagem ao Iraque, on<strong>de</strong> estão localizados os antigos Jardins<br />

Suspensos da Babilônia.<br />

Ele agonizou por três semanas sem saber como dar a notícia ao capitalista especulador. Visitou bancos e não<br />

chegou a nenhuma conclusão. Pensou em hipotecar a própria casa, o que lhe garantiria apenas duzentos mil<br />

dólares, um quinto do que precisava. Finalmente, elaborou um plano comprometendo-se a pagar cinco mil dólares<br />

por mês durante o restante <strong>de</strong> sua vida. Redige um contrato e, enquanto o faz, a loucura se torna óbvia. Cinco mil<br />

dólares por mês não pagariam nem os juros do empréstimo que fizera. Além disso, on<strong>de</strong> iria arranjar cinco mil<br />

dólares todo mês? Mas a alternativa, a falência, arruinaria o seu crédito. Ele foi ao escritório do seu financiador na<br />

Rua da Desgraça; nervoso, gaguejou um pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas, e então apresentou sua ridícula proposta <strong>de</strong><br />

pagamentos mensais. Estava molhado <strong>de</strong> suor, apesar do ar-condicionado do escritório.<br />

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