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Maravilhosa Graça - Noiva de Cristo

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Ama<strong>de</strong>us Mozart.<br />

Enquanto eu assistia à peça, percebi que via o lado irreverente <strong>de</strong> um problema que há muito vinha me<br />

perturbando. A peça estava fazendo a mesma pergunta do livro bíblico <strong>de</strong> Jó, apenas invertida. O autor <strong>de</strong> Jó<br />

pergunta por que Deus "puniria" o mais justo homem na face da terra; o autor <strong>de</strong> Ama<strong>de</strong>us pergunta por que Deus<br />

"recompensaria" um pirralho que nada merecia. O problema do sofrimento encontra o seu par perfeito no<br />

escândalo da graça. Uma frase da peça expressa o escândalo: "Que utilida<strong>de</strong> tem o homem, afinal, se não ensinar<br />

suas lições a Deus?".<br />

Por que Deus escolheria Jacó, o enganador, em vez do respeitoso Esaú? Por que conferir po<strong>de</strong>res sobrenaturais<br />

<strong>de</strong> força a um <strong>de</strong>linqüente mozartiano chamado Sansão? Por que preparar um pastorzinho nanico, Davi, para ser o<br />

rei <strong>de</strong> Israel? E por que conferir um sublime dom <strong>de</strong> sabedoria a Salomão, o fruto da ligação adúltera <strong>de</strong>sse rei?<br />

Na verda<strong>de</strong>, em cada uma <strong>de</strong>ssas histórias do Antigo Testamento o escândalo da graça retumba sob a superfície<br />

até que, finalmente, nas parábolas <strong>de</strong> Jesus, ela explo<strong>de</strong> em uma dramática sublevação para reformar a paisagem<br />

moral.<br />

A parábola <strong>de</strong> Jesus dos trabalhadores e seus cheques <strong>de</strong> pagamento injustos mostra claramente este escândalo.<br />

Em uma versão judaico-contemporânea <strong>de</strong>sta história, os trabalhadores contratados à tar<strong>de</strong> trabalharam tanto que<br />

o empregador, impressionado, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> recompensá-los com o salário <strong>de</strong> todo um dia. Não foi assim na versão <strong>de</strong><br />

Jesus, que <strong>de</strong>staca que o último grupo <strong>de</strong> trabalhadores esteve negligentemente sem ativida<strong>de</strong> no mercado, coisa<br />

que apenas trabalhadores preguiçosos e incapazes po<strong>de</strong>riam estar fazendo durante a colheita. Mais ainda, esses<br />

folgados nada fizeram para se distinguir, e os outros trabalhadores ficaram chocados com o pagamento que<br />

receberam. Que empregador em seu juízo perfeito pagaria por uma hora <strong>de</strong> trabalho a mesma quantia que pagou<br />

por doze?<br />

A história <strong>de</strong> Jesus não faz sentido do ponto <strong>de</strong> vista econômico, e essa foi a sua intenção. Ele estava nos<br />

dando uma parábola a respeito da graça, que não po<strong>de</strong> ser calculada como o salário <strong>de</strong> um dia. A graça não trata<br />

<strong>de</strong> acabar primeiro ou <strong>de</strong>pois; trata <strong>de</strong> não levar em conta. Recebemos a graça como um dom <strong>de</strong> Deus, e não por<br />

alguma coisa que tenhamos dado duro para ganhar, um ponto que Jesus tornou claro na resposta do empregador:<br />

Amigo, não te faço injustiça. 5 Não combinaste comigo um <strong>de</strong>nário? Toma o que é teu, e retira-te. Eu quero<br />

dar a este último tanto quanto a ti. Não tenho o direito <strong>de</strong> fazer o que quiser com o que é meu? Ou é mau o teu<br />

olho porque eu sou bom?<br />

Salieri, você está com inveja porque sou tão generoso com Mozart? Saul, você está com inveja porque sou tão<br />

generoso com Davi? Fariseus, vocês estão com inveja porque abro o portão para os gentios entrarem no jogo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> começado?Porque honro a oração do cobrador <strong>de</strong> impostos mais do que a do fariseu, porque aceito a<br />

confissão <strong>de</strong> última hora <strong>de</strong> um ladrão e lhe dou as boas-vindas no Paraíso — isso lhes causa inveja? Vocês<br />

reclamam porque <strong>de</strong>ixo as ovelhas obedientes para buscar a perdida ou porque sirvo um bezerro cevado ao<br />

pródigo que não merece?<br />

O empregador na história <strong>de</strong> Jesus não enganou os trabalhadores diaristas pagando a todos o equivalente a<br />

uma hora <strong>de</strong> trabalho em vez <strong>de</strong> doze. Não, os trabalhadores diaristas receberam o que fora prometido. Seu<br />

<strong>de</strong>scontentamento surgiu por causa da matemática escandalosa da graça. Eles não podiam aceitar que o<br />

empregador tivesse o direito <strong>de</strong> fazer o que queria com seu dinheiro, pagando aos folgados doze vezes o que<br />

mereciam.<br />

De maneira significativa, muitos cristãos que estudam esta parábola se i<strong>de</strong>ntificam com os empregados que<br />

trabalharam o dia todo, em vez dos adicionais no final do dia. Gostamos <strong>de</strong> nos consi<strong>de</strong>rar trabalhadores<br />

responsáveis, e o comportamento estranho do empregador nos <strong>de</strong>sconcerta como <strong>de</strong>sconcertou os ouvintes<br />

originais. Nós nos arriscamos a per<strong>de</strong>r o ponto principal da história: Deus conce<strong>de</strong> dons, e não salários. Nenhum<br />

<strong>de</strong> nós recebe pagamento <strong>de</strong> acordo com o mérito, pois não somos capazes <strong>de</strong> satisfazer as exigências <strong>de</strong> Deus<br />

para uma vida perfeita. Se fôssemos pagos com base na justiça, todos iríamos parar no inferno.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Robert Farrar Capon, "se o mundo pu<strong>de</strong>sse ter sido salvo por meio <strong>de</strong> uma boa contabilida<strong>de</strong>,<br />

teria sido salvo por Moisés, e não por Jesus". A graça não po<strong>de</strong> ser reduzida a princípios contábeis. Na base do<br />

reino da não-graça, alguns trabalhadores merecem mais do que outros; no reino da graça a palavra merecer nem<br />

mesmo se utiliza.<br />

Fre<strong>de</strong>rick Buechner 6 diz:<br />

As pessoas estão preparadas para tudo, exceto para o fato <strong>de</strong> que além das trevas <strong>de</strong> sua cegueira há uma<br />

gran<strong>de</strong> luz. Estão preparadas para continuar se extenuando, lavrando no mesmo antigo campo, até que voltem<br />

para casa sem ver, até tropeçarem nele, no tesouro que está enterrado nesse campo, suficiente para comprar o<br />

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