REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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A professora ao interromper a aluna, usando a palavra “sorry”, chama a<br />
atenção para o fato de não ter entendido algo que acabou de ser dito, ou seja, a<br />
interrupção serviu como uma pista, um pedido de revisão por parte da aluna, no que<br />
havia sido dito. A aluna revê sua fala, mas não há um sinal da professora para que a<br />
aluna continue, mas sim o silêncio, que é interpretado pela aluna como presença de<br />
erro: “Xi...falei besteira”. A partir da percepção de que há algo que precisa ser<br />
revisto, a aluna parece buscar na memória o conhecimento já existente, mas não é<br />
necessário dessa vez nenhuma interrupção ou sinal da professora, pois a aluna<br />
sozinha percebe que ainda há algo a ser aprimorado, eliminando assim o auxiliar<br />
“did”, realmente desnecessário na fala em questão, passando a utilizar apenas o<br />
verbo no passado. A professora então sinaliza que a aluna está correta ao falar:<br />
“That´s it!” e retoma o diálogo fazendo a pergunta “Where did you go?” ao que a<br />
aluna responde desta vez sem usar a preposição, também desnecessária na fala em<br />
questão: “Home. I went home”.<br />
É possível observar no excerto em questão, que a professora não corrige a<br />
aluna, mas atrai sua atenção (da aluna) para a própria fala, permitindo assim que a<br />
aluna verifique a existência de um erro e a necessidade de corrigi-lo. A professora<br />
também não dá a resposta, apenas afirma que está correto quando a aluna chega à<br />
conclusão, após sua própria análise (da aluna). Também podemos observar a<br />
presença da língua materna colaborando na construção do raciocínio da aluna, que<br />
tem a liberdade para expressar suas conclusões e sentimentos em língua materna,<br />
ou seja, a língua materna não é banida da sala de aula, mas utilizada para dar vazão<br />
ao sentimento da aluna.<br />
Segundo Morais (1992), quando os alunos são impedidos de utilizarem a<br />
língua-mãe, na aprendizagem de língua estrangeira, tira-se a voz do aluno o que, a<br />
meu ver, confere à situação um caráter extremamente autoritário, pois o aluno é<br />
impedido de fazer a escolha que achar mais conveniente e adequada ao momento.<br />
No excerto em questão, parece haver liberdade para que o aluno não apenas se<br />
expresse, mas reflita na língua materna sobre aquele erro. Há, portanto espaço para<br />
o erro e para a aprendizagem a partir do erro. A aluna constrói a sentença, utilizando<br />
os recursos de que dispõe, aceita a intervenção da professora, revê o que disse com<br />
o auxílio da língua materna e retoma a construção do diálogo em língua estrangeira.<br />
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