REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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“...num curso ...todos os alunos acabam sendo nivelados, então se é no<br />
básico todo mundo vai começar do zero. Se é do intermediário todo mundo vai<br />
começar daquele nível , independente se você tem habilidade em ouvir, ou<br />
mais habilidade de falar, você entendeu... ? (Entrevista 2)<br />
“Havia também o fato da sala ser absurdamente mista, numa sala de 10<br />
alunos, por exemplo: 2 ou 3 alunos sabiam mais que os outros, 2 ou 3 que<br />
estavam no nível certo da aula e o restante que não sabia nem o que era “Hi”.<br />
(diário 08/03/06)<br />
Os excertos nos apresentam a visão da aluna sobre a maneira como são<br />
tratados os conhecimentos dos alunos: uma homogeneização acerca dos saberes e<br />
a não consideração sobre as habilidades. Não aparecem dados sobre o<br />
estabelecimento de objetivos. Acredito serem fundamentais estes pontos, pois<br />
parecem ter contribuído para que Ana Paula se acostumasse a aceitar passivamente<br />
o que lhe era apresentado, pois de acordo com a aluna, ela foi “colocada” em um<br />
determinado “nível”: ela não cita sua participação e responsabilidades nem no<br />
processo de avaliação inicial e nem no curso que ela começava. O processo, por<br />
sua vez parece também não ter incluído a definição dos objetivos de Ana Paula.<br />
Penso que em momento algum tenha lhe sido feita a pergunta “Para quê você quer<br />
aprender inglês?”, o que talvez pudesse delinear um pouco melhor seus objetivos<br />
específicos, diminuindo a vagueza do objetivo definido por ela: “Eu quero aprender<br />
inglês.”<br />
Scaramucci (2000:13) propõe ainda que o uso do conceito de proficiência<br />
procure levar em conta a especificidade da situação de uso futuro da língua, em vez<br />
de uma proficiência “única, absoluta e monolítica”, ou seja, incluir o propósito da<br />
situação de uso. Assim, em vez de dizer que o aluno “é proficiente em inglês”,<br />
poderíamos incluir o propósito da situação de uso: “O aluno é proficiente para viver<br />
na Inglaterra”, ou “O aluno é proficiente para trabalhar no Brasil como guia turístico”,<br />
o que apresentaria um detalhamento da proficiência, especificando-a.<br />
Acredito que essa especificidade pudesse e possa contribuir com a definição<br />
dos próprios objetivos de Ana Paula, tanto no processo de avaliação que ela fazia de<br />
seu histórico de aprendizagem, como no próprio estabelecimento de objetivos,<br />
assunto que tratarei detalhadamente mais adiante.<br />
Estes fatos parecem ter criado um ciclo vicioso que, a meu ver, Ana Paula<br />
demonstrava querer romper, pois para ela, era um processo visivelmente cansativo.<br />
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