05.06.2013 Views

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como a aluna sente que seu conhecimento não é valorizado pelo professor<br />

e/ou pela escola, diante de temas já conhecidos fica a sensação de perda de tempo<br />

diante da repetição do conteúdo: “... Fiquei uma aula inteira... uma semana inteira.<br />

Uma aula inteira.”, o que a seu ver era totalmente desnecessário e dispensável: “Eu<br />

nem teria que passar por ele”.<br />

A atividade em questão parece não ter tido significado pessoal nenhum para a<br />

aluna. De acordo com Williams & Burden (1997:70) “qualquer atividade de<br />

aprendizagem deve ter valor ou significado pessoal para os aprendizes”.<br />

Um outro aspecto relativo a este trecho é a questão da obrigatoriedade,<br />

presente na situação, que aparentemente passa despercebida. Segundo a aluna, os<br />

alunos “tinham” que decorar os dias da semana, ou seja, parece existir a<br />

obrigatoriedade de aprender aquela lição ou aquele componente. E segundo ela, ela<br />

não “teria que passar por ele”. De acordo com sua fala, os alunos eram obrigados a<br />

decorar a lição.<br />

A atividade de decorar a lição parece ter por objetivo a reprodução do<br />

conteúdo explicitado na lição, mas não leva em conta o propósito da atividade em<br />

questão, ou seja, é uma característica típica presente no paradigma da transmissão<br />

de conhecimentos, em que o behaviorismo possui supremacia. Williams & Burden<br />

(1997) afirmam que na visão behaviorista de ensino, cabe aos professores o<br />

desenvolvimento de bons hábitos, o que é feito por meio de memorização, repetição<br />

em coro e atividades com estruturas.<br />

A aluna afirma que aquela atividade não era necessária para ela, mas ela fica<br />

na aula. A aluna poderia sugerir ao professor uma outra atividade para ela, mas não<br />

o fez. Entendo seu silêncio como uma “resistência passiva” (Kumaravadivelu, 1999),<br />

uma maneira de demonstrar como as atividades de sala de aula estão<br />

descontextualizadas, ou seja, não vão ao encontro dos sentimentos e das<br />

expectativas dos aprendizes, ao que eles acreditam ser ou não importante.<br />

Uma outra questão é representada pelas palavras de Ana Paula: “os alunos<br />

todos tinham que decorar.” Verifica-se, portanto, a relação com a obrigatoriedade, e<br />

esta, por sua vez, liga-se à imposição, o que a meu ver, atribui à situação um caráter<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!