REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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(1934/1998) chamava de instrumentos e signos. O diário parece ter sido o<br />
instrumento capaz de promover a reflexão, e esta, por sua vez é um signo, ou um<br />
“instrumento psicológico”, como Vygotsky também chamava os signos. O diário foi<br />
um instrumento que ajudava a concretizar a ação da reflexão, enquanto que a<br />
reflexão é um signo (instrumento psicológico) capaz de contribuir com o processo<br />
psicológico da aluna. Os escritos no diário de aprendizagem são signos:<br />
interpretáveis como representações da realidade da aluna.<br />
O compromisso e o papel da aluna em seu processo de ensinoaprendizagem,<br />
também podem ser retomados e verificados no próximo excerto,<br />
retirado de seu diário:<br />
“Eu sinto que amadureci como aluna de inglês, pois finalmente entendi que<br />
preciso estudar e me dedicar muito para conseguir aprender. Já venci<br />
muitos obstáculos como o medo, a vergonha e o pensamento negativo de<br />
que nunca iria aprender. Mas ainda tenho um longo caminho a percorrer e<br />
será muito bom, tenho certeza.” (diário 31/01/06)<br />
O processo de amadurecimento é um processo de transformação. Neste caso<br />
específico, conforme apresentado no excerto, acredito que a mudança tenha<br />
acontecido para melhorar não apenas a condição de aprendizagem da aluna, mas a<br />
maneira de se lidar com os sentimentos que antes eram motivo de frustração. Ana<br />
Paula afirma ter amadurecido, portanto ter se transformado, pois entendeu que sua<br />
dedicação é necessária no processo de ensino-aprendizagem. Há o uso da palavra<br />
“finalmente”, o que indica a existência de um processo demorado, o que de fato<br />
verificou-se nas seções anteriores. A aluna reconhece sua ação e sua atuação no<br />
processo vivido, o que é demonstrado pelo uso das escolhas lexicais: “amadureci<br />
/entendi / venci”. Amadurecer, entender e vencer são acontecimentos que só<br />
poderiam ser vividos por ela. Poderia contar com a ajuda de outros fatores e<br />
pessoas, como a professora que vive o processo com ela, mas os acontecimentos<br />
destacados só poderiam ser de sua autoria, que também reconhece que “tem um<br />
caminho pela frente”. Ana Paula, por meio de uma metáfora, compara o processo de<br />
ensino-aprendizagem a um caminho; pode-se entender que sua visão (da aluna)<br />
acerca do processo de ensino-aprendizagem é de algo ainda inacabado e longo e<br />
que pertence a ela, demonstrado pelo uso da palavra “tenho”. O sentimento negativo<br />
em relação à aprendizagem parece ter sido substituído por um sentimento de<br />
otimismo em relação ao futuro: “será muito bom”. Se Ana Paula entende que o<br />
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