REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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próprios alunos. É interessante também observar que a ela não é atribuída nenhuma<br />
responsabilidade: ela não aparece como participante do processo, apenas como<br />
vítima, como receptáculo de um conteúdo que será transmitido. A atitude (passiva)<br />
da aluna em um paradigma de ensino que tem como foco a transmissão de<br />
conhecimentos a leva a não assumir a responsabilidade que lhe cabe no processo.<br />
As diferenças de que Ana Paula fala parecem se referir à proficiência dos<br />
alunos em uma mesma sala de aula, que ela chama de “níveis”, ou seja, o professor,<br />
por ter que lidar com diferentes status de proficiência, é uma vítima tanto quanto ela,<br />
embora seja autor do ato de transmissão, o que, segundo Magalhães (2006) não o<br />
exime de sua responsabilidade: “O professor é uma vítima. Tanto quanto o aluno,<br />
mas isso não diminui sua responsabilidade” (anotações de aula, 2006).<br />
Ana Paula coloca-se como conhecedora de uma história cujo fim parece ser<br />
por ela bastante conhecido e vivenciado várias vezes: ‘a história é sempre a<br />
mesma’. Diante de tal afirmação, temos a constatação da repetição desse processo<br />
e não um evento isolado em sua experiência de aprendizagem de língua inglesa,<br />
que é enfatizado no discurso: “Agora repete, fica aí repetindo.” E essa repetição<br />
provavelmente gerava o cansaço a que ela se referia: “Eu tô cansada”.<br />
Conforme relata Scaramucci (2000), a avaliação de proficiência nem sempre<br />
é conduzida de forma adequada, comprometendo muitas vezes os resultados, o que<br />
se deve em grande parte pela natureza ampla do termo “proficiência”. Para a autora,<br />
um dos problemas que subjaz a essa questão - e que considero pertinente à<br />
experiência de Ana Paula – é a indeterminação conceitual do que é saber ou<br />
dominar uma língua. A definição de objetivos e metas pode ser uma das<br />
possibilidades de abrangência para o termo proficiência segundo Scaramucci<br />
(2000). Concordo com a autora quando diz que não se poderia pensar na<br />
implementação de um programa de ensino, de avaliação de abordagens ou<br />
metodologias, sem uma observação quanto aos níveis iniciais e finais da proficiência<br />
dos participantes e o que se espera deles em termos de contribuições.<br />
Segundo Ana Paula, os conhecimentos de cada um dos alunos da turma,<br />
suas experiências e suas habilidades eram considerados de maneira uniforme,<br />
vistos como se fossem todos iguais, sem que houvesse diferença entre eles:<br />
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