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REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

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Assim, acredito poder afirmar com segurança que ela procurasse na aula particular,<br />

uma alternativa ao que havia vivido: procurava não mais uma instituição formal de<br />

ensino de idiomas, não uma escola, que a classificasse em determinado “nível”, mas<br />

a pessoa do professor que talvez pudesse conhecer melhor suas necessidades.<br />

O segundo aspecto que gostaria de abordar diz respeito às experiências<br />

vividas por Ana Paula que influenciaram a maneira como ela passou a se ver.<br />

Ela traz no próximo recorte da entrevista a representação sobre seus<br />

sentimentos em relação a si mesma:<br />

Nesse monte de curso que eu fiz, eu fui fazendo esse monte de tentativa, isso<br />

vai deixando a gente mal, isso vai te deixando...você vai fazendo e não vai<br />

aprendendo, isso mexe, sabe? Poxa! Acho que eu não tenho capacidade para<br />

falar inglês, eu nunca vou falar inglês, entendeu ...? Então isso te dá uma<br />

baixa, sabe... derruba tua auto-estima, você fala: eu não consegui! Você ta<br />

no meio de aluno, sempre tem um mais ou menos, tem um bem, mas você não<br />

fala. (entrevista 1)<br />

Em “nesse monte de curso... / esse monte de tentativa” Ana Paula parece se<br />

referir a uma sucessão de tentativas em que “você vai fazendo e não vai<br />

aprendendo”, o que acredito possivelmente tenha lhe causado frustração. Não fica<br />

claro o que ela gostaria de aprender ou qual era o propósito determinado por ela ou<br />

por outrem. No entanto, parece estar claro que, para ela, aprender inglês estava<br />

ligado à oralidade: “eu não tenho capacidade para falar inglês, eu nunca vou falar<br />

inglês...” (grifo meu).<br />

Além da ênfase na oralidade, outro aspecto que surge é a descrença a<br />

respeito da própria capacidade de aprender o idioma, o que é explicitado por “eu não<br />

tenho capacidade... eu nunca vou falar...”. Este aspecto surge após as tentativas<br />

realizadas. Uma das possíveis questões relativas a esse assunto, e que está<br />

intimamente ligada à questão dos objetivos, é a verificação, ou a falta dela, do que é<br />

ou não possível e desejado para ser aprendido.<br />

O fato de estar no meio de alunos e reconhecer que há diversidade na<br />

situação de aprendizagem, não parece ser um estímulo à participação, pelo<br />

contrário, indica a existência de um (pelo menos um) fator excludente, que é<br />

explicitado pela palavra “mas”: “Você ta no meio de aluno, sempre tem um mais ou<br />

menos, tem um bem, mas você não fala.” Tal revelação me faz inferir que há uma<br />

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