REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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esponder o questionário, mas fez questão de comentar cada uma das perguntas<br />
transformando o momento em uma entrevista. Registrei esse momento por meio de<br />
gravação em fitas de áudio, devido a sua riqueza e importância.<br />
Uma das perguntas desse questionário foi “Você apresenta, em sua opinião,<br />
alguma dificuldade para a aprendizagem de inglês?”. Ela pensou um pouco e<br />
respondeu “Não. Não tenho dificuldade nenhuma.” Mas, ao ler as opções relativas à<br />
alternativa “sim”, ela disse, “Não, não! Tenho sim. Pra falar!” Essa situação me<br />
intrigou bastante, visto que ela realmente havia estudado vários anos, dentro e fora<br />
da escola regular e conseguia - na entrevista - responder apenas perguntas<br />
referentes a ações e situações do cotidiano, todas elas usando o Presente Simples.<br />
Era como se não existissem outros tempos verbais. Insisti então na pergunta, a fim<br />
de entender a maneira como ela se via: uma pessoa com ou sem dificuldade para<br />
aprender inglês. Ela então me explicou que entendia muitas coisas, mas que não<br />
conseguia falar inglês. Segundo ela, “é como se existisse um bloqueio” que a<br />
impedisse de se expor oralmente. Insisti mais uma vez na pergunta e ela me<br />
respondeu que não achava que tivesse uma dificuldade maior, mas que era<br />
necessário fazer um bom trabalho, em suas palavras: “um trabalho legal”.<br />
Assim, iniciamos nossas aulas utilizando o livro já citado, seguindo a<br />
seqüência apresentada. Eu verificava os tópicos de gramática que o livro abordava<br />
em determinada unidade e pedia à aluna para fazer as atividades referentes àquele<br />
tópico gramatical no livro de gramática. Verificava também, durante as aulas, os<br />
erros cometidos pela aluna em termos de gramática e pedia a ela que fizesse os<br />
exercícios de gramática que trabalhavam aquele aspecto. Em dado momento,<br />
percebi que as aulas focalizavam demais a gramática e que todo o trabalho que eu<br />
havia feito com o intuito de conhecer a aluna e seus objetivos não estava sendo<br />
utilizado, estando, portanto até aquele momento, invalidado. Percebi também que a<br />
aluna já conseguia entabular uma conversa razoavelmente, inclusive em termos<br />
gramaticais, mas que tinha dificuldade para completar os exercícios do livro, que<br />
consideravam apenas uma resposta como certa. Desgostosa com os resultados<br />
pus-me a folhear o livro didático e então observei que o material explorava muito a<br />
questão do tempo presente em detrimento de outros tempos verbais, inclusive o<br />
passado. Assim, pude entender por que a aluna utilizava tanto o tempo presente,<br />
como se os outros tempos não existissem. Não sei que outros materiais haviam sido<br />
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